por Marcelo Santos
Por que o brasileiro não confia e não gosta dos serviços estatais? Não é preciso ir muito longe para descobrirmos a resposta para esta pergunta: todos os serviços estatais, sem exceção, aqui no Brasil funcionam muito mal. Desde o INSS até os Correios temos exemplos onde a excelência e a falta de comprometimento são muito mais visíveis do deveriam. Por que eles são assim? Simples: o governo não investe em qualidade e renovação do quadro de funcionários através de concursos e nós, o povo, não cobramos de forma efetiva a melhora destes serviços. E para completar, muitos destes serviços sofrem com um mau moderno: a burocracia. Independente da vontade política de ambas as partes, os motivos estão muito mais enraizados na cultura do brasileiro: o funcionário público tem estabilidade funcional o que garante a ele um emprego para “toda a vida”. Então, a visão que o brasileiro tem é que o funcionário público “não faz nada”.
Tendo este prefácio para nos ajudar a entender o que acontece, a privatização também não se mostrou um modelo perfeito para a melhora dos serviços prestados. Dois exemplos fáceis de vermos diariamente que a privatização não funcionou: telefonia móvel e celular e as estradas que hoje tem pedágio. Tanto no caso da telefonia, como no caso das estradas, o governo brasileiro é incapaz de gerenciar sozinho para que os serviços funcionem corretamente.
No microblog Twitter, toda a vez que o Metrô de SP ou a CPTM apresentam falhas – e elas estão cada vez mais frequentes, apesar de ambas as Companhias afirmarem que não – o Twitter “explode” com usuários pedindo a privatização.
No microblog Twitter, toda a vez que o Metrô de SP ou a CPTM apresentam falhas – e elas estão cada vez mais frequentes, apesar de ambas as Companhias afirmarem que não – o Twitter “explode” com usuários pedindo a privatização.
A privatização poderia ser um modelo perfeito para resolver os problemas que o Estado Brasileiro não consegue gerenciar, mas o próprio Estado deveria agir como fiscalizador destas empresas e claro, dos modelos de privatização. E infelizmente sabemos que o Estado não faz isso e não faria caso o Metrô de SP e a CPTM fossem privatizados. Usando um exemplo no mesmo molde dos transportes públicos temos as concessionárias Metrô Rio e SuperVia no Rio de Janeiro. A privatização, pelo que o próprio Twitter e os jornais mostram, só se mostrou contrária ao que se refere a melhoria dos serviços. A SuperVia então vem ganhando a mídia por diversas vezes por falhas, problemas e até mesmo problemas na gestão já que está a anos na operação das linhas dos trens urbanos cariocas e não melhorou muita coisa o serviço prestado para a população que infelizmente até depreda trens com tanto descuido da concessionária. Já a concessionária Metrô Rio conseguiu piorar o único serviço de transporte público do RJ que funcionava bem, o Metrô. Quem utilizava as Linhas 1 e 2 do Metrô poderia até reclamar do serviço, mas após as mudanças significativas que a concessionária fez na operação, estes mesmos usuários não viram melhoria alguma.
É importante salientar que o Metrô de SP é muito mais eficiente do que o Metrô do RJ em vários aspectos, tais como cumprimento de número de viagens e trens operando no horário de pico. Mas não podemos comparar as realidades das duas cidades. SP depende muito mais do Metrô e do trem do que o RJ que tem um modelo de transporte público voltado infelizmente para o uso de ônibus. Então, quando o Metrô ou a CPTM apresentam problemas, muitos profissionais chegam atrasados aos seus respectivos postos de trabalho, gerando aborrecimentos, descontentamento, cansaço e principalmente, descontos em folha.
O que precisa ser feito para que a CPTM e o Metrô tenham sim, melhorias aparentes no serviço prestado é investir em capacitar os profissionais que atuam na operação e no atendimento ao público. E como isso se faz? Criando comprometimento para quem trabalha na operação. Além da contratação de um efetivo de três vezes maior do que já existe hoje, os fiscais de plataforma e seguranças das duas companhias parecem não estar motivados a executar o seu trabalho. E claro, as companhias precisam estar cada vez mais abertas às opiniões de quem usa o serviço todo dia, o usuário. Tais atitudes já gerariam uma diferença considerável no dia a dia dos usuários da CPTM e do Metrô. Como o blog tem a intenção de querer ajudar, vão aqui algumas sugestões:
- Combater o comércio irregular em plataformas, trens, acessos e plataformas com mais rigor;
- Combater o assédio sexual dentro dos trens com o uso, se necessário, de seguranças a paisana;
- Oferecer melhores soluções para a organização de filas nas estações nos momentos de pico, principalmente nas estações com maior movimento. O modelo usado hoje é ineficiente.
- Melhorar a identificação interna dos carros, para facilitar o usuário a utilizar o SMS Denúncia.
- Melhorar a qualidade das informações fornecidas pelos SSO de cada estação (os bons exemplos são as estações Barra Funda e Artur Alvim);
- Melhoria do sistema de áudio dos carros, porque em vários momentos é impossível entender o que os operadores de trens (seja CPTM ou Metrô) dizem.
- Melhorar e padronizar as informações dadas pelas mensagens eletrônicas. As do Metrô nas frotas modernizadas já estão há 1 ano sem padrão.
- Intensificar de todas as formas e recursos possíveis as campanhas de cidadania, para mudar o comportamento de alguns usuários da CPTM e do Metrô. As campanhas hoje estão sem foco, sem força e pior, não atingem à grande massa, que acha que o Metrô é uma extensão do quintal de casa;
- Mudar e verificar as rotinas de manutenção da frota. As falhas que o Metrô vem apresentando são inadmissíveis;
- Acelerar as obras de modernização e adequação funcional das estações (CPTM), por que muitas, como a estação Domingos de Moraes não contam nem com elevador. Para que possui algum tipo de problema motor, utilizar aquela estação é um martírio diário.
A lista poderia ser maior, mas ficamos por aqui. A impressão que se tem é que dinheiro não falta. Falta é motivação, vontade de pensar diferente e criar soluções que até não precisam ser permanentes, mas que podem melhorar um pouco a vida do usuário.
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