quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ceará elabora plano rápido para combater ataques a ônibus. Em São Paulo até jornalista sofre com o “cala boca”

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ônibus queimado
Ônibus em chamas em Fortaleza. Polícia do Estado do Ceará vai monitorar 40 linhas de maior demanda e mais suscetíveis aos ataques que começaram depois da morte de um traficante de drogas na cadeia. Em São Paulo, os discursos da equipe de Alckmin são sociológicos e bonitos, mas poucos avanços puderam ser registrados. Foto: Limoeiro Plantão Policial.
Polícia no Ceará faz plano de prevenção a ataques a ônibus
Secretaria de Segurança Pública vai monitorar as 40 linhas com maior demanda e suscetíveis a ataques
ADAMO BAZANI – CBN
São Paulo teve em um mês 56 ônibus incendiados na Capital e na Região Metropolitana somente neste ano até agora.
Ceará teve em Fortaleza oito ônibus atacados nos últimos quatro dias, sendo três incendiados.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo realizou reuniões, reuniões e mais reuniões e diz hoje que coloca PMs a paisana em alguns ônibus.
A Secretaria de Segurança Pública do Ceará anunciou um dia depois do último ataque, na terça-feira, o monitoramento das 40 linhas de ônibus com maior demanda e mais suscetíveis às ações criminosas. Em São Paulo, os atos contra o transporte coletivo crescem desde o ano passado.
A Polícia de São Paulo só realizou prisões em número significativo depois de a imprensa ter evidenciado o problema e mais de um ano após os primeiros ataques.
A Polícia no Ceará já prendeu cinco pessoas em três dias, sendo um dos suspeitos considerados como o comandante das ações, detido nesta quarta-feira, dia 19 de fevereiro de 2014.
O Governo do Estado de São Paulo “filosofa” sobre o problema. Tenta “descriminalizar’ os incêndios a ônibus com o discurso de que não há certeza de ações tomadas pelo crime organizado, dando a entender que os incêndios a ônibus estão num contexto de problemas sociais.
O Governo do Estado do Ceará admite que os incêndios estão relacionados à criminalidade e que a mais recente onda começou depois da morte do traficante Henrique de Souza Monteiro, o Henrique do Barroso (Barroso é o nome do bairro onde chefiava a venda de drogas). Henrique foi encontrado com sinais de espancamento e tortura em um dos banheiros do pavilhão onde estava no presídio de Itaitinga, região metropolitana de Fortaleza.
Ao assumir o que está acontecendo, o Governo do Ceará esclarece os ataques – apenas um ônibus, no bairro de Maraponga, foi queimado antes de o traficante ser encontrado morto.
Ao tentar desconversar e criar grandes discussões sobre o problema, o Governo de São Paulo não mostrou eficiência para combater um problema que já virou crônico no Estado.
A equipe de segurança do PSDB, desde a época do ex-secretário de segurança pública, Saulo de Castro Abreu Filho, acha que combater a criminalidade é diminuí-la diante da população.
Aliás, desde Saulo na secretaria e desde Geraldo Alckmin no Governo do Estado, o trabalho da imprensa na área policial se tornou um verdadeiro sacrifício.
Para se ter uma ideia, para ter às informações básicas de um B.O. – Boletim de Ocorrência, que é um documento público, o jornalista tem de mandar um e-mail para a Assessoria de Imprensa da SSP – Secretaria de Segurança Pública pedindo os dados. A SSP, em boa parte das vezes, só responde horas depois, às vezes na parte da noite uma solicitação feita na manhã.
A resposta da Assessoria da SSP para passar o conteúdo geral de um “mero” B.O. diante dos insistentes contatos dos jornalistas é ensaiada: “Estamos apurando” . Apurando o que? Quem tem de fazer isso é a polícia. E a resposta-padrão sempre é dada quando o boletim está pronto há horas. Mas os burocratas têm de selecionar o que pode ou o que não pode ser dito à população, afinal, quando uma informação é passada ao jornalista, ela é na verdade, disponibilizada para o povo.
Os delegados e demais policiais civis são tão engessados em São Paulo que têm medo dos jornalistas ou até tratam de maneira deselegante os profissionais de imprensa.
E muitos não se sentem nada a vontade com esta situação. Vários deles, com décadas de Polícia Civil de São Paulo, sabem o que pode e o que não pode ser passado à imprensa para que as investigações não sejam atrapalhadas. Mas eles têm de obedecer às ordens dadas por profissionais burocratas de mídia que não têm de vida o que estes delegados têm de profissão.
Tal fato abala a relação entre imprensa e polícia, que já foi saudável e profissional, e mostra acima de tudo o que o exemplo dos ônibus em Fortaleza e dos ônibus de São Paulo deixa bem claro: antes de esclarecer o crime ou proteger a investigação, o que importa é a imagem na mídia.

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