Ainda sem uma legislação específica para regular o setor, o número de ciclistas profissionais que trabalham fazendo entregas na cidade de São Paulo já chega a cerca de 2,5 mil, segundo estimativa do Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas do Estado de São Paulo (Sindimotos). Os bikeboys disputam espaço no caótico trânsito paulistano com uma frota de 5,3 milhões de carros e cerca de 1 milhão de motocicletas.
De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde, nove ciclistas são internados por dia em hospitais públicos do estado de São Paulo, vítimas de acidentes de trânsito. Em média, a cada dois dias, pelo menos um dos ciclistas internados morre. No ano passado, 3,2 mil usuários de bicicletas foram internados no estado, o que gerou um gasto de R$ 3,3 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS).
“A questão de segurança é o que preocupa a gente. Hoje já há uma carnificina com as motocicletas, e vem aumentando o número de acidentes com ciclistas, mas não só com os profissionais, com os que utilizam bicicleta para lazer, também. Não tem nenhum tipo de regra, ou de legislação do que pode e o que não pode na questão das bicicletas”, disse o presidente do sindicato, Gilberto Almeida.
O sindicalista ressalta que, nos últimos anos, está havendo um grande incentivo do poder público ao uso da bicicleta, mas sem se criar uma regulamentação de segurança. “O Poder Público está dando incentivo para a questão das bicicletas, mas eles precisam começar a olhar a parte da segurança também, porque vamos passar a ter uma série de acidentes envolvendo bicicletas, igual ao que a gente tem com moto. A gente não vê por parte do Poder Público algo que traga segurança para esses profissionais”.
Sócio da Carbono Zero Courier, uma empresa que presta serviços de entrega feito por ciclistas, Rafael Mambretti, de 31 anos, conta que começou em 2010 com dois ciclistas e hoje tem cerca de 30 funcionários, 20 com contrato em carteira, e dez freelancers (prestadores de serviço ocasionais). “Todos são apaixonados pela bicicleta, gostam de pedalar. O cara é fotógrafo, a agenda dele é flexível, ele gosta de pedalar, junta o útil ao agradável, ganha um dinheiro para fazer uma coisa que ele gosta”.
Rafael destaca que o serviço feito com bicicletas é complementar ao feito pelos motociclistas. A bike, segundo ele, é mais ágil em distâncias mais curtas, em jornadas de 15 quilômetros, e com um preço que pode ser até 50% menor que o cobrado pelos motofretistas.
“Eu vou fazer um serviço no centro e posso parar em um poste, em uma grade na frente do prédio. A moto tem que achar um bolsão de estacionamento, achar a vaga, estacionar, e o entregador depois tem que ir andando. Nisso a bicicleta ganha tempo. O ciclista, se ele quer fazer uma conversão na Avenida Paulista, pode descer da bicicleta, atravessar a rua como pedestre e sair andando”.
A empresa exige que o ciclista utilize o capacete de segurança, mas os demais equipamentos, como luvas e óculos, ficam a critério do empregado. No entanto, Rafael garante que a empresa não pressiona os ciclistas a fazer entregas com horários apertados.
“Tem entregas que, fisicamente, são possíveis, mas vão exigir uma velocidade do ciclista maior do que o normal, então a gente não aceita para o horário. Os ciclistas que não são freelancers, eles não são remunerados por entrega, são remunerados por um valor fixo mensal, para evitar pressão”.
Joelson Brasiliano da Silva, de 32 anos, é um dos ciclistas mais antigos da empresa de Rafael. Pedala cerca de 70 quilômetros por dia. Nunca se acidentou com gravidade, mas sente a mesma insegurança que os motociclistas enfrentam no trânsito de São Paulo.
“É quase a mesma coisa com a bike. A moto é um pouco mais rápido, às vezes você não tem tempo de desviar, mas a bike, como é mais devagar, dá tempo de frear. Mas já sofri acidente. No começo, o reflexo não está tão aguçado, não tem como evitar”.
Fonte: Agência Brasil, Por Bruno Bocchini
Edição: Davi Oliveira
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