quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Trecho de 16 quilômetros em Araguari é o que mais preocupa motoristas.
G1 percorreu os 205 km da parte mineira, que foi a leilão nesta quarta (18).

Caroline Aleixo
Do G1 Triângulo Mineiro

Buracos às margens da rodovia estão cedendo e invadindo pista (Foto: Caroline Aleixo/G1)Buracos às margens da rodovia estão cedendo e invadindo pista (Foto: Caroline Aleixo/G1)
Um trecho de 16 quilômetros não duplicados, com poucas placas de sinalização, proteções metálicas em péssimo estado de conservação e cheio de buracos é o que mais preocupa motoristas na parte mineira da BR-050, que foi a leilão nesta quarta-feira (18).

Vencedor do leilão, o consórcio Planalto arrematou a concessão com a proposta de valor de tarifa de pedágio de R$ 0,04534 por quilômetro, o que representa um deságio de 42,38% em relação ao teto de R$ 0,0787 fixado pelo governo.

G1 Triângulo Mineiro percorreu na terça (17) os mais de 205 quilômetros do trecho que corta o estado, conversou com motoristas e constatou que a parte da rodovia localizada nas proximidades de Araguari é a que mais concentra problemas. Além do trecho mineiro, uma parte da rodovia em Goiás também faz parte do pacote de concessão.
De acordo com os motoristas, a sensação de insegurança perto da divisa com Goiás aumenta. Um morador que não quis se identificar diz que o problema começa já na Ponte do Rio Paranaíba. A estrutura da ponte, construída há mais de 50 anos, está comprometida e cede a cada dia. “No fundo, as pilastras estão apenas com as bases de ferro, não tem mais concreto. Quando a gente passa em cima, percebe que ela abaixa um pouco. Vão privatizar aqui, mas vai levar até cinco anos para darem atenção para esse problema”, diz.     
Leilão BR-050 (Foto: Editoria de Arte/G1)
A atenção deve ser redobrada em razão das obras de duplicação da rodovia. Depois de trafegar por três quilômetros, os  próximos 16 ainda são de pista simples e há pelo menos quatro desvios a serem feitos no trajeto. Além disso, há poucas placas de sinalização fixas. Algumas das que são encontradas estão em péssimo estado de conservação. Em alguns pontos, as defensas metálicas estão quebradas. A ausência das proteções laterais é nítida em outra parte do trajeto.
G1 ainda constatou que as margens da rodovia apresentam buracos, que estão cedendo e invadindo a pista.
A assessoria de imprensa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) diz que o órgão tem conhecimento da situação e que a empresa terceirizada responsável pelas obras já está analisando o problema e irá tomar providências. Sobre a sinalização, o Dnit informa que ela é provisória devido às obras e que, à medida que estas forem sendo concluídas, a sinalização permanente será restabelecida.
Tanto na pista duplicada quanto na simples até chegar a Araguari, desníveis no asfalto provocam trepidação. O agravante é que poucos locais têm acostamento. Quando o condutor precisa parar ou estacionar por medida de emergência, principalmente veículos pesados, parte da pista é invadida. “Não tem jeito. Ali é o ponto mais crítico e enquanto não arrumar, não adianta reclamar”, diz o caminhoneiro Valdir Jorge.
Outra reclamação é a falta de assistência aos condutores. João Carlos Teixeira trabalha com transporte de cargas e há 30 anos passa pela região com frequência. Durante a entrevista ao G1, inclusive, ele teve de ajudar um amigo que teve problemas com o caminhão. Eles precisaram percorrer a estrada com o veículo danificado por quase uma hora porque não havia como realizar a manutenção na pista. O posto de combustíveis mais próximo que encontraram foi no perímetro urbano de Araguari. “Na pista não dá para parar porque é muito estreita e perigosa. Além de não ser seguro, também não tem nenhum posto depois de Catalão. Eu espero que com esses pedágios e a duplicação essa situação melhore”, afirma o motorista.
Rodovia BR-050 em obras no trajeto Araguari à divisa com o estado de Goiás (Foto: Caroline Aleixo/G1)Rodovia BR-050 em obras na divisa com o estado
de Goiás (Foto: Caroline Aleixo/G1)
O colega de profissão mato-grossense João da Rosa diz que o pior são os preços cobrados pelos estabelecimentos. Ele diz que em postos de combustíveis os serviços oferecidos aos motoristas ou são limitados ou apresentam valores exorbitantes. “Cobram tudo e muito caro. Até pelo banho temos que pagar em alguns postos. Às vezes dá 20h ou 21h e não temos mais como parar, porque não há espaço nos estacionamentos. Acho isso um absurdo, porque se oferecem um mínimo de estrutura, tudo é caro demais."
Araguari-Uberlândia/Uberlândia- Delta
Apesar dos problemas nas proximidades de Goiás, os motoristas entrevistados são unânimes em elogiar o trajeto de Araguari a Uberlândia e de Uberlândia a Delta, município que fica na divisa entre Minas Gerais e São Paulo. Duplicado em toda a extensão, o trecho oferece dez postos de combustíveis com serviços completos de restaurante, borracharia e estacionamento, sem contar os estabelecimentos localizados nos perímetros urbanos de Uberlândia e Uberaba.
Apenas dois detalhes foram observados pelo G1 no trajeto: mato alto no canteiro central e um pequeno trecho da pista recapeado recentemente e ainda sem as faixas de trânsito pintadas no asfalto.
Placa de sinalização às margens da rodovia em péssimo estado de conservação (Foto: Caroline Aleixo/G1)Placa de sinalização às margens da rodovia em
péssimo estado de conservação (Foto: Caroline
Aleixo/G1)
Um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Uberaba está instalado a cinco quilômetros do Rio Grande, que divide MG e SP, e presta assistência assim que solicitado, além de fazer a patrulha de rotina pela rodovia.
O policial rodoviário federal Arisérgio Silva diz que a condição da rodovia é boa e que o órgão é solicitado normalmente apenas por imprudência dos motoristas, especialmente em curvas mais acentuadas, e por aquaplanagem. “Quando chove, a água não tem para onde escoar e demora a ser absorvida, formando aquela camada na rodovia e provocando os acidentes”, ressalta.

A PRF informa, ainda, que a maioria dos acidentes ocorre por excesso de velocidade. Várias placas sinalizam a velocidade máxima da BR-050 entre Uberlândia e Delta, que é de 100 km/h para veículos leves e 80 km/h para ônibus e caminhões. Segundo o policial, o único radar não está operando e esse pode ser um dos motivos que levam os condutores a não respeitar a sinalização.
Programa de concessões
leilão desta quarta foi o primeiro de uma série que, nos próximos meses, deve entregar para controle da iniciativa privada um total de 7,5 mil quilômetros de rodovias e mais de 10 mil quilômetros de ferrovias. Lançado pelo governo federal em agosto do ano passado, o programa de concessões de rodovias e ferrovias integra um pacote de leilões na área de infraestrutura estimado em cerca de R$ 500 bilhões em investimentos e que é tido como a principal aposta da presidente Dilma Rousseff para acelerar o crescimento da economia e destravar os investimentos em infraestrutura, logística e transportes.
No modelo de concessão, o governo transfere à iniciativa privada um bem ou serviço público por um tempo determinado, podendo voltar atrás se não estiver satisfeito ou rever ao fim do período de contrato. No caso do leilão da BR-050, o prazo de concessão para a iniciativa privada será de 30 anos.

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