Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo | Agência Estado
O Banco Mundial solicitou oficialmente às autoridades brasileiras acesso a todo o acervo relativo ao caso do cartel dos trens para municiar investigação interna da instituição sobre financiamentos que realizou em projetos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Em ofício ao Ministério Público de São Paulo, David Fielder, gerente de investigações externas e vice-presidente de integridade da instituição, pede compartilhamento de provas - "cópias de depoimentos e outros documentos" - já reunidas no âmbito de inquéritos civis referentes ao cartel no sistema metroferroviário.
O Banco Mundial é uma instituição financeira internacional que concede empréstimos e auxílio financeiro para países em desenvolvimento. A instituição firmou, desde 2008, cinco contratos com o Metrô e a CPTM, que somam R$ 1,7 bilhão em valores nominais. Os acordos se referem às fases 1 e 2 de construção da linha 4-Amarela e à fase 2 da linha 5-Lilás do Metrô, e também a aquisição de trens e sinalização para o Metrô e a CPTM.
A correspondência de Fielder, enviada de Washington, é datada de 13 de novembro. "Informo que tais documentos serão usados em procedimentos investigatórios do Banco Mundial, que financiou diversos projetos da Companhia do Metropolitano de São Paulo e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos", assinala.
Em nota, por meio de sua assessoria de imprensa em São Paulo, a instituição destacou que "nenhum dos contratos do Metrô e da CPTM, atualmente sob investigação pelo Ministério Público, foram financiados pelo Banco Mundial".
"Até o momento, os contratos sob investigação incluem equipamentos e obras civis para a Linha 2 e Linha 5 (Fase I) do Metrô em São Paulo, além dos contratos para manutenção e reabilitação de trens para a CPTM entre 1999 e 2005", diz o texto. "O Banco Mundial está atualmente financiando os sistemas, material e equipamentos para a extensão da Linha 5 (Fase II). No entanto, esclarecemos que a Fase II teve início em 2010 enquanto a Fase I, que está sendo investigada, foi concluída em 2002."
O Banco Mundial informou que "já acionou a sua área interna de investigações que está acompanhando de perto os desdobramentos das investigações apesar dos contratos investigados não terem sido financiados pela instituição". "Até o momento o banco não foi chamado para qualquer esclarecimento, mas está à disposição das autoridades brasileiras caso possa colaborar de alguma forma neste processo."
O Metrô e a CPTM informaram que "colaboram com todas as investigações e têm total interesse em apurar as denúncias". "O inquérito corre em segredo de Justiça e, por isso, as empresas assumiram o compromisso de não divulgar, compartilhar o seu conteúdo ou comentar o processo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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