Depois de 21 anos (desde a inauguração em 1992 do atual sistema de integração com dois terminais urbanos), o primeiro passo para uma nova transformação de grande impacto no transporte coletivo de Sorocaba foi anunciado ontem pelo prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB). Ele informou que Sorocaba vai receber R$ 228,1 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) do governo federal para investimentos em transportes, saneamento básico e pavimentação.
Dos R$ 228,1 milhões, R$ 127 milhões serão destinados ao início da implantação do sistema BRT (sigla em inglês para Bus Rapid Transit), que é o chamado “Ônibus Rápido”, sistema já utilizado em Curitiba (PR). Pannunzio comemorou, segundo sua assessoria de comunicação: “Essa liberação é muito importante, porque vamos poder cumprir com aquilo que assumimos em campanha para as duas primeiras linhas do BRT, que são da Norte-Sul e Leste-Oeste.”
O anúncio dos recursos foi feito pela presidente da República, Dilma Rousseff (PT). Pannunzio foi a Brasília ontem, a convite do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, para participar da reunião com governadores e prefeitos com a finalidade de tratar da Nova Seleção PAC – Saneamento, Mobilidade e Pavimentação.
Pannunzio informou que dos R$ 228,1 milhões, a maior parte, R$ 127,2 milhões, será destinada à área de mobilidade urbana; outros R$ 92,3 milhões serão para saneamento e R$ 8,6 milhões para a pavimentação de vias. “Com os recursos do PAC 2, a Prefeitura dará andamento aos projetos e às propostas que Pannunzio apresentou em sua campanha eleitoral, como, por exemplo, o de melhoria do transporte coletivo urbano”, acrescentou a Secretaria de Comunicação (Secom) da Prefeitura.
Para a obtenção dos recursos, a Prefeitura enviou ao Ministério das Cidades o projeto preliminar de implantação do BRT. Por esse projeto, estão previstas inicialmente a implantação das Linhas Norte-Sul e Leste-Oeste. A Linha Leste-Oeste ligará o bairro de Brigadeiro Tobias à região das avenidas Armando Pannunzio e General Carneiro. E a linha Norte-Sul ligará o Campolim à zona norte, por meio das avenidas Itavuvu e Ipanema. Também está prevista ligação com a Zona Industrial por meio do BRT.
Em 1992, Pannunzio estava no último ano do seu primeiro mandato (1989/1992), quando inaugurou o sistema de integração composto dos terminais Santo Antônio e São Paulo. Foi quando o transporte de Sorocaba viveu a primeira transformação após um período de vários anos operado pela antiga Viação Manchester (Vima), que prestava um serviço que acabou em reprovação da população e da administração municipal. A Vima teve a concessão cassada pelo ex-prefeito Paulo Mendes (PSDB), atual líder do governo na Câmara. A integração beneficiou os passageiros, que passaram a pagar uma só tarifa para ir de uma origem a qualquer destino da cidade. O sistema de transporte melhorou e, anos depois, ganhou terminais de transferências no Éden, Jardim Ipiranga, nas avenidas Ipanema, Itavuvu e na Vila Hortênsia, que será inaugurada no sábado.
Concessionárias
Em janeiro deste ano, o presidente da Urbes, Renato Gianolla, ao conceder entrevista ao Cruzeiro do Sul, informou que na adoção do BRT as empresas concessionárias do transporte terão que comprar ou adaptar os ônibus. E, para isso, segundo ele, existirão dois momentos: o primeiro seria a contratação do projeto básico e executivo, e o segundo foi o anunciado por Pannunzio ontem, que é a obtenção de recursos federais.
Gianolla também acrescentou naquela entrevista que em dezembro passado enviou às concessionárias carta na qual pediu que elas não comprem nenhum ônibus para Sorocaba, sem sentar com a Urbes para verificações. Ele descreveu na entrevista de janeiro: “Eu ainda não posso falar com efetiva certeza, mas posso dizer que a maior parte, se não toda frota de ônibus de Sorocaba, terá porta pela esquerda, porque os ônibus passarão pelo corredor para chegar na cidade. E os atuais terão que ser substituídos ou adaptados. Fora isso, têm os ônibus articulados.”
Ele admitiu que também será necessário avaliar se será preciso reavaliar ou não o contrato de concessão. “Definiremos também quem vai operar o BRT, quem vai dar manutenção nas estações, se será a própria Urbes ou se haverá a terceirização. O ideal seria se houvesse um interesse das concessionárias.”
Projeto polêmico
O projeto do BRT provocou polêmica na campanha eleitoral do ano passado. O então candidato a prefeito do PMDB, Renato Amary, questionou a compatibilidade desse sistema em comparação com o traçado das ruas de Sorocaba. Num dos seus programas, baseado em dados da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), a avaliação divulgada foi de que para um ônibus do tipo BTR ser utilizado em uma avenida precisaria de 3,5 metros de cada lado da via, mais 3,2 metros entre elas, onde funcionaria uma baia de emergência. E, tomando a avenida São Paulo como exemplo, o programa eleitoral de Amary mostrou que sobraria apenas 90 centímetros para os carros transitarem. A referida avenida tem 11,2 metros de largura em cada sentido, ante 1,8 metro de largura dos veículos compactos.
Na época, a assessoria do então candidato Pannunzio informou que recebia as críticas com “naturalidade” e garantiu que a circulação dos ônibus articulados em Sorocaba é possível. A assessoria tucana acrescentou que foi feito este teste e “ficou comprovado que não há problemas”. O mencionado teste foi feito em avenidas e em ruas como a Souza Pereira, Álvaro Soares, Dom Antônio Alvarenga, viaduto Jânio Quadros, Hermelino Matarazzo e Comendador Oeterer. E na avenida Luiz Mendes de Almeida e imediações do largo do Divino.
Esgoto e pavimentação
Na área de saneamento, os R$ 92,3 milhões também obtidos do governo federal serão aplicados na duplicação da capacidade de tratamento de esgoto da Estação Sorocaba 1 (S1) e na ampliação do sistema de abastecimento de água para a zona norte de Sorocaba.
O PAC 2 também beneficiará o serviço de pavimentação de vias, com a destinação de R$ 8,6 milhões para pavimentação de uma série de vias, como a rua Protássio de Camargo Sampaio, no Jardim Francine, a Euclides Cassiano Araújo, no Jardim Iporanga 1, além de obras recapeamento.
Do total de recursos a ser liberado pelo PAC 2, 53,4% serão financiados. Além disso, R$ 38,9 milhões vão ser a fundo perdido, ou seja, recursos dentro do próprio orçamento da União a serem destinados à Prefeitura de Sorocaba.
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul, Por Carlos Araújo
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