O início de gestão da nova concessionária do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), já está despertando o interesse de empresas interessadas em sua expansão.
Depois de representantes de companhias aéreas como American Airlines e Emirates se reunirem com executivos da nova administração, a gigante logística de origem alemã Deutsche Post DHL manifestou interesse em atuar no terminal.
A DHL vai solicitar à Receita Federal brasileira uma área para gerir importação e exportação de cargas dentro do aeroporto. A concessionária e a própria Infraero já deram sinal verde para que a empresa continue o trâmite burocrático para obter a liberação das autoridades.
O interesse da DHL e de outras companhias é aproveitar a expansão do aeroporto – o que será decorrente das obrigações de investimentos impostas pelo governo ao passar a administração do terminal a uma sociedade controlada pela iniciativa privada.
Os investimentos para a expansão do aeroporto somam R$ 1,5 bilhão até 2014, sendo que o principal empreendimento será um novo terminal com capacidade para 14 milhões de passageiros e com “fingers” para 28 aeronaves.
Hoje, o aeroporto opera voos de apenas seis empresas: Azul, Gol, Puna, TAM, Trip e TAP. Em reunião com executivos de companhias internacionais, há duas semanas, compareceram representantes da Iata (International Air Transport Association, que representa as companhias), além de Emirates, American Airlines, KLM, TAP, TAM, Gol e a cargueira ABSA Cargo (do grupo chileno LAN, em processo de fusão com a brasileira TAM).
O objetivo da reunião era apresentar o plano de investimentos no terminal. Em conversas após o encontro, os executivos disseram que o programa de expansão era realista e “pé no chão”.
A oportunidade em que essas companhias estão de olho pode ser traduzida em números: Segundo Luiz Alberto Küster, presidente da concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, a previsão é que o aeroporto tenha uma expansão superior a oito vezes no número de passageiros ao longo da concessão (30 anos).
Hoje, a movimentação no terminal não chega a 10 milhões de passageiros ao ano. A estimativa é que movimente 85 milhões anualmente. Para isso, a concessionária se prepara para investir R$ 8 bilhões em cinco fases até 2042.
Paralelamente ao aumento do fluxo de passageiros, a concessionária se prepara para aumentar substancialmente o volume de movimentação de cargas. Ao final da concessão, o aeroporto deve movimentar anualmente 1,5 milhão de toneladas, incluindo importação e exportação. Hoje, esse número é de apenas 266 mil toneladas.
Para que essa expansão se sustente, os executivos dizem ser necessária uma integração multimodal no aeroporto. Segundo Küster, já há conversas entre a concessionária de Viracopos e a América Latina Logística (ALL) para integrar as operações de carga da ferrovia, que passa junto aos limites do terreno, às do aeroporto.
“Já estamos em contato com a ALL trabalhando o desenho de uma linha de cargas que faça um anel [ferroviário] de 7 km [nos arredores do terreno]“, diz. O aeroporto tem hoje 35% da receita bruta oriunda com a operação de cargas, como armazenagem e capatazia.
Além disso, Küster reafirma o interesse da concessionária para a existência de um trem de passageiros entre São Paulo e Campinas. Hoje, há duas possibilidades estudadas pelo poder público: o trem de alta velocidade (TAV), em estudo pelo governo federal, e um trem de velocidade média, encabeçado pelo governo do Estado de São Paulo.
“Estão sendo feitos estudos de demanda, mas o fato é que teremos um trem de passageiros de pelo menos 120 quilômetros por hora [entre São Paulo e Campinas]“, diz Küster. “É essencial para que Viracopos se consolide como o maior terminal aeroviário do Brasil e da América Latina”, completou.
Os trabalhos no aeroporto já iniciaram. Além de um novo estacionamento para caminhões, com obras de terraplenagem em andamento, a companhia deve iniciar nos próximos dias as escavações e a construção das fundações do novo terminal.
Foi emitida na semana passada pelo governo paulista a licença de instalação do empreendimento. “Temos 20 meses para entregar. É possível e viável”, diz Küster.
Também haverá um edifício garagem com 4,5 mil vagas de estacionamento. Por fim, haverá reforma para ampliação das pistas de taxiamento de aeronaves. O objetivo é ampliar a área de embarque em 142%, para 5,8 mil metros quadrados.
A Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos é composta pelo consórcio vencedor do aeroporto, em leilão ocorrido em fevereiro: Triunfo Participações e Investimentos (45%), UTC Participações (45%) e Egis (10%).
Esse consórcio tem 51% da sociedade concessionária. A Infraero, minoritária, tem os 49% restantes. Durante seis meses, a gestão será compartilhada entre estatal e entes privados.
Fonte: Valor Econômico, Por Fábio Pupo
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