Desde os primeiros dias à frente da secretaria municipal de Transportes, da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e da São Paulo Transportes S.A. (SPTrans), o deputado estadual Jilmar Tatto já sabia da proposta da administração de Fernando Haddad para o trânsito de São Paulo: “Aumentar a velocidade dos ônibus e diminuir a dos carros”.
E, segundo afirmou o secretário ao iG , é assim que será daqui para frente. O paulistano que optar por ficar dentro do carro para ir ao trabalho ou voltar para a casa deve se preparar para sair mais cedo ou chegar mais tarde.
“A cidade tem de optar pelo transporte público porque ninguém mais consegue andar. Se der para compartilhar, vamos compartilhar. Ninguém aqui é contra o carro. Mas não é questão de opção. Nós não temos alternativa. Temos de investir no transporte público para que as pessoas que usam o carro possam andar no transporte público, que deve ser de qualidade”, diz o secretário.
Para aumentar a velocidade do transporte coletivo, o secretário, que ocupa a pasta pela segunda vez – foi secretário de transporte entre 2002 e 2004, na gestão Marta Suplicy -, elege os 150 quilômetros de corredores exclusivos e 150 quilômetros de faixa exclusiva como as principais medidas.
Serão novos corredores para ônibus em avenidas que ainda não possuem, como a avenida dos Bandeirantes e avenida 23 de Maio, e outras intervenções em pontos críticos que estão sendo monitorados por toda a capital.
“Tem gargalos que precisam de intervenções mais radicais. Digo gargalos de ônibus porque gargalo de carro está na cidade inteira. Mas todos os pontos que travam e que tem o ônibus junto do carro nós vamos separar.”
Além de perder espaço para o transporte público, os motoristas também terão de se acostumar, definitivamente, com a segunda prioridade da gestão Haddad: as bicicletas.
“É uma tendência no mundo. Onde está estruturado, como na Europa, estabilizou o uso transporte coletivo. Lá já tem uma rede, diminuiu o número de carros e teve um crescimento vertiginoso no uso de bicicleta. É uma tendência para São Paulo”, diz o secretário, que emenda com as três propostas para ampliar e facilitar o uso da bicicleta na cidade: “Construir 150 quilômetros de ciclovia, reduzir a velocidade dos carros para que a rua possa ser compartilhada com as bicicletas e fazer a concessão de uma rede de bicicletas compartilhadas com até 50 mil unidades”.
Sobre a relação com o prefeito, Tatto elogiou os primeiros dias do “exigente” Haddad, de quem disse que as cobranças são feitas de forma “doce”.
“Toda vez que ele encontra comigo ele já fica falando ‘já fez o edital?’, ‘já fez a licitação?’, ‘que dia é a audiência pública?’. Eu tenho de ficar aceso dia e noite porque ele cobra. É um estilo que cobra, que é organizado, que tem controle da administração e tem metas”.
Ao ser questionado se o prefeito é duro ao cobrar, Tatto pensou por alguns segundos e encontrou na figura líder da revolução cubana Che Guevara a resposta: “É duro, mas sem perder ‘la ternura’”.
Fonte: IG, Por Daniel Torres e Ricardo Galhardo
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