sábado, 2 de março de 2013

SPTrans diz que mais trólebus de 15 metros devem ser adquiridos. Usados serão leiloados ainda neste semestre


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SPTrans confirma que mais trólebus de 15 metros devem servir à cidade de São Paulo. Já são 51 unidades adquiridas. Scania diz que número pode chegar a 101. Foto: Adamo Bazani
Mais trólebus de 15 metros virão para o sistema da Capital Paulista. Leilão dos usados ocorre ainda neste semestre
Com exclusividade, SPTrans fala à reportagem sobre os investimentos no sistema
ADAMO BAZANI – CBN
São Paulo deve ter mais trólebus de 15 metros, que possui três eixos e capacidade para 101 passageiros, além dos 51 já adquiridos pela empresa Ambiental Trans, operadora do sistema na Capital Paulista.
A informação foi revelada nesta sexta-feira à reportagem do Blog Ponto de Ônibus/Canal do Ônibus pela SPTrans – São Paulo Transportes, que gerencia o sistema municipal e confirma o que já havia sido comunicado pelo gerente nacional de vendas da Scania, Wilson Pereira, em entrevista a este mesmo espaço, no ano passado.
“Sobre os veículos de 15 metros, há a intenção de continuar incluindo-os no sistema, substituindo os modelos mais antigos e completando a renovação da frota” – diz nota da Assessoria de Imprensa da SPTrans em resposta aos pedidos do Blog Ponto de Ônibus/Canal do Ônibus.
Ainda não foi revelado pela gerenciadora, entretanto, quando virão estes novos veículos e a quantidade.
De acordo com a Scania, serão mais 50 chassis só neste ano.
Os trólebus de 15 metros além de oferecerem uma oferta maior de lugares ocupando apenas um pouco mais de espaço nas vias em relação aos modelos convencionais de 2 eixos, são dotados de itens mais modernos de conforto e acessibilidade, como iluminação de Led no interior e piso baixo com rampa para acesso não apenas para quem usa cadeira de rodas, mas para quem possui mobilidade reduzida mesmo sem a necessidade de equipamentos que ajudem a locomoção. Há espaço para fixação de cadeira de rodas, que também serve como área para cão-guia acompanhante de quem possui limitação visual, maior espaço entre os bancos e tecnologia de corrente alternada, que é mais moderna.
A carroceria é feita pela Caio, do grupo de José Ruas Vaz, controlador da operadora Ambiental Trans, e o sistema elétrico é feito pela empresa Eletra, do mesmo grupo da Metra, que opera o Corredor Metropolitano ABD, ligando São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, ao Jabaquara,na zona Sul, pelos municípios de Santo André, Mauá (Terminal Sônia Maria), São Bernardo do Campo e Diadema.
Não há, no entanto, propostas para ampliação da rede de trólebus. Mas, segundo a SPTrans, a rede área vai continuar a ser trocada para modernizar os serviços.
“A Secretaria Municipal de Transportes tem como diretriz a renovação da atual frota de trólebus na cidade para garantir a continuidade do serviço. Da mesma forma, está investindo na manutenção e troca da rede aérea. A rede da cidade é composta por 201,4 quilômetros de fios.” – segundo a nota da gerenciadora.
TRÓLEBUS ANTIGOS SERÃO LEILOADOS:
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Trólebus mais antigos e que deixaram de prestar serviços serão leiloados ainda neste semestre. São hoje 132 trólebus parados num pátio, para serem vendidos Não há sistemas no País para absorver estes veículos, muitos ainda em plenas condições de uso, apesar de a idade alta. Foto: Adamo Bazani
Os trólebus antigos, substituídos nesta mais recente renovação de frota, devem ser leiloados ainda neste primeiro semestre, de acordo com a SPTrans.
Atualmente, estão reservados em um pátio 132 trólebus que deixaram de operar o sistema da Capital Paulista.
Pela maior durabilidade dos trólebus em relação aos ônibus convencionais, muitos destes veículos parados, mesmo com cerca de 20 anos de uso, estão em condições de operação. No entanto, não há sistemas mais de trólebus no Brasil que poderiam absorver estes veículos. Em Santos, no Litoral Paulista, a Viação Piracicabana opera poucos veículos e não há, até o momento, nenhuma intenção oficial de ampliar o sistema. O Corredor ABD passa por uma renovação de frota e a Metra vai adquirir veículos novos, pelo menos 20 ônibus elétricos articulados devem compor a frota do sistema São Paulo – ABC Paulista.
Assim, o que deve interessar nestes veículos a serem leiloados serão as peças e os equipamentos.
O sistema de trólebus no Brasil foi inaugurado em 1949 e a primeira cidade a ter os ônibus elétricos foi justamente São Paulo.
A cidade de São Paulo já ocupou lugar de número 22 no ranking entre os maiores sistemas de trólebus no mundo. No ano 2000, chegou a ter uma frota de 474 ônibus elétricos. Com a desativação das linhas da Zona Norte e das redes dos corredores de Santo Amaro, Pinheiros e Butantã, a frota e a malha foram reduzidas.
De acordo com os dados da SPTrans, enviados à reportagem nesta sexta-feira, a cidade de São Paulo conta hoje com uma frota de 192 trólebus em operação, sendo que 141 veículos são do tipo convencional e 51 são deste novo modelo de três eixos, com 15 metros de comprimento. Deste total, deste o início da renovação, 142 veículos novos passaram a circular por dez linhas da Capital.
2001-10 – Terminal Parque Dom Pedro II / Terminal Bandeira
2100 -10 – Terminal Carrão / Praça da Sé
2290-10 – Terminal São Mateus – Terminal Parque Dom Pedro II
2290-31 – Jardim Vila Formosa / Terminal Princesa Isabel
2291-10 – Terminal São Mateus / Praça da República
3139-31 – Jardim Vila Formosa / Praça da República
3160-10 – Terminal Vila Prudente / Terminal Parque Dom Pedro II
342 M – Terminal São Mateus / Terminal Penha
408 A-10 – Machado de Assis / Cardoso de Almeida
4112- 10 – Margarida Maria / Praça da República
4113 – 10 – Gentil de Moura / Praça de República.
TRÓLEBUS NÃO É COISA DO PASSADO:
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Corredor Metropolitano ABD também terá trólebus novos, do tipo articulado. Custos por quilômetro de operação e manutenção dos veículos têm se tornado menores. Além disso, existe a vantagem de ser o único tipo de ônibus em operação no Brasil que emite poluição zero. Foto: Samuel Tuzi.
A imagem que ainda muitos paulistanos têm dos trólebus nem sempre é positiva. Logo que se fala deste tipo de veículo, muitas pessoas já pensam nos transtornos por causa de falhas no fornecimento de energia elétrica e desprendimento das alavancas (pantógrafos) dos trólebus da fiação.
Mas os avanços tecnológicos permitem com que o trólebus seja uma solução viável de mobilidade urbana e com diversas vantagens: o nível de ruído é muito baixo e o trólebus é o único tipo de ônibus com custo relativamente baixo de aquisição e manutenção, cujas emissões de poluentes durante a operação são zero. O ônibus a células de hidrogênio, que no lugar de fumaça solta vapor d’água, ainda é um modelo muito caro e está em desenvolvimento para a realidade brasileira. Existe uma unidade em testes e estudos na garagem da operadora Metra, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
Os ônibus elétricos híbridos são bem menos poluentes e barulhentos na comparação com os ônibus comuns. Mas diferentemente dos trólebus ainda soltam fumaça, mesmo que em quantidade menor em relação aos veículos movidos somente a diesel.
É fato que o sistema de trólebus não é totalmente imune aos problemas de queda de energia elétrica ou na rede, como nem o metrô é isento completamente de falhas.
No entanto, a renovação da rede deve diminuir os problemas de fornecimento. Além disso, os modelos novos de trólebus possuem baterias armazenadoras que dão autonomia de até 6 quilômetros a 10 quilômetros, dependendo da lotação e da velocidade operacional, para o veículo circular mesmo sem estar conectado aos fios. Isso permite que o ônibus chegue até a próxima estação de energia que não está com falhas ou se desloque para terminais, garagens e recuos para não prejudicar o trânsito se houver algum problema.
Os novos trólebus também podem vir equipados com alavancas pneumáticas, cujo sistema absorve os impactos sofridos pelo chassi e carroceria, diminuindo a possibilidade destas alavancas se desprenderem dos fios. Além disso, o sistema permite que a alavanca seja recolhida automaticamente, evitando que em caso de desprendimento, ela retorne para cima e danifique a rede aérea de fios.
Diversas cidades do mundo ainda usam trólebus.
De acordo com dados da ONG Respira São Paulo, há no mundo 360 sistemas de trólebus em 48 países, totalizando 40 mil 700 veículos.
Alguns países, inclusive, importam tecnologia para trólebus desenvolvida por empresas brasileiras, como a Eletra, de São Bernardo do Campo – ABC Paulista.
O que contribuiria para o melhor desempenho dos trólebus seria uma melhor condição viária. Este tipo de veículo é considerado ideal, por especialistas, para trafegar em corredores.
ECONOMICAMENTE VIÁVEL:
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São Paulo já esteve entre as cidades com os maiores sistemas de trólebus do mundo. A CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos não só operava os ônibus elétricos, mas contribuía com as fabricantes no desenvolvimento de novos produtos. Foto: Douglas De Cezare.
Apesar de os veículos serem mais tecnológicos, os trólebus estão proporcionalmente mais baratos que antes.
Hoje, em média, o valor do veículo de 15 metros é de R$ 750 mil.
O preço é alto perto de um ônibus convencional do mesmo porte, que pode variar entre R$ 400 e R$ 500 mil.
Mas a diferença de preços entre o trólebus e o ônibus diesel tem ficado menor.
“Por causa destas quantidades maiores negociadas, o preço do trólebus está mais atraente e a tecnologia nacional está com um custo mais baixo que dos fabricantes internacionais” – explicou Ieda Maria Alves de Oliveira, gerente comercial da Eletra, empresa que fornece o sistema dos trólebus novos da Capital Paulista e dos veículos do ABC.
Além disso, segundo Ieda, por quilômetro percorrido, o custo de operação de trólebus é mais barato que o ônibus diesel, considerando abastecimento e manutenção. A vida útil de um trólebus é de 20 anos, em alguns casos podendo chegar a 30, enquanto que de um ônibus comum é em torno de 10 anos.
No entanto, a operação do trólebus poderia ser mais barata se houvesse uma adequação da política de preços de energia elétrica.
Ainda hoje, nos horários de pico, o trólebus e até mesmo o metrô pagam uma taxa de energia maior como qualquer cidadão comum que demora no banho no início da noite.
“É um serviço de utilidade pública. Não há desperdício no horário de pico. Nem o trólebus, nem o trem e nem o metrô podem ser sobretaxados numa faixa de horário na qual ele é mais útil ainda por transportar mais pessoas” – defende Ieda.
Ela afirma que o passo agora é conscientizar o poder público para considerar a implantação de sistemas de trólebus nos novos projetos de corredores exclusivos de ônibus do tipo BRT – Bus Rapid Transit.
“Além de corredores eficientes, precisamos de corredores verdes, não poluentes. Os ganhos de qualidade de vida e a redução dos custos ocasionados pela poluição justificam os investimentos em sistemas de transportes limpos, como o trólebus. E não são altos demais estes investimentos. Os custos de implantação de uma rede, com as subestações e toda a estrutura são de R$ 1,6 milhão por quilômetro, valor facilmente coberto pela economia gerada na manutenção e operação, além dos benefícios à saúde pública, por exemplo” – conta Ieda Maria Alves de Oliveira, gerente comercial da Eletra.

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