segunda-feira, 22 de abril de 2013

Alternativa a gargalos é criar corredor até o Norte


Distância do campo ao porto seria 1.000 km menor e navios que vão para a China poupariam 6 dias.
Caminhões de soja abrem rachadura no asfalto em MT. Foto: Guito Moreto
Especialistas são unânimes em afirmar que parte da solução para o caos no escoamento de grãos está na criação de corredores logísticos que unam o Centro-Oeste ao Norte e Nordeste.
Ao fazer isso, o país economizaria tempo, não apenas no trajeto da fazenda ao porto — já que a distância entre o principal polo produtor e o litoral seria encurtada em cerca de mil quilômetros —, como também no caminho até os principais países consumidores.
Estimativas apontam que o tempo do navio que vai do Brasil à China, líder no consumo da soja brasileira, seria reduzido em seis dias, considerando a ida e a volta. Isso daria vantagem competitiva aos produtos brasileiros em relação a seus concorrentes internacionais.
Hoje, 92% da soja que é exportada são escoados por portos no Sudeste e no Sul e apenas 8% pelo Nordeste, mais especificamente pelo Porto de Itaqui, no Maranhão.
No caso do farelo da soja, essa distribuição não muda muito. Apenas 6%do total não saem pelo Sudeste, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Para viabilizar a saída de grãos pelo Norte, uma das opções é a pavimentação da BR-163, que liga Guarantã do Norte (MT) a Santarém (PA), considerada “intransitável”.
— Com a pavimentação, poderíamos escoar mais 20 milhões de toneladas de soja e farelo por ano — estima Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Abiove, ressaltando ainda a importância da ferrovia Norte-Sul, há mais de 20 anos no papel.
As hidrovias Tapajós-Teles Pires e Tocantins-Araguaia também seriam alternativas para viabilizar o escoamento da safra de Mato Grosso.
— Belém, Vila do Conde, Santarém (todos no Pará) e Macapá (AP) tinham de ser os portos mais movimentados para a soja, não apenas por causa dos ganhos internos, mas também pela competitividade externa: um navio da China ao Pará economizaria seis dias, na comparação com portos do Sudeste — diz José Mário da Silva, presidente da Comissão de Direito Marítimo e Portuário da OAB/PA.
O Ministério dos Transportes diz que o primeiro trecho da BR-163 ficará pronto ainda este ano, mas a pavimentação completa só será concluída em 2016, ao custo de R$ 2 bilhões.
Quanto à ferrovia Norte-Sul, um trecho de 693 quilômetros que une Anápolis (GO), Palmas (TO) e Açailândia (MA), com acesso ao Porto de Itaqui, sairá do papel até 2014, com orçamento de R$ 3,3 bilhões.
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) informa que as hidrovias de Tapajós e de Tocantins já têm orçamento de R$ 31 milhões. Para Tapajós, os recursos incluem obras de dragagem, sinalização, entre outros.
O projeto de Tocantins está mais atrasado. Os recursos são para estudos de implantação de terminais em Marabá (PA), à beira da hidrovia.
Fonte: O Globo, Por Danielle Nogueira e Henrique Gomes Batista

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