Questões de mobilidade urbana serão discutidas na Revisão do Plano Diretor
por Leandro Fonseca
Proposta é priorizar transporte coletivo em São Paulo, que contabiliza mais de 7 milhões de automóveis em toda a cidade
A prefeitura de São Paulo tem como prioridade em 2013 a revisão do Plano Diretor, que pretende discutir, além de outros pontos, questões de mobilidade urbana. Construção de corredores de ônibus e incentivo ao uso do transporte coletivo são apenas algumas propostas de melhoria do trânsito e do excesso de tempo no deslocamento de paulistanos na cidade. Além desses assuntos, a revisão do Plano tem por objetivos a geração de empregos na periferia, o estímulo da produção de habitação no centro expandido e a melhora na qualidade do solo, além de priorizar o transporte coletivo e a proteção de áreas verdes.
Para José Américo, vereador e atual presidente da Câmara Municipal de São Paulo, algumas medidas resolvem de forma paliativa o problema da mobilidade urbana. “São Paulo já tem um número de ônibus e microônibus absurdo. Se aumentar, a cidade não anda. Se constrói corredores de ônibus, ajuda muito, mas até quando? Em cinco anos a quantidade de carros da população aumenta de novo, e não dá tempo de se construir metrô pra todo mundo tão rápido”, afirma.
O trânsito está entre as quatro áreas consideradas mais problemáticas na cidade de São Paulo, segundo a pesquisa Dia Mundial sem Carro de 2012, realizada pela Rede Nossa São Paulo e o Ibope. A pesquisa considerou que 80% dos paulistanos entrevistados analisam a situação do trânsito como ruim ou péssima. De acordo com a pesquisa, a medida mais citada pela população em transporte público é a ampliação das linhas de metrô e trem. O estudo revela, ainda, que a ampliação dos corredores de ônibus passou de 34%, em 2011, para 41%, em 2012, como prioridade de investimento para os paulistanos.
Dados do DETRAN-SP de 2012 (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo) apontam que a frota paulistana é de 7,5 milhões de veículos. O vereador Nabil Bonduki, relator do Plano Diretor Estratégico de 2002, afirma que a lógica presidida no processo de construção da cidade de São Paulo foi a de que o espaço público é para o automóvel. “Em São Paulo, a ênfase viária do planejamento da cidade é muito forte. Tanto que o plano mais conhecido de São Paulo é o plano de avenidas. Em geral, se costuma dizer que o viário é o que manda na cidade”, diz.
Bonduki critica, ainda, as gestões anteriores que incentivaram a propagação do uso de veículos. “Em desacordo com o Plano Diretor, quando José Serra foi governador, criou três pistas na marginal do Tietê, sem prever nenhum corredor exclusivo para o transporte coletivo, sem criar uma ciclovia, sem se preocupar com nada além de aumentar o espaço viário para os automóveis”.
A revisão do Plano Diretor contará com a participação pública, através de reuniões realizadas em cada uma das subprefeituras, que serão divulgadas este ano pela Câmara Municipal nos mais diversos veículos de comunicação. “O processo participativo é importante, pois traz pra esse debate olhares que muitas vezes os técnicos e os gabinetes não conseguem ter”, aponta.
Sobre as intenções da prefeitura em incluir a população paulistana na discussão da revisão, Américo acredita na possibilidade do diálogo. “Não adianta apenas aprovar uma coisa de modo autoritário e enfiar essa coisa pela goela das pessoas. A lei aprovada é imperativa, ou seja, as pessoas têm que cumprir e ponto final. Mas não basta isso. A ideia é fazer que esse processo seja democrático”, aponta.
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