Subsídio das passagens é pago por prefeitura e província; em um ano, viagens de ônibus aumentaram 300%
Bernardo Mello Franco
Enviado Especial a Hasselt (Bélgica)
A cidade do interior da Bélgica citada por dirigentes do MPL (Movimento Passe Livre) como exemplo a ser seguido no Brasil vai voltar a cobrar pelas viagens de ônibus.
Com pouco mais de 70 mil habitantes, Hasselt (a 90 km de Bruxelas) inovou em 1997 ao oferecer transporte público de graça para todos.
A cidade foi mencionada por Lucas Monteiro, um dos porta-vozes do MPL, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, no último dia 17.
Ele também citou cidades nos EUA e na China onde os ônibus seriam gratuitos. "Então não é uma coisa que não acontece em lugar nenhum do mundo", concluiu Monteiro.
O sistema funcionou em Hasselt com sucesso por 16 anos, mas será abandonado no início de 2014. A decisão é consequência da crise que tem obrigado a zona do euro a apertar suas finanças.
A ideia de abolir as catracas foi lançada pelo então prefeito Steve Stevaert, do Partido Socialista Flamengo.
O projeto soou excêntrico à primeira vista, mas logo ganhou amplo apoio popular. Como a província de Limburgo já subsidiava 75% dos bilhetes, a prefeitura de Hasselt só precisou entrar com os 25% restantes para abolir a cobrança aos passageiros.
"Foi um sucesso. Rapidamente virou uma marca registrada da cidade", conta Maarten De Schepper, técnico de mobilidade do município.
A gratuidade mudou os hábitos da população. No primeiro ano, o número de viagens de ônibus saltou de 360 mil para 1,5 milhão, um aumento de 316%. Em 2012, chegou a 4,5 milhões.
O sistema parecia ir de vento em popa, mas os custos para os cofres públicos aumentaram até atingir 2 milhões de euros anuais (R$ 5,7 milhões), o equivalente a 1% do orçamento municipal.
Com a crise na zona do euro, as prefeituras foram obrigadas a cortar despesas. Enquanto cidades vizinhas demitiam funcionários, Hasselt optou, em abril, pelo fim do transporte público gratuito.
A medida valerá a partir de 1º de janeiro do ano que vem. O clima é de fim de festa, mas não houve protestos, segundo autoridades e moradores ouvidos pela reportagem.
"É uma pena. Tenho 19 anos e nunca tive que pagar para circular de ônibus em Hasselt", disse à Folha a estudante Janne Daelemans.
"A população não está feliz com a medida, mas entende que ela é necessária porque estamos passando por uma crise grave", disse Nadja Vananroye, secretária de Bem-Estar Social.
Para reduzir o impacto da mudança, a prefeitura manterá parte do subsídio. A tarifa custará 0,5 euro (R$ 1,43), metade do valor cobrado em municípios vizinhos. De graça, só viajarão idosos e menores de 18 anos.
Bernardo Mello Franco
Enviado Especial a Hasselt (Bélgica)
A cidade do interior da Bélgica citada por dirigentes do MPL (Movimento Passe Livre) como exemplo a ser seguido no Brasil vai voltar a cobrar pelas viagens de ônibus.
Com pouco mais de 70 mil habitantes, Hasselt (a 90 km de Bruxelas) inovou em 1997 ao oferecer transporte público de graça para todos.
A cidade foi mencionada por Lucas Monteiro, um dos porta-vozes do MPL, no programa "Roda Viva", da TV Cultura, no último dia 17.
Ele também citou cidades nos EUA e na China onde os ônibus seriam gratuitos. "Então não é uma coisa que não acontece em lugar nenhum do mundo", concluiu Monteiro.
O sistema funcionou em Hasselt com sucesso por 16 anos, mas será abandonado no início de 2014. A decisão é consequência da crise que tem obrigado a zona do euro a apertar suas finanças.
A ideia de abolir as catracas foi lançada pelo então prefeito Steve Stevaert, do Partido Socialista Flamengo.
O projeto soou excêntrico à primeira vista, mas logo ganhou amplo apoio popular. Como a província de Limburgo já subsidiava 75% dos bilhetes, a prefeitura de Hasselt só precisou entrar com os 25% restantes para abolir a cobrança aos passageiros.
"Foi um sucesso. Rapidamente virou uma marca registrada da cidade", conta Maarten De Schepper, técnico de mobilidade do município.
A gratuidade mudou os hábitos da população. No primeiro ano, o número de viagens de ônibus saltou de 360 mil para 1,5 milhão, um aumento de 316%. Em 2012, chegou a 4,5 milhões.
O sistema parecia ir de vento em popa, mas os custos para os cofres públicos aumentaram até atingir 2 milhões de euros anuais (R$ 5,7 milhões), o equivalente a 1% do orçamento municipal.
Com a crise na zona do euro, as prefeituras foram obrigadas a cortar despesas. Enquanto cidades vizinhas demitiam funcionários, Hasselt optou, em abril, pelo fim do transporte público gratuito.
A medida valerá a partir de 1º de janeiro do ano que vem. O clima é de fim de festa, mas não houve protestos, segundo autoridades e moradores ouvidos pela reportagem.
"É uma pena. Tenho 19 anos e nunca tive que pagar para circular de ônibus em Hasselt", disse à Folha a estudante Janne Daelemans.
"A população não está feliz com a medida, mas entende que ela é necessária porque estamos passando por uma crise grave", disse Nadja Vananroye, secretária de Bem-Estar Social.
Para reduzir o impacto da mudança, a prefeitura manterá parte do subsídio. A tarifa custará 0,5 euro (R$ 1,43), metade do valor cobrado em municípios vizinhos. De graça, só viajarão idosos e menores de 18 anos.
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