Na megalópole de 20 milhões de habitantes, a ex-modelo Cozete Gomes e dezenas de outros milionários viajam de um lado para outro de helicóptero para evitar os engarrafamentos lá de baixo que podem superar os 200 km de extensão.
Maior cidade do Brasil e capital econômica da América Latina, São Paulo tem cerca de 420 helicópteros registrados, a segunda maior frota do mundo –atrás apenas de Nova York–, segundo a Abraphe (Associação Brasileira de Pilotos de Helicópteros).
“Para mim, o helicóptero é uma ferramenta necessária. Eu o uso em minhas atividades cotidianas, para meus negócios, minhas reuniões. Facilita muito a minha vida”, diz Gomes.
Com uma fortuna de cerca de US$ 125 milhões, Gomes, 41, é uma das empresárias mais bem-sucedidas do país e integra um seleto grupo de “super-ricos” paulistanos que são proprietários de seus helicópteros ou que podem se dar o luxo de alugá-los por US$ 1.300 a hora.
No começo de abril, Gomes alugou um helicóptero particular de seis assentos para viajar a um hotel de luxo em Campos do Jordão, a 50 minutos de voo de São Paulo, acompanhada por uma equipe de jornalistas da agência de notícias AFP.
No controle estava o piloto Guilherme Tomazzolo Juc, 29, empregado do Helicidade, um heliporto paulistano com 80 helicópteros que pertencem a particulares ou a companhias privadas.
Cerca de 500 voos diários de helicóptero são realizados em São Paulo, que tem 193 heliportos.
Negócio Florescente
“O negócio dos helicópteros no Brasil cresceu 20% nos últimos anos”, diz Carolina Denardi, porta-voz da Abraphe.
O país tem uma frota nacional de 1.909 helicópteros, incluindo 692 no Estado de São Paulo, com uma média de mais de 300 licenças de operação emitidas anualmente nos últimos três anos segundo a associação.
Todos os dias ricos empresários e celebridades cruzam o céu de São Paulo, alheios ao trânsito caótico que deixa a grande maioria dos habitantes da cidade à beira de um ataque de nervos. Eles viajam entre seus condomínios de luxo, suas reuniões de trabalho e suas casas na praia ou no campo.
Segundo o relatório Wealth Report 201, publicado pela Wealth-X (empresa de pesquisas sobre riqueza com sede em Cingapura), São Paulo foi o lar de 1.880 indivíduos com fortunas de US$ 30 ou mais milhões no ano passado. A previsão é que este número chegue a 4.556 em 2022.
Gomes, uma ex-modelo e rainha da beleza que é dona de oito companhias de marketing promocional, de organizações de eventos e de modelagem, disse que é uma das poucas mulheres brasileiras que acumularam sua própria fortuna.
Ela ganhou fama nacional em janeiro, com sua participação no reality show “Mulheres Ricas”, que mostrava o estilo de vida extravagante do crescente grupo de milionários brasileiros: viagens, carros de luxo, joias, compras e muito champanhe.
“Concordei em participar do programa para compartilhar meu êxito, a história de minha vida com todo o Brasil, para mostrar a experiência positiva de uma mulher que começou do nada e construiu seu próprio negócio”, afirma Gomes ao chegar em Campos do Jordão, vestindo com um elegante blazer branco e blusa vermelho escarlate.
A pequena cidade de 50 mil habitantes, com belas paisagens, é conhecida como a Suíça brasileira por sua arquitetura em estilo europeu, chalés e restaurantes suíços e alemães. Campos do Jordão também é conhecida por abrigar mansões de ricos e famosos.
Inspiração
“Existem poucas mulheres milionárias. Mas somos fortes, independentes e determinadas. Espero que meu êxito inspire muitas mais mulheres a seguir meus passos”, diz Gomes, enquanto bebe champanhe em pequenos tragos na pousada de luxo La Villette, que tem seu próprio heliporto.
Gomes afirma que sua riqueza lhe trouxe independência, a permitiu desfrutar dos prazeres da vida e satisfazer sua paixão pelos sapatos de luxo. “Tenho mais de 600 pares agora”, confessa com um leve sorriso. “Uso dois ou três pares todos os dias, para diferentes ocasiões”.
De família portuguesa e italiana, Gomes viaja com frequência para a Itália, onde tem parentes em Nápoles.
A ex-modelo afirma não estar preocupada com sua segurança pessoal e que se sente segura em sua Range Rover blindada, com sua chofer-segurança.
Amanda Gabriele, a assessora de Gomes de 25 anos, conta que o sucesso de sua chefe inevitavelmente gera ciúmes e inveja, particularmente de outras mulheres.
Mas “há muitas outras brasileiras que são muito mais ricas que eu”, diz Gomes.
Bilionários
O relatório Wealth-X identificou 50 brasileiros com ativos superiores a US$ 1 bilhão.
Segundo a revista “Forbes”, o brasileiro mais rico é o magnata da cerveja Jorge Paulo Lemann, 73, um dos donos da Ambev e da AB InBev que tem uma fortuna estimada em US$ 17,8 bilhões. Atrás dele está o banqueiro Joseph Safra, 74, com US$ 15,9 bilhões.
A brasileira mais rica é Maria Helena de Moraes, 83, com uma fortuna de US$ 6,2 bilhões vinculada a seus 25% de participação no grupo familiar Votorantim, um dos maiores conglomerados industriais do país, com operações em cimento, finanças, energia, aço e celulose, entre outros, segundo a “Forbes”.
Fonte: AFP
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