Viomundo
Propinoduto Tucano: Omissão de Geraldo Alckmin e a alegria das raposas
por João Paulo Rillo, especial para o Viomundo
No início de agosto de 2013, a liderança do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa de São Paulo pediu o afastamento de diretores e presidentes do Metrô e da CPTM que assinaram contratos com indícios de superfaturamento, originários de licitações fraudulentas denunciadas pela Siemens. São personagens responsáveis por contratos e aditamentos de contratos que ou foram coniventes ou não perceberam a ação do cartel, em ambos os casos, despreparados para exercer as funções que exercem hoje.
Entre os envolvidos, vários agentes públicos de SP, entre os quais Mário Manoel Rodrigues Seabra Bandeira (diretor-presidente da CPTM), José Luiz Lavorente (diretor de Operação e Manutenção da Companhia da CPTM), Décio Gilson Tambelli (coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da Secretaria de Transportes Metropolitanos, ex-diretor de Operação do Metrô), e Nelson Scaglione (gerente de Manutenção do Metrô).
Nenhuma providência foi tomada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e quase todos os denunciados permanecem em seus cargos. Apenas Nelson Scaglione e Décio Tambelli saíram no final do ano passado, em meio a diversas denúncias divulgadas pela imprensa. Scaglione foi demitido por ser sócio da Façon, empresa que seria usada para camuflar propinas, e por ter escondido tal fato em seu depoimento no Ministério Público e na Polícia Federal. Tambelli foi afastado do setor que controla os contratos das Parcerias Público-Privadas, que somam mais de R$ 12 bilhões. Em seu lugar, porém, entrou Pedro Benvenuto, outro citado nas denúncias.
Não é só isso. Em 2013, Alckmin fechou mais de R$ 4 bilhões em contratos com as empresas do cartel da corrupção, que podem ter tido a participação dos denunciados.
Após as denúncias da Siemens, foi assinada a compra de 65 trens no valor de R$ 1,8 bilhão nos contratos da CPTM com CAF e o Consórcio Iesa – Hynday Roten, a aquisição de serviços de segurança com a empresa Power, do grupo Tejofran, pela CPTM em mais de R$ 185 milhões, o contrato com a Tejofran em mais de R$ 100 milhões para a limpeza dos trens e manutenção das linhas 8 e 9 da CPTM. Também foi assinado contrato de R$ 82 milhões com consórcio que incorpora a Focco, citada como empresa de consultoria de fachada, pertencente a Ademir Venâncio e João Roberto Zaniboni, este último já condenado na Suíça. Esses são alguns exemplos da festa feita com o dinheiro público, e que continua ocorrendo com a conivência do governador.
Em 2006, na reta final da campanha presidencial, Alckmin criticou a então gestão petista, repetindo que o governo deve dar “bons exemplos”. “Não deixar roubar, não pegar o que não é seu, não esconder quem rouba”, disparou. Desde sua posse, em janeiro de 2011, o governador tucano tomou caminho oposto e vem fazendo a alegria das raposas que tomam conta do galinheiro.
João Paulo Rillo, deputado estadual (PT-SP)
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