O presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Renato Barco, se comprometeu hoje a ampliar o sistema informatizado de agendamento de caminhões destinados ao porto de Santos.
O compromisso foi firmado em reunião extraordinária convocada pelo Conselho de Autoridade Portuária (CAP) por conta do excesso de filas que congestionam há pelo menos duas semanas as vias portuárias e o acesso rodoviário a cidades da Baixada Santista. Não foi, contudo, estabelecida uma meta nem um período para alcançar o resultado.
“Criamos uma agenda fixa de trabalho e vamos nos reunir na próxima quarta-feira para ver o que avançou”, disse o presidente do CAP, Bechara Abdalla Neves. Ele admitiu, ainda, que não há como garantir eficácia das medidas já que o CAP não tem poder de punição, disse em entrevista ao Valor.
O alcance das medidas tende a ser menor com o esvaziamento das funções do conselho, que, pela MP dos Portos, perdeu o poder deliberativo e passou a ser apenas um órgão consultivo. “Estamos em Brasília tentando reverter essa situação”, disse Neves.
A obrigação do agendamento prévio de cargas já existe desde 2000, quando o CAP emitiu a primeira resolução afeta ao tema. Outras três foram baixadas em 2001, 2007 e 2011. “Cobramos hoje o cumprimento dessas resoluções, mas realmente não existe instrumento de punição. O presidente Barco reconheceu que o agendamento está sendo feito parcialmente e se comprometeu a ampliar e cobrar dos terminais”, disse Neves.
Nas últimas semanas os acessos ao porto e as vias do porto foram travados pelo excesso de carretas. Um dos piores dias na quarta-feira. Em volume absoluto, disse a Ecovias, os números ficaram em linha com os registrados no mesmo dia do ano passado: 11 mil carretas desceram a Serra do Mar. O problema, contudo, segundo a concessionária, foi o local do trânsito, na confluência de rodovias que acessam Cubatão, Santos e São Vicente – ponto que concentra também o tráfego de veículos de passeio.
Neves criticou também a utilização dos pátios reguladores de carretas para fins que não os de estacionamento de caminhões. “A Codesp precisa fiscalizar isso”. No passado, a estatal credenciou dois pátios reguladores responsáveis pela triagem das carretas destinadas ao porto. Ambos ficam em Cubatão.
Em nota enviada ontem, a Codesp listou uma série de causas para os congestionamentos. Entre as quais a supersafra de grãos, o protesto de caminhoneiros e o fluxo de veículos acima do agendado para alguns terminais, além do “ligeiro decréscimo na participação da ferrovia no transporte de cargas destinado ao complexo santista”. Segundo a estatal, na quarta-feira, porém, a principal causa foi a falta de rotatividade nos pátios reguladores, em Cubatão.
A Codesp disse ter reafirmado, em conversa com os terminais, a necessidade de cumprirem a programação de chegada de veículos previamente agendada. A estatal afirma que há cerca de dois anos trabalhou no desenvolvimento de um sistema capaz de acompanhar a programação de agendamento dos terminais, comparando dados enviados pelos operadores/terminais, referentes ao número de veículos agendados, a taxa de ocupação de pátios e armazéns e o atendimento ao navio.
“Hoje, o software está plenamente desenvolvido e cerca de 70% dos leitores estão instalados. O grande deficit é a falta de integração de diversos terminais junto ao sistema para que a Codesp possa dispor da programação e demais informações prestadas por esses terminais. Se o sistema não for alimentado por todos os terminais de forma abrangente e precisa, toda ação fica comprometida”.
Fonte: Valor, Por Fernanda Pires
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