segunda-feira, 1 de abril de 2013

Os sistemas colombianos que inspiram o Brasil que já foi inspirador


por 

MIO
Sistemas colombianos de BRT, como o MIO de Cali (foto) e o Transmilênio de Bogotá, que já usaram corredores brasileiros como modelos, a exemplo de Curitiba e do Corredor Metropolitano ABD, agora servem de inspiração para a criação de novos BRT no Brasil. Foto: MIO
Jundiaí quer BRT baseado no Transmilênio
Prefeito e comitiva visitam Colômbia e querem modelo de transportes semelhantes na cidade do interior paulista
ADAMO BAZANI – CBN
O Brasil que já foi inspirador para a implantação de sistemas de ônibus rápidos para diversos países, com exemplos como os corredores de Curitiba e o Corredor Metropolitano ABD, em São Paulo, agora tem se baseado em BRTs de diversas regiões do planeta. A Colômbia, que diferentemente do Brasil, deu continuidade aos investimentos em transportes, não tomando atitudes apenas por causa de Copa do Mundo e Olimpíadas, é uma das grandes inspirações para o País. O mais curioso foi que a Colômbia se baseou nos exemplos brasileiros e decidiu fazer com que as soluções brasileiras acompanhassem as novas realidades econômicas, operacionais e sociais das cidades de hoje em dia.
A cidade de Jundiaí, no interior Paulista, pode ter, com apoio do Governo Federal, um sistema de corredores de ônibus e integração de linhas baseado no BRT Transmilênio e MIO – Massivo Integrado do Ocidente, da Colômbia, considerado um dos mais desenvolvidos do mundo.
O prefeito Pedro Bigardi, o secretário de transporte, Dinei Pasqualini, o secretário de comunicação social, Cristiano Guimarães, o chefe de gabinete, Wagner Soares, e mais uma comitiva embarcam nesta segunda-feira, dia 1º de abril para a Colômbia.
Lá eles vão ficar quatro dias e conhecer o funcionamento do BRT em Cali e do BRT Transmilênio, que foi inspirado nos modelos brasileiros de Curitiba e do Corredor Metropolitano ABD, de São Paulo, mas trouxe diversos avanços, o que o torna um dos sistemas de ônibus mais modernos de todo o mundo.
O objetivo do prefeito e da comitiva é adaptar as soluções colombianas com a realidade de Jundiaí e criar na cidade do interior um modelo semelhante na eficiência, conforto, custo e rapidez.
Pedro Bigardi promete que em 60 dias após a visita deve ter um projeto pronto, reformulando o projeto da administração anterior sobre corredores de ônibus.
O prefeito quer ainda conseguir recursos do Governo Federal, pelo PAC, ou por outras linhas, para a construção do “Transmilênio de Jundiaí”.
Pelo PAC 2, o Governo Federal já havia anunciado R$ 106 milhões para Jundiaí ter corredores de ônibus. A prefeitura entraria com uma contrapartida de R$ 13,9 milhões. Seriam três linhas no BRT entre o Centro ao Cecap – Corredor Noroeste, Colônia (Corredor Leste) e Eloy Chaves (Corredor Oeste). O novo prefeito quer expandir a abrangência do BRT.
ALGUNS DADOS SOBRE O TRANSMILÊNIO:
Inaugurado em 18 de dezembro de 2000, na gestão do então prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa Londoño, o Transmilênio começou a ser construído em 1998. No início, recebeu muitas críticas da população já que os corredores, mais largos e modernos, com pontos de ultrapassagem para evitar filas de ônibus nas estações e a operação de linhas terminal-terminal, começaram a tirar o espaço dos carros.
Mas o objetivo era esse, aproveitar melhor o espaço urbano dando prioridade ao transporte público. Enquanto um ônibus biarticulado do Transmilênio transporta 250 pessoas ao mesmo tempo ocupando 27 metros de comprimento, para levar a mesma quantidade de pessoas, seriam necessários 125 carros que tomariam 540 metros de comprimento, considerando que cada carro anda em média com duas pessoas apenas.
O corredor expresso, com os pontos de ultrapassagem, as estações com possibilidade de pagamento de passagem antes da chegada do ônibus e embarque no mesmo nível do assoalho do veículo, ofereceram agilidade ao transporte público.
Pouco tempo depois da inauguração, as mesmas pessoas que criticaram a construção do Transmilênio, não só elogiavam como usavam o sistema.
Isso porque, um BRT bem elaborado não traz apenas benefícios aos transportes, mas a diversos aspectos da cidade. Na questão ambiental, ao fazer com que as pessoas deixem seu carro em casa, o sistema de transportes auxilia na diminuição da poluição atmosférica e sonora. Em relação ao aspecto urbanístico, o BRT tem uma característica que o diferencia de elevados como monotrilhos ou escavações: ele se integra à cidade sem criar paredões, pilastras demasiadamente altas u longos trechos de vias suspensas (mesmo que haja um vão entre elas) e pode incorporar ciclovias, calçadas e área ajardinada.
