Quase dois anos após vencer o leilão do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), a Triunfo Participações e Investimentos (TPI) conseguiu arrematar ontem o lote da BR 060, BR 153 e BR 262 – rodovias federais entre Brasília, Triângulo Mineiro e Belo Horizonte com forte tráfego de veículos – e vai manter o apetite para os próximos leilões. Ela ganhou fôlego após receber aporte da BNDESPar e de estar deixando operações não rentáveis.
O presidente da Triunfo, Carlo Alberto Bottarelli, disse ontem ao Valor que a empresa vai oferecer uma proposta competitiva pela BR-040, entre Juiz de Fora (MG) e Brasília (DF), último trecho a ser licitado neste ano.
“Conquistando, você domina a logística de Minas”, disse. Além disso, Bottarelli afirmou que entregará proposta para a BR-163, em trecho do Mato Grosso do Sul, penúltimo trecho que irá a leilão. Mas, no mercado, não se espera uma oferta muito agressiva para esse lote em específico, e a Odebrecht continua sendo vista como favorita.
Além das rodovias, a Triunfo quer arrematar o projeto de concessão do metrô de Curitiba. A companhia já foi a vencedora da fase de elaboração de propostas e, por isso, já sai na frente pelo projeto. O edital deve sair até o fim do ano e a licitação pode ocorrer em 2014. Também tem interesse em energia e terminais portuários, segmentos em que já atua.
Agressiva e diversificada, a Triunfo tem figurado nas primeiras posições nos últimos leilões. Pela manhã, durante entrevista coletiva, Bottarelli disse que o lance agressivo da companhia pelo lote rodoviário de ontem – de 52% de deságio em relação ao teto fixado pelo governo, dez pontos percentuais acima do segundo colocado – se deve ao grande movimento de veículos.
“Os investimentos são fortes, mas há outra variável chave, que é o tráfego”, disse. O executivo evitou explicar em detalhes os números, mas disse que em breve a empresa fará uma teleconferência com analistas e investidores para explicar as contas que considerou para elaborar seu lance.
Até dois anos atrás, a Triunfo despertava desconfiança no mercado. Em 2008, a empresa ficou “marcada” dentre os concorrentes por não apresentar as garantias exigidas para o corredor rodoviário Ayrton Senna/Carvalho Pinto, em São Paulo, e por isso perder a concessão para a EcoRodovias, a segunda colocada. A empresa alega que a culpa foi da seguradora, que não cumpriu os compromissos, e contra quem há hoje um processo na Justiça. “Vamos provar que estamos certos”, garante Botarelli. O fato logo despertou a desconfiança em relação à capacidade financeira da Triunfo.
No começo de 2012, a empresa novamente ganhou os holofotes ao arrematar Viracopos. A questão da capacidade financeira foi logo lembrada. A agência de classificação de risco Fitch chegou a colocar a empresa em observação negativa e o governo se mostrou incomodado com a repercussão a respeito dos vencedores de aeroportos.
Quase dois anos após o leilão de Viracopos, no entanto, o sentimento mudou. A alavancagem chegou a um pico alguns meses atrás (acima de 4 vezes o caixa) e a tendência é que comece a descer agora.
A Fitch retirou o status negativo. Os investimentos então saindo do papel no aeroporto e em energia – uma de suas usinas hidrelétricas teve início de operação em agosto, com antecipação de mais de um ano em relação ao cronograma.
Enquanto dá prosseguimento a seus investimentos, a empresa procura outros meios de se capitalizar mais. Recebeu um aporte de R$ 285 milhões neste ano da BNDESPar e ainda analisa a venda de participações em energia.
Mas ainda há um grande imbróglio, que é a operação de cabotagem. Com resultados fracos no segmento, a Triunfo procura um comprador para a controlada Maestra, que apresentava crescimento bem mais lento do que era esperado.
Há cerca de uma semana, divulgou que simplesmente suspendeu as operações de cabotagem e que prefere manter o foco em outros segmentos. “A Maestra apresenta alta alavancagem operacional e baixa utilização de capacidade. Neste contexto, o desafio operacional demoraria mais do que o esperado”, disse a Triunfo em comunicado.
Fonte: Valor Econômico, Por Fábio Pupo. Colaboraram Olivia Alonso e Natalia Viri
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