quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Linha 5 – Lilás do Metrô de São Paulo: Inacabada até quando?

Evaristo Almeida*

Demorou, mas finalmente o governador de São Paulo Geraldo Alckmin entregou mais uma estação da linha 5 – Lilás do Metrô de São Paulo, a estação Adolfo Pinheiro. A construção dessa estação começou em 2009 e prometeram a inauguração para 2010.

Levaram quatro anos e meio para construir 600 metros de linha de metrô, que é a ligação entre a Estação Largo 13 e a Adolfo Pinheiro, um recorde mundial de lentidão.
Aliás, a linha 5 – Lilás que ligará o Capão Redondo até a Chácara Klabin, prevista para 2016 (se cumprirem o cronograma), terá levado longos 18 anos para ficar pronta. O início da construção dela remonta a 1998, no governo de Mário Covas. Passou pelos governos de Geraldo Alckmin, José Serra e Geraldo Alckmin novamente que não conseguirá terminar a obra.

O trecho de 8,4 quilômetros e seis estações foi inaugurado em outubro de 2002, pelo então governador Geraldo Alckmin, que junto com o trecho oeste do Rodoanel, a usou como cabo eleitoral no segundo turno da eleição daquele ano.

Transcorreram 12 anos desde a inauguração daquele pequeno trecho até que a linha ganhasse mais essa pífia extensão.

Essa linha é muito importante para os moradores da zona sul da capital, pois beneficiará a população do Jardim Ângela, Capão Redondo, Campo Limpo, Vila Andrade, Morumbi, Cidade Dutra, Interlagos, Grajaú, Varginha, Parelheiros, entre outros, que terão melhor mobilidade urbana.  
 
Também beneficiará as cidades da zona sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo, permitindo aos moradores de Taboão da Serra, Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu e Embu das Artes acesso mais rápido para o centro de São Paulo.

Houve negligência do governador paulista que deixou em segundo plano a construção dessa linha de tamanha importância para a mobilidade urbana da capital, assim como o Metrô em geral, que tem uma rede pífia de apenas 74,9 quilômetros, três linhas completas e duas incompletas e 65 estações, a menor entre as grandes capitais do mundo, com panes constantes e acidentes.

Só para lembrar a Cidade do México, cujo metrô teve início junto com o de São Paulo, tem atualmente uma rede de 226 quilômetros, 12 linhas e 195 estações.
A cidade de Santiago do Chile, tem uma rede 101 quilômetros, 5 linhas e 94 estações. Em 2018 terá 140 quilômetros, 7 linhas e 136 estações.

E nesses números não entra monotrilho nem trem urbano, como quer contabilizar o governo paulista, fugindo da prática mundial que é separar os vários modais na conta.
E ainda nem foi anunciada a extensão da linha 5 – Lilás até o Jardim Ângela, cuja população padece por falta de Metrô. 

E o que vemos são irregularidades na contratação de obras, material rodante e sistemas.

Na parte de construção civil das obras de extensão da linha 5 - Lilás até a Chácara Klabin, foi constatado um cartel de empreiteiras, conforme foi amplamente divulgado na imprensa, que combinaram o preço, causando prejuízo de R$ 326 milhões (a preços de 2010) ao povo paulista.

Aliás, o cartel denunciado pela Siemens teve início na construção dessa linha, com o consórcio firmado entre a Alstom/Siemens/CAF (SISTREM), com valor corrigido de R$ 1,3 bilhão, sendo o valor estimado da propina de aproximadamente R$ 109 milhões.

Empresas participantes desse cartel fizeram contratos com o governo do Estado de São Paulo no valor de R$ 40 bilhões. Assim a estimativa de propinas (segundo dados do cartel) varia de R$ 4 (propina de 10%) a R$ 12 bilhões (para 30% de propina, conforme chegou a ser denunciado pelo Cartel), dinheiro suficiente para ter terminado e entregue à população a linha 5 – Lilás completa. 

E quando é cobrado o governo paulista que está desde 1995 fingindo que constrói o Metrô, diz que é porque o governo federal não ajuda. Coisa de quem foge da responsabilidade do cargo, jogando para os outros a própria incompetência, que Jean Paul-Sartre chamou de má-fé. O Metrô de São Paulo é de responsabilidade do governo estadual.
O governo federal, através do Pacto da Mobilidade do PAC 2,  está fazendo o maior investimento em mobilidade urbana da história do Brasil com investimento de R$ 143 bilhões, sendo R$ 33 bilhões só em metrô que vai beneficiar nove capitais brasileiras, inclusive São Paulo. As linhas 2 – Verde e 18 – Bronze terão recursos a fundo perdido do governo federal, assim como várias linhas da CPTM. No total São Paulo terá 4,2 bilhões de recursos do Orçamento Geral da União.

São Paulo ainda está sendo beneficiado com empréstimos de R$ 22 bilhões para a mobilidade urbana com aval do governo federal.

O Metrô de São Paulo passa pela maior crise da sua história, superlotado, com panes que geram revoltas da população e diariamente está nas páginas policiais.

Esse é o legado do governador Geraldo Alckmin, que nos últimos 20 anos, esteve 16 à frente do governo paulista e do PSDB que desde 1995 mostra como não avançar na implantação de uma rede de mobilidade urbana decente para o Estado de São Paulo.

*Evaristo Almeida – Mestre em Economia Política, Assessor de Transportes da Bancada do PT, Coordenador do Setorial Nacional de Transportes do PT


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