Nesta semana, finalmente as centenas de slides de PowerPoint que o governo federal exibe desde agosto de 2012 em apresentações sobre o programa de concessões de infraestrutura começam a se transformar em realidade.
Os grupos especializados em concessões de rodovias entregam hoje na BM&FBovespa, em São Paulo, suas ofertas econômicas para as estradas BR-050 e BR-262.
É a primeira rodada de disputa do Programa de Investimentos em Logística (PIL), anunciado há mais de um ano. A abertura das propostas acontece na próxima quarta-feira.
O governo terá nessa primeira rodada a oportunidade de afastar – ao menos que temporariamente – as críticas das empresas sobre o programa de concessões. Isso porque a disputa promete ser bastante acirrada.
Companhias de todos os tamanhos vêm demonstrando forte interesse nas duas rodovias. Conforme o Valor antecipou em agosto, os dois lotes que vão a licitação nos próximos dias são os que mais atraem os investidores e, por isso, têm maior potencial de disputa entre os concorrentes.
Saem na frente pela disputa dos lotes as companhias EcoRodovias e Arteris, no caso da BR-262, e BRVias, no caso da BR-050.
As empresas já têm rodovias próximas às que estão sendo disputadas e, por isso, podem economizar custos – como os de operação. Assim, podem oferecer tarifas competitivas.
A EcoRodovias já declarou há bastante tempo que estuda o pacote e dedica atenção especial à BR-262 e à BR-101. Já a Arteris, que é vista no mercado como uma empresa que vai se resguardar, pode surpreender.
“A empresa está estudando pra valer”, diz uma fonte que acompanha o mercado. Mas a participação depende da controladora Abertis.
A BRVias, que tem participação da família Costantino – proprietária da companhia aérea Gol -, diz que avalia a disputa. “Neste momento, a companhia estuda a viabilidade de participação nos próximos leilões de rodovias”, diz nota da empresa. Outras companhias menores e consórcios com grande número de empresas também estarão presentes.
Além desses grupos, estudam as rodovias companhias especializadas como CCR, Invepar e Odebrecht Transport. Mas essas empresas, que possuem facilidade para obter recursos no mercado, devem se tornar favoritas para outros lotes de rodovias, mais desafiadores e que demandam um perfil mais robusto do ponto de vista financeiro.
Essas companhias podem, inclusive, ganhar mais poder de barganha nos próximos lotes, já que a disputa estará concentrada.
Entre as reclamações do mercado em geral está o fato de que o volume de tráfego em algumas rodovias pode estar sendo até 28% superestimado pelo governo. Além disso, a exigência de rapidez de investimentos, em parte dos casos, é vista como exagerada por alguns grupos.
O governo tem se mostrado disposto a ouvir a iniciativa privada e, apesar das críticas, já cedeu em vários pontos – como ao elevar a rentabilidade de projeto de 5,5% ao ano para 7,2% ao ano (o rendimento ao acionista, que considera empréstimos subsidiados do BNDES, pode ultrapassar 15%) -, mas ainda permanece a sensação de menor apetite para os próximos lotes. Se a maior preocupação é atrair interessados, no entanto, ao menos hoje o governo terá motivos para festejar.
Fonte: Valor Econômico, Por Fábio Pupo
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