domingo, 16 de junho de 2013

Datafolha: avaliação do paulistano sobre transporte público é a pior em 26 anos

Ao todo, 55% dos entrevistados consideraram o sistema de transporte ruim ou péssimo


Do R7
Ônibus foi meio de transporte com pior avaliação na pesquisaLuiz Claudio Barbosa/Futura Press/Estadão Conteúdo
Em meio aos protestos que acontecem desde o início do mês, a pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (15) aponta a insatisfação do paulistano em relação ao transporte público na capital. A avaliação dos entrevistados é a pior desde 1987 — quando foi feita o primeiro levantamento do tipo pelo instituto.

De acordo com a pesquisa, 55% das 815 pessoas ouvidas consideraram o sistema de transporte (incluindo ônibus, metrô e trem) ruim ou péssimo. O índice ficou 13 pontos percentuais acima do registrado em setembro de 2011.

Outros 29% afirmaram que o transporte público é “regular” e para apenas 15% ele foi considerado “ótimo”.
Meios de transporte 

Entre os meios de transporte, o ônibus foi o que teve pior avaliação: 54% o classificaram com “ruim ou péssimo”. Para 27% dos entrevistados, o coletivo é “regular”. Outros 16% o consideram “ótimo ou bom”.

O ônibus, de acordo com a pesquisa, é o meio de transporte mais utilizado na capital. Ao todo, 73% das pessoas ouvidas se disseram usuárias do sistema.
Já o trem, teve reprovação de 40% dos ouvidos, que classificaram o transporte como ruim ou péssimo. Para 23% ele é regular e para 15%, ótimo ou bom.
O metrô teve a melhor avaliação entre os usuários: 32% de ótimo ou bom e 34% de ruim ou péssimo.

Pesquisa mostra apoio de 55% dos paulistanos a protestos contra aumento das tarifas

Ao menos 242 manifestantes foram detidos em manifestação; 105 civis e 12 PM ficaram feridos
Os protestos contrários ao reajuste da tarifa do transporte público em São Paulo têm apoio de 55% da população paulistana, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha nessa quinta-feira (14). O levantamento foi feito antes da manifestação dessa quinta, que deixou ao menos 105 feridos.
Foram ouvidas 815 pessoas, com 16 anos ou mais, e 41% delas disseram ser contrárias aos protestos. A margem de erro é de quatro pontos porcentuais, para mais ou para menos.
O instituto também perguntou se os manifestantes "foram mais violentos do que deveriam, violentos na medida certa ou menos violentos do que deveriam". A maioria, 78%, disse que foram mais violentos e 15% responderam ter sido na "medida certa".
Já os policiais foram considerados "mais violentos do que deveriam" por 40% dos entrevistados e "na medida certa", por 47%. A atuação policial foi considerada "menos violenta do que deveria" por 8%.
Ainda segundo a pesquisa, 67% dos paulistanos afirmaram que o reajuste da tarifa de R$ 3 para R$ 3,20 foi alto, contra 29% que o consideraram adequado.
Tarifa mantida
Um dia após o quarto protesto, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), voltou a negar a possibilidade, proposta pelo Ministério Público, de revogar temporariamente o reajuste em troca da suspensão das manifestações. Haddad afirmou que a Prefeitura não entra em um "jogo de tudo ou nada".
O MPL (Movimento Passe Livre, à frente dos protestos, marcou outro ato para esta segunda-feira (17), no Largo da Batata, na zona oeste, às 17h.
Assista ao vídeo:
Do R7
Protestos são organizados pelo Movimento Passe LivreDaia Oliver/R7
O grupo MPL (Movimento Passe Livre) marcou outro protesto contra o aumento das tarifas de transporte coletivo em São Paulo. A nova manifestação está prevista para a próxima segunda-feira (17), no largo da Batata, em Pinheiros, a partir das 17h. Nesta quinta-feira (13), a manifestação acabou novamente em confronto entre os jovens e a Polícia Militar, que usou bombas de efeito moral e balas de borracha.
Como nos outros atos, a organização está enviando convites para o "evento" pelo Facebook. O texto da página ressalta que a batalha da população paulistana contra o aumento das passagens está cada vez "maior e mais forte". "Mas a única resposta do governo é uma repressão policial mais truculenta e arbitrária a cada ato", continua o texto. "Eles querem nos calar, nos separar, nos enfraquecer. Mas nós não deixaremos! Ninguém vai nos deter em nosso direito de nos manifestar até a tarifa baixar!".
Detidos
A polícia deteve 242 pessoas durante o quarto dia de protesto contra o aumento das passagens do transporte público.Quatro pessoas ainda estão presas, sem direito a pagamento de fiança, por formação de quadrilha, incitação ao crime e dano qualificado ao patrimônio. Elas foram levadas à carceragem do 2º Distrito Policial (Bom Retiro) e estão à disposição da Justiça.
A manifestação desta quinta-feira (13) foi marcada por violência e repressão. A Polícia Militar e manifestantes entraram em confronto por volta das 19h na região da rua Maria Antônia. Policiais militares jogaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo nos manifestantes, que revidaram tacando objetos. Além disso, os jovens colocaram fogo em lixo e picharam e depredaram ônibus.
O major Lídio, da Polícia Militar, declarou que o descumprimento do acordo feito com o Movimento Passe Livre gerou o confronto.
— O movimento não cumpre palavra. Então, o que foi acertado é que eles viriam até a praça Roosevelt para fazer a manifestação aqui. Como eles não cumpriram o acordo, nós estamos recuando nossa linha [de bloqueio] para que depois a própria imprensa registre que eles não estão cumprindo o acordo.
A declaração do major ocorreu minutos antes de a polícia lançar bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar o grupo de manifestantes. De acordo com a polícia, foi combinado que o grupo iria apenas até a praça Roosevelt e não seguiria pela rua da Consolação em sentido à avenida Paulista. Segundo a PM, como os manifestantes tentaram seguir em frente e não houve novo acordo com o grupo, ocorreu o lançamento das bombas.
Movimento Passe Livre
Os quatro protestos que pararam São Paulo, nos últimos dias, são organizados pelo Movimento Passe Livre. O MPL tem como principal bandeira a mudança do sistema de transporte das cidades da iniciativa privada para um modelo público, "garantindo o acesso universal através do passe livre para todas as camadas da população". O movimento calcula que 37 milhões de brasileiros deixam de utilizar o transporte público por não poder arcar com o custo das passagens.
Na prática, o MPL quer que o transporte público seja gratuito. Portanto, a briga não é somente contra o aumento de R$ 0,20 na tarifa do transporte coletivo em São Paulo — de R$ 3,00 para R$ 3,20. Sua carta de princípios diz que “o MPL deve ter como perspectiva a mobilização dos jovens e trabalhadores pela expropriação do transporte coletivo, retirando-o da iniciativa privada, sem indenização, colocando-o sob o controle dos trabalhadores e da população”.

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