Lançadas em 1977, as duas sondas ainda estão no Sistema Solar rumo ao espaço interestelar
Jornal da Tarde
Há 35 anos tinha início a maior viagem realizada até hoje por uma máquina feita pelo ser humano. As naves espaciais Voyager 2 e Voyager 1 foram lançadas, respectivamente, nos dias 20 de agosto e 5 de setembro de 1977 e ainda surpreendem os cientistas. As sondas construídas para a exploração interplanetária se dirigem para a borda de nosso sistema solar, próximas ao espaço interestelar.
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Apesar de ter sido lançada 16 dias após sua irmã gêmea, a Voyager 1 está mais distante. A localização atual dela é de 18,2 bilhões de quilômetros do Sol, cerca de 3 bilhões de quilômetros mais longe do que a Voyager 2, que em 13 de agosto se tornou a espaçonave mais antiga em atividade – batendo o recorde da Pioneer 6, lançada em dezembro de 1965 e que enviou sinais por 12.758 dias.
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Cientistas acreditam que as naves do Projeto Voyager estejam atualmente na heliosfera, a bolha de partículas eletricamente carregadas sopradas para fora pelo Sol.
Desde 2004, a sonda Voyager 1 explora a região da bolha que envolve o Sistema Solar, onde os ventos solares se aquecem e experimentam uma incrível desaceleração de velocidade.
Há muitos meses os cientistas têm observado que a Voyager 1 se comporta como se estivesse em plena travessia da fronteira em direção à matéria escura, ou o espaço interestelar.
Os especialistas só não sabem ainda quanto tempo levará para que a sonda rompa essa barreira. A torcida é para que isso aconteça antes de 2025, quando as baterias de plutônio das sondas devem acabar e ambas as máquinas irão prosseguir sua incrível odisseia pelo espaço de forma silenciosa.
Um dos que festejam cada nova descoberta como se fosse a última é Ed Stone, cientista do projeto da agência espacial norte-americana (Nasa) desde o lançamento das duas sondas. "A era espacial tinha apenas 20 anos e não havia nenhuma evidência de que qualquer espaçonave poderia viajar para tão longe do Sol", declarou o coordenador da missão em entrevista à revista Nature deste mês.
Para Stone, de 76 anos, detectar e caracterizar o limite do Sistema Solar – chamado de heliopausa – seria o bônus final para as sondas de mais de três décadas de idade. "Após 35 anos, as nossas espaçonaves estão prestes a fazer novas descobertas. Esperamos ansiosamente os sinais de que entramos no espaço interestelar", revelou o físico ao jornalThe Guardian.
O que inicialmente foi planejado pela Nasa para ser uma missão de quatro anos, para capturar dados e imagens de Júpiter e Saturno, logo se estendeu para outros dois planetas. O feito a tornou ainda mais grandiosa graças a uma meticulosa correção de rota da Voyager 2, permitindo a nave que tem o tamanho de um carro popular se aproximar de Urano e Netuno.
Mas essa aventura interplanetária foi pensada ainda nos anos 1960, quando os cientistas decidiram aproveitar o raro alinhamento de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno para encurtar o caminho e economizar combustível, ao aproveitar a força gravitacional de cada planeta como impulso.
O ambicioso plano era uma oportunidade única para aquela geração, pois só se repete a cada 175 anos. E a história da ciência continua a ser escrita após as naves Voyager 1 e Voyager 2 terem revelado a atmosfera profunda e nebulosa da lua de Saturno, Titã, os vulcões da lua de Júpiter, Io, o campo incomum magnético de Urano, e os gêiseres de Tritão, o mundo gelado que orbita o planeta Netuno.
Ao ser questionado quanto ao fim dessa viagem aos confins do Sistema Solar, Ed Stone é sintético: "Uma coisa que a Voyager nos ensinou foi estarmos preparados para ser supreendidos".
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