POR RODRