segunda-feira, 25 de março de 2013

Alívio para escoar safra só chega no ano que vem

No curto prazo, não há previsão de término de nenhuma obra importante de infraestrutura que ajude a desatar o nó logístico.
Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress
No que depender de ampliação da infraestrutura de transportes, a atual safra de grãos brasileira vai continuar demorando a ser embarcada. Não há, na carteira de projetos em andamento sob supervisão do Ministério dos Transportes, nenhuma obra para ser entregue nas próximas semanas que alivie o problema.
Uma ajuda importante virá somente para a próxima safra, assegura ao Estado o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Ele diz que ainda este ano será concluída a pavimentação da BR 163 até o porto de Miritituba (PA). Até o momento, 52% do trecho de terra, de 883 quilômetros, já foram asfaltados.
As obras desaceleraram a partir de novembro, por causa do período chuvoso, mas serão retomadas a partir de abril “em ritmo pesado”, informa Passos.
Assim, a soja produzida no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul terá uma opção de escoamento pelo norte do País, um trajeto cerca de 700 quilômetros mais curto do que o percorrido hoje, quando os grãos são exportados a partir dos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
Os mais otimistas acreditam que ainda nesta safra os trilhos da Ferronorte chegarão ao município de Rondonópolis (MT). Dessa forma, toda a produção da região poderá seguir de trem até o porto de Santos, na Baixada Santista. Embora diga que a conclusão da obra é iminente, o ministro é cauteloso quanto a isso.
“De curto prazo, não tem solução”, concordou o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Pedro Brito, ex-ministro dos Portos. Ele avalia que as soluções para ampliar a capacidade do porto de Santos são de médio e longo prazos.
Armazenagem
Na avaliação de Brito, o ‘apagão’ portuário tem relação com a baixa capacidade de armazenamento dos grãos no Brasil. Na falta de locais para estocar a produção, os caminhões são convertidos em depósitos improvisados. “Os Estados Unidos têm capacidade de silagem para praticamente duas safras”, compara.
Esse deve ser um dos pontos atacados no conjunto de medidas operacionais que o governo está elaborando no grupo de trabalho formado pelos ministérios de Transportes e Agricultura.
O ministro Passos comenta que recentemente se formou uma fila de 25 quilômetros de caminhões no pátio da empresa ALL em Itiquira (MT) porque eles chegaram antes da data agendada para descarga.
Outras medidas de caráter operacional podem ser adotadas para amenizar o congestionamento nos portos, segundo Passos. Ele não informa, porém, que providências são essas. Na avaliação do ministro dos Transportes, a atual safra de grãos é “atípica”, dado seu grande volume.
A mesma razão foi apontada na quarta-feira pelo ministro-chefe da Secretaria de Portos, Leônidas Cristino. Ele comentou que a produção elevada agravou as dificuldades de embarque. Para piorar, as chuvas na região de Santos impedem o embarque de grãos, já que os terminais portuários não têm cobertura.
O ‘apagão’ logístico “até que demorou a acontecer”, segundo avaliação de um integrante do governo. Dada a lentidão com que as obras vêm sendo executadas e o crescimento da produção agrícola voltada à exportação, os congestionamentos nos portos eram mais do que previsíveis, diz esse integrante.
A aposta agora é nos pacotes de ferrovias e de portos, desenhados exatamente com foco na exportação da produção brasileira. Mas as novas linhas férreas só ficarão prontas daqui a cinco anos, se tudo correr como o planejado.
Fonte:  O Estado de S.Paulo, Por Lu Aiko Otta

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