Assim, de acordo com diversos organismos internacionais, o Transmilênio não só trouxe mobilidade, mas qualificação urbana para Bogotá, além de integrar áreas que tinham dificuldades de acessos entre elas.
Hoje, o Transmilênio tem uma capacidade média de transportes de 51 mil passageiros por hora – sentido, número que supera a capacidade de 95% de todos os sistemas de metrô do mundo, segundo a rede C 40, de sustentabilidade e cidades amigáveis, que engloba os maiores municípios do mundo.
São 87 quilômetros de corredores realmente segregados que contam com o serviço de 1392 ônibus troncais, entre articulados e biarticulados. Estes veículos atendem a 115 estações que possuem informações eletrônicas sobre horários e linhas, plataformas na mesma altura do assoalho do ônibus, são fechadas, protegendo os passageiros do sol e chuva e permitem, por bilhetagem eletrônica, o pagamento da passagem antecipado, o que faz com que a entrada e saída dos passageiros seja mais rápida, aumentando a velocidade operacional dos ônibus.
De acordo com a prefeitura de Bogotá, hoje a velocidade comercial do Transmilênio é de 26,19 quilômetros por hora, superior a velocidade média de um carro de passeio na capital paulista, que é de 18,1 quilômetros por hora.
O Transmilênio conta também com 90 linhas de ônibus alimentadoras, com veículos do tipo convencional ou micros, numa rede de 663 quilômetros entre 338 bairros.
Em 2012, de acordo com a prefeitura de Bogotá, o sistema do Transmilênio transportou 4 bilhões 11 milhões 912 mil 983 passageiros. O sistema municipal de São Paulo, de acordo com a gerenciadora SPTrans – São Paulo Transportes, atendeu no ano passado, 2 bilhões 916 milhões 954 mil 960 passageiros. A cidade de Bogotá tem 7,2 milhões de habitantes e a de São Paulo 11,4 milhões de moradores.
Isso significa dizer que mais pessoas usam o Transmilênio na Colômbia que o transporte público por ônibus em São Paulo.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, 55% da população da capital paulista usam transporte coletivo para se deslocar, incluindo os ônibus, o metrô, trens da CPTM e lotações Já 45% da população optam unicamente pelo transporte individual. Em Bogotá, segundo a prefeitura, 69% da população usam os ônibus do Transmilênio e sistema coligado, enquanto 24% da população fazem uso dos transportes individuais.
Isso significa dizer que uma rede bem estruturada de ônibus, o que São Paulo ainda não tem plenamente, faz com que definitivamente as pessoas deixem o carro em casa para os deslocamentos diários. E o melhor, com custos de implantação e operação que respeitam os cofres públicos.
CALI TAMBÉM É OUTRO EXEMPLO:
O prefeito de Jundiaí, Pedro Bigardi, também vai visitar o sistema de BRT – Bus Rapid Transit (Ônibus de Trânsito Rápido) de Cali, chamado MIO – Massivo Integrado do Ocidente.
O MIO foi inspirado no Transmilênio, de Bogotá, sendo inaugurado em março de 2009. O Massivo transporta cerca de um milhão de pessoas por dia e também trouxe benefícios de Mobilidade, urbanístico, ambiental e econômico para as cidades.
O sistema possui 39 quilômetros de corredores troncais e 243 quilômetros de corredores que complementares ou que ligam os troncais.
São no total 56 estações nos corredores principais, com os mesmos moldes das estações do Transmilênio, com informações em tempo real sobre linhas, horários e itinerários, pré-embarque (pagamento da passagem antes do embarque nos ônibus) e piso no mesmo nível do assoalho dos ônibus.
O custo de implementação foi de US$ 309 milhões, considerado pequeno frente aos benefícios sociais e na comparação com outros modais de transportes com capacidade semelhante de atendimento de passageiros por hora-sentido. O gerenciamento do sistema é feito pelo MetroCali, uma entidade pública.
O BRT tem trazido em diversas cidades do mundo, inclusive na Europa e Ásia, onde existem grandes malhas ferroviárias, uma cultura de investimentos responsáveis em mobilidade urbana, com custos reduzidos, mas sem deixar de atender a grandes demandas com conforto, segurança e visando o futuro, com expansões de sistemas, dada a flexibilidade que os ônibus apresentam.

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