Voltar para casa após um dia de trabalho cansativo em um transporte coletivo confortável, sem precisar esperar muito tempo, com direito a ar condicionado e até internet durante a viagem parece ser o sonho do morador de qualquer cidade grande. Em Belo Horizonte, no entanto, a proposta ainda não "emplacou".
Nas ruas desde setembro de 2012, o ônibus executivo, apelidado de “frescão”, ainda tenta encontrar seus passageiros na capital mineira. Com capacidade para 43 pessoas sentadas e um máximo de seis em pé (um total de 49 por viagem), o coletivo circula com menos da metade desse número.
Segundo a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), em fevereiro, o ônibus que faz a linha Buritis/Savassi teve média de 22 passageiros por viagem. O ônibus executivo 01, que vai da Savassi, na região centro-sul, até a Cidade Administrativa, em Vespasiano, na Grande BH, teve ainda menos passageiros: foram 14, durante o mesmo período.
Para Adilson Eupídio, supervisor de estudos tarifários e regulação da empresa, o frescão já está “consolidado” na capital. Tanto que o plano é aumentar o número de trajetos a partir de junho.
— Ao todo serão cinco linhas executivas na cidade. Além das duas que já existem, os ônibus atenderão o Belvedere, o Sion e o Barro Preto, na região centro-sul.
A ideia de trazer o “frescão”, criado no Rio de Janeiro durante a década de 1970, para Belo Horizonte surgiu há cerca de dois anos durante um projeto da BHTrans para tentar estimular os moradores a usar o transporte coletivo e deixar o carro em casa.
— Pesquisas identificaram a vontade das pessoas de mudar para o serviço, caso os ônibus fossem do tipo executivo.
De acordo com Eupídio, as duas primeiras linhas foram criadas com objetivos bastante claros: a Savassi/Cidade Administrativa deveria atender os funcionários da sede do Governo do Estado de Minas Gerais. Já a Buritis/Savassi surgiu para “tirar os carros da rua” e tentar ajudar a solucionar o problema do trânsito na região.
No bolso
Com bancos estofados e apoio de braço, ar condicionado, internet wi-fi e televisão a bordo, os ônibus executivos custam, em média, 20% a mais que um veículo convencional da BHTrans. A diferença é repassada para os passageiros: as tarifas custam R$ 5,30 para a linha 01 e R$ 4,25 para a linha 02, acima dos R$ 2,80 cobrados nas viagens regulares.
Mas quem usa não parece se importar. O coordenador acadêmico Rodrigo Lopes, de 28 anos, volta para casa de “frescão” pelo menos uma vez por semana. Funcionário de uma empresa na Savassi e morador do Buritis, ele considera o preço “justo”.
— Se pudesse usava todo dia.
O trabalho impede que Lopes deixe o carro em casa nos outros quatro dias da semana, mas o coordenador garante que prefere o coletivo.
— Sempre tem alguma reunião, algum projeto para levar, por isso fica difícil não vir de carro. Mas o ônibus é confortável, não demora. Para mim é o ideal.
A estudante Fernanda Souza, 21, usa o ônibus executivo como “segunda opção”. Ela cursa Educação Física em um centro universitário do Buritis e pega o "frescão" "quando precisa".
— Não é a minha primeira opção porque outros ônibus que passam aqui fazem o mesmo trajeto.
A jovem, que trabalha em um prédio na avenida Raja Gabáglia, no Estoril, região oeste de BH, acaba usando o executivo por dois motivos:
— Ele passa mais rápido e nunca está lotado.
De acordo com a BHTrans, no horário de pico, quando Fernanda usa o "frescão", as viagens têm intervalos de 20 minutos. O plano é diminiur ainda mais, conforme o representante da empresa.
— Houve um crescimento de 35% no número de usuários nos últimos meses. A linha Buritis começou com média de 16 passageiros por viagem e hoje já tem quase 30. A tendência realmente é ampliar o atendimento.
por Felipe Rezende, do R7 MG
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