O governo deve liberar até R$ 45 bilhões dos depósitos compulsórios (recursos dos bancos retidos no Banco Central) para financiar grandes projetos de infraestrutura, principalmente as obras previstas no pacote de concessões (aeroportos, rodovias, ferrovias e portos). Segundo interlocutores, o volume a ser liberado será destinado exclusivamente para esta finalidade. Além disso, está sendo articulada pelo Palácio do Planalto uma operação coordenada pelo Banco do Brasil, para formar um consórcio com outras cinco instituições financeiras (Caixa, BNDES, Bradesco, Santander e Itaú), a fim de levantar recursos e oferecer condições de financiamento mais favoráveis aos investidores privados. O Tesouro Nacional também poderá entrar para equalizar taxas de juros. As medidas deverão ser anunciadas nas próximas semanas.
O pacote de concessões demanda investimentos vultosos e a presidente Dilma Rousseff, segundo um interlocutor, está preocupada em disponibilizar recursos abundantes para o setor de infraestrutura, em condições diferenciadas, de forma a atrair investidores e deslanchar os projetos nessa área. Hoje o financiamento de longo prazo está concentrado no BNDES. O governo que oferecer outras fontes e facilitar o acesso ao crédito. Pelos cálculos do governo, o setor privado hoje precisa bancar metade do investimento com recursos próprios, pois só consegue financiar 50%. A ideia é que os empresários possam entrar nos futuros empreendimentos com apenas 20% de capital próprio. O governo quer também igualar o prazo do financiamento ao da concessão – 30 anos, no caso das rodovias.
- O governo está convicto de que não conseguirá fazer os investimentos sozinho. É preciso trazer o setor privado – disse uma fonte com trânsito no Palácio do Planalto, acrescentando que são projetos complexos, que demandam várias iniciativas, como por exemplo, na área ambiental.
Conversas com banqueiros
Nas últimas semanas, a presidente Dilma manteve conversas reservadas com os presidentes do Bradesco, Santander e Itaú. Na útlima terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega e o presidente do BC, Alexandre Tombini, reuniram-se com os banqueiros em São Paulo. Depois do encontro, Mantega e os presidentes dos bancos federais estiveram no Palácio para tratar do assunto com a presidente. A criação do consórcio foi tema da reunião com os bancos.
Um dos objetivos do consórcio, chamado de “sindicato de bancos” (ou empréstimo sindicalizado, como também é chamado), é oferecer mais segurança e maior garantia de retorno aos agentes financeiros.
Segundo fonte que participa dessa discussão, o modelo é baseado no “project finance”, uma estruturação financeira para viabilizar os grandes projetos de investimento, cujas receitas cobrem os juros e as amortizações do financiamento. Isso passa pela contratação de consultorias e advogados especializados para realizar estudos, fazer projeções de receita, elaborar contratos e acompanhar os projetos.
Além de alavancar recursos para financiar o pacote de infraestrutura, que vai demandar cerca de R$ 200 bilhões, o objetivo do consórcio é mitigar riscos e reduzir o grau de exposição dos bancos nos balanços, já que as regras de prudência (Basileia) ficarão mais rigorosas.
Fonte: O Globo, Por Geralda Doca
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