Os recursos necessários para implementar o projeto (R$ 37,8 milhões) foram investidos pelo governo federal. O projeto do aeromóvel vai possibilitar maior integração para o transporte público da região metropolitana de Porto Alegre e será oferecido como um serviço gratuito aos usuários da Trensurb. A ligação direta deve beneficiar também funcionários da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) que percorrem o caminho até o aeroporto diariamente. Quanto ao número de passageiros, a Trensurb estima que aproximadamente 8 mil pessoas por dia devem fazer o caminho até o aeroporto pelo aeromóvel.
"Essa tecnologia foi duramente criticada no Rio Grande do Sul, mas verificamos que o questionamento é um grande equívoco. A vantagem energética é tremenda: vale muito a pena transformar a energia elétrica em vento para empurrar (o aeromóvel)", afirmou Ernani da Silva Fagundes, superintendente de Desenvolvimento e Expansão da Trensurb, após uma viagem de testes conferida pelo Terra.
Trinta e um anos se passaram desde que a execução do projeto foi interrompida. Questões políticas, acredita o idealizador do aeromóvel; o preço do pioneirismo, acreditam os responsáveis pela implementação atual, justificando a defasagem. "Isso que a gente chama de atraso é o custo de uma inovação", defende o gestor do projeto do aeromóvel, Sidemar Francisco da Silva. "Era impossível fazer esse veículo no prazo que estava nos contratos, ele tinha que ser adaptado dentro de novos padrões e seguir todo um conjunto de regras de segurança até então não definidas", afirma o gerente de Desenvolvimento de Engenharia da Trensurb.
O antigo protótipo ainda permanece parado nos trilhos elevados da linha original, em frente à Usina do Gasômetro: um símbolo do abandono. Apesar de a obra ter cessado na década de 1980, o projeto continuou tomando forma. E muito mudou desde o primeiro modelo, criado em 1977. A ideia conceitual, no entanto, permanece a mesma.
aeromóvel se movimenta com a energia gerada por um ventilador movido por um motor elétrico. Anda sobre trilhos, em rodas de aço, mas não queima combustível. Seu inventor, o gaúcho Oskar Coester, compara o funcionamento do aeromóvel ao de um barco à vela ─ só que invertido. Em ambos os casos, é o fluxo de ar que promove a impulsão; no aeromóvel, um duto localizado dentro da via elevada empurra a "vela", fixada sob o veículo por meio de uma haste. A estrutura é leve: com capacidade para carregar 150 passageiros, pesa apenas 10 toneladas, enquanto um carro popular costuma ter cerca de uma tonelada.
"É um novo conceito de transporte. (O aeromóvel) tem custo bem menor porque movimenta menos peso", disse Coester. Sua ideia foi adotada apenas em um local até hoje: em Jacarta, capital da Indonésia, onde funciona dentro de um parque ao longo de uma linha de 3,5 quilômetros. "Esse sistema funciona desde 1989 em operação comercial na Indonésia e não registrou nenhum acidente", garante. Além do aspecto ambiental, ele destaca a segurança e economia do veículo não motorizado.
Todas as peças utilizadas na constituição do aeromóvel são de fabricação nacional. Os motores propulsores foram fabricados por uma empresa do Rio de Janeiro, e o motor elétrico foi desenvolvido em Caxias do Sul (RS). O projeto foi criado "do zero": toda a tecnologia e a estrutura necessárias são feitas no Brasil. O sistema é totalmente automatizado, e assim não exige condutores a bordo. Todo o controle é feito a partir de estações remotas, localizadas em cada ponto final da rota.
VEÍCULO MOVIDO A AR TERÁ SUA ESTREIA EM PORTO ALEGRE. CONFIRA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS | |
Inauguração: | prevista para 10 de agosto de 2013 |
Trajeto: | 814 metros em via elevada entre o aeroporto Salgado Filho e a estação da Trensurb |
Tarifa: | a passagem é gratuita para usuários do trensurb, que pagam R$ 1,70 pelo bilhete |
Horário: | das 10h às 16h, durante 90 dias após a inauguração |
Capacidade: | 150 passageiros no primeiro veículo. O segundo aeromóvel, com o dobro da capacidade, deve chegar em setembro e começar a operar em 2014 |
Custo total: | R$ 37,8 milhões (recursos do governo federal) |
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