terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Transportes: transformando cidades, transformando vidas


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ônibus
Bem planejados, os transportes públicos podem transformar cidades e modos de vidas. Estudos do Banco Mundial mostram que além de vantagens econômicas e da otimização do espaço urbano, o transporte coletivo faz bem para o ser humano.
Transportes públicos transformando cidades, transformando vidas
Estudo do Banco Mundial mostra que os municípios que melhoraram a vida da população foram aqueles que escolheram priorizar o transporte coletivo. A mudança se deu nas ruas, mas também na forma como as pessoas começaram a se interagir
ADAMO BAZANI – CBN
O transporte coletivo pode transformar as cidades!
A frase não vem de nenhum entusiasta ou operador de transporte público, mas é uma constatação de especialistas do Banco Mundial que realizaram diversos estudos em vários locais do planeta, inclusive em nações em desenvolvimento que registraram historicamente um crescimento urbano muito mais rápido e desordenado.
Destas pesquisas e observações foi lançado o documento: “Transformando cidades com o Transporte Público: integração entre o uso do solo e transportes para a sustentabilidade urbana”
Com base em ações concretas de diversas cidades, que implantaram modernos sistemas de mobilidade, como os corredores de ônibus do tipo BRT – Bus Rapid Transit – o documento mostra que os municípios que conseguiram melhorar a qualidade de vida de seus habitantes ou visitantes foram aqueles que tomaram atitudes para aproveitar melhor o espaço urbano.
E os transportes coletivos estão entre as ações para que o espaço nas cidades seja usado de forma democrática. A questão é de fácil entendimento: um ônibus ou uma composição de trem e metrô conseguem substituir uma grande quantidade de carros nas ruas, levando o mesmo número de passageiros e ocupando menos espaço, além de emitir bem menos poluição.
Mas os estudos foram além e mostraram as dificuldades da implantação de sistemas de transportes públicos com prioridade e a ruptura do modelo de deslocamento baseado na circulação predominante do transporte individual.
Além da necessidade de investimentos e políticas públicas, um dos grandes desafios das cidades nestes processos foi a questão cultural. A boa notícia é que apesar das dificuldades, foi possível criar não só “novas” cidades, mas novos estilos de vida. Desacostumadas a pensarem coletivamente, as pessoas quando viam os espaços dos carros diminuídos se sentiram até mesmo agredidas em sua individualidade. Mas depois que estas pessoas viram que o espaço foi melhor aproveitado, que passaram a contar com sistemas mais confiáveis de transportes públicos por não ficarem confinadas no trânsito, viram que suas vidas individuais melhoraram: em vez de horas perdidas nos congestionamentos, sobrou mais tempo para a família, estudos ou o merecido descanso. Essas pessoas começaram a interagir com outros cidadãos, elas também passaram a ter hábitos mais saudáveis, como caminhar mais. Isso tudo porque elas sentiram algo ainda incomum em muitos lugares: prazer em estar nas cidades.
Num debate realizado em janeiro entre o presidente do Banco Mundial, Jim Young Kim, e o prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, durante um painel na conferência Transforming Transportation 2013, foram levantados dados que provam que além de melhorar a qualidade de vida das pessoas, os transportes públicos foram apontados como essenciais para o desenvolvimento econômico. Isso porque, com as vias mais livres, as organizações econômicas e geradoras de emprego, renda e educação, podem ter seus bens, serviços e produtos escoados de maneira mais livre, bem como podem contar com trabalhadores mais pontuais, motivados e principalmente, descansados.
Além disso, a falta de prioridade aos transportes coletivos faz com que sejam desperdiçadas grandes quantias de recursos, cujos gastos na área de saúde, por exemplo, poderiam ser evitados.
No painel, foi mostrado que 1 milhão e 300 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo por causa de acidentes de trânsito. São gastos, mas acima de tudo, famílias inteiras destruídas em nome do culto ao automóvel. Nas cidades, hoje os automóveis são responsáveis até por 90% da poluição do ar, que também ceifa vidas. Até 2050, 70% da população mundial deve ser urbana, o que mostra a necessidade de ações rápidas.
Os especialistas defendem ações em diversas frentes, que vão desde a educação da população, o melhor aproveitamento das ruas e o entendimento que muito mais que trazer benefícios à mobilidade urbana, os transportes públicos também auxiliam no acesso a oportunidades de emprego e renda, à serviços como educação e saúde e ao bem-estar nas cidades. Portanto, muito além de vantagens expressadas por números frios, o transporte coletivo faz bem para a vida, faz bem para a natureza, faz bem para o ser humano

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