Enquanto o projeto de construção do Trem de Alta Velocidade (TAV), conhecido como trem-bala, ainda está em discussão no âmbito do governo federal, outro projeto sobre trilhos, de iniciativa do setor privado, em parceria com o governo do Estado de São Paulo, já está com o processo licitatório definido para o mês de outubro e as obras estão previstas para serem iniciadas no ano que vem, com um prazo estimado de conclusão de três anos.
Denominado Trem Intercidades, o projeto consiste em uma malha ferroviária de 430 quilômetros – com aproveitamento da faixa de domínio da CPTM -, e terá velocidade média de 120 quilômetros por hora, podendo chegar a 160 quilômetros por hora. A informação foi dada pelo vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, em entrevista exclusiva ao Broadcast.
O Trem Intercidades vai interligar, inicialmente, dois principais eixos do Estado. O primeiro ligará a Capital a Campinas, Americana, Jundiaí, Santo André, São Bernardo, São Caetano e Santos e o outro ligará São Paulo a Sorocaba, São Roque, São José dos Campos, Taubaté e Pindamonhangaba. A estação na Capital deverá servir de ligação com o trem bala do governo federal e com o metrô paulistano.
O projeto foi idealizado pelo BTG Pactual e pela Estação da Luz Participações (EDLP). O montante a ser investido é de R$ 18 bilhões, no esquema de Parceria Público Privada (PPPs), sendo que cerca de R$ 4 bilhões do governo do Estado.
“A expectativa é fechar a concorrência pública em outubro, para começarmos as obras no ano que vem”, disse Guilherme Afif, que também preside o Conselho Gestor de PPPs estadual. Ele ressaltou que os R$ 4 bilhões provenientes dos cofres do governo paulista “já estão previstos no Orçamento”. E que este projeto “é a menina dos olhos do momento”.
O controlador e presidente da Estação da Luz Participações, Guilherme Quintella, afirmou que o objetivo é entregar os estudos técnicos do projeto até o mês de julho. “Estamos trabalhando com uma grande equipe para isso”, contou o empresário, afirmando estar ‘animado’ com este projeto.
Provocação
O vice-governador afirmou que a realização do Trem Intercidades só está sendo possível por conta do que classifica de ‘provocação’ da iniciativa privada. “O BTG Pactual e a Estação da Luz Participações apresentaram a Manifestação de Interesse Privado (MIP) para o projeto e agora estamos colocando em prática”, comemorou.
E, sem citar nomes, disse que já há empresas interessadas no projeto. “São Paulo tem experiência de 20 anos de concessões, está à frente. E é no Estado que se concentra 70% do poder de decisão dos investimentos do País.”
Segundo Afif, a ideia é voltar a estimular o transporte de passageiros sobre trilhos e criar uma alternativa para concorrer com os automóveis, que estão superlotando as rodovias estaduais. “(As cidades interligadas pelo projeto) É uma região muito importante, onde está 25% do PIB do País.”
O vice-governador afirmou ainda que a estimativa é que as tarifas cheguem a, no máximo, R$ 15 por trecho. “Muito vantajoso se considerarmos a questão do custo do pedágio, gasolina, etc.”
Afif destacou também que o Trem Intercidades não compete com o Trem de Alta Velocidade do governo federal, até porque os dois projetos devem se interligar: “O TAV concorre com o avião, que é um meio para distâncias maiores.” Quintella também reforça a tese, afirmando que o projeto foi concebido com o objetivo de se associar ao TAV. “A ideia é agregar e gerar valor para os dois lados”, frisou.
A decisão da escolha da estação central em São Paulo, que integrará TAV, o Intercidades e o Metrô (futura linha 6), é uma das decisões mais aguardadas para o projeto.
Empresários consultados pela reportagem afirmam que quanto melhor a conectividade dos sistemas, mas atrativo ele será. Os locais mais cotados para receber essa estação central são a Estação da Luz (junto com o complexo Julio Prestes); a Água Branca e a região do Campo de Marte, que precisaria de uma extensão do metrô no local.
A definição passa também pelo crivo da Prefeitura de São Paulo, que precisa acordar a questão dos terrenos a serem cedidos com os governos estadual e federal.
Fonte: Agência Estado, Por Carla Araújo e Elizabeth Lopes
Comentário Setorial
Não sei se a análise é essa,mas segundo um seminário do qual participamos foi dito que o trecho compreendido entre São José dos Campos e Campinas é responsável por mais de 70% da demanda do TAV. O TAV terá dois serviços, o expresso e o regional que é justamente esse que o governo paulista está anunciando. A percepção é que ao contrário do que diz o governo do Estado de São Paulo, os dois sistemas são concorrenciais, sim. Em qualquer projeto de transporte não se fixa apenas de angariar passageiro num determinado trecho. Focalizar o TAV apenas para concorrer com o avião não é sério. O governo paulista já tinha colocado o Expresso Bandeirante no Plano Plurianual 2004-2007, ligando São Paulo a Campinas,do então governador Geraldo Alckmin,no qual previa que esse trem estaria pronto em 2007. Em 2007, já no governo Serra o plano foi abandonado. Com a concessão do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, no qual está prevista anualmente uma capacidade de 80 milhões de passageiros, é óbvio que o trecho ficou apetitoso para a iniciativa privada. Assim como o trecho São Paulo até São José dos Campos, que passa pelo Aeroporto de Guarulhos. A única alternativa seria o Intercidades entrar no TAV. Com a palavra a ANTT, pois os trechos em questão estão sob gestão federal e é quem tem a última palavra. Quanto ao prazo de início das obras e mesmo da conclusão, é bem provável que o prazo apresentado na matéria seja fantasioso. Geraldo Alckmin et caterva já prometeram dezenas de quilômetros de linhas de metrô, ferrovias, rodovias e outras obras de infraestrutura que ficaram no gogó. São promessas eleitoreiras.
”Trens regionais pendulares de passageiros de médio e longo percurso São Paulo-Minas-Brasília.”
ResponderExcluir1ª fase Interligar a ferrovia Norte / Sul com ramal para Brasília-DF com a Ferrovia Centro Atlântica FCA existente passando pelas cidades de Anápolis-GO, Araguari, Uberlândia, Uberaba-MG que hoje se encontram operando somente em bitola métrica, com a implantação de bitola mista ( 1,0 + 1,6 m ), passando por Ribeirão Preto, até o ponto que se encontram com a bitola larga em Campinas-SP.
2ª fase Interligar em linha paralela com a ferrovia Norte / Sul passando por Anápolis, Itumbiara-GO, Monte Alegre de Minas, Prata e Frutal-MG e adentrando pelo centro norte de SP na cidade de Colômbia, e a partir daí seguindo por ferrovias existentes por Barretos, Bebedouro, Jaboticabal, até Araraquara no centro de São Paulo, com bifurcação para Panorama ou para a estação Júlio Prestes na capital-SP, ambos os trajetos como função de linhas troncos.
Fica aí já definido um potencial trajeto para trens regionais de passageiros de médio e longo percurso São Paulo - Brasília, passando por muitas destas cidades citadas entre outras, além de um trajeto coerente para cargas, (dupla função) com o fator de sazonalidade igual a zero.
A maior parte destas propostas é a de se utilizar ao máximo os trechos ferroviários existentes que se estejam desativados ou subutilizados, mas que se encontram-se em regiões de grande potencial, que no passado já possuíram ferrovias a fazer parte de seu desenvolvimento, e que inexplicavelmente se encontram abandonadas, principalmente em São Paulo, e o trecho novo complementar se limita a;
1-Ligação ferroviária Norte / Sul, Anápolis, Itumbiara-GO Colômbia-SP ~380 km, a maior parte em Minas Gerais. (Esta ligação tem a função de interligar na menor distância em bitola larga os pontos onde se encontram paralisadas ao Norte Anápolis-GO com a ao Sul Colômbia-SP) em um tempo, distância e custo de implantação muito inferior à proposta original, além que poderá ser utilizada como trens de passageiros.
Notas:
1-Fica definida a cidade de Panorama-SP de onde deve partir rumo ao Rio Grande do Sul a continuidade da ferrovia Norte / Sul.
2-Alguns trechos entre Colômbia e Panorama-SP se encontram em estado precário, ou erradicados, portanto devem ser refeitos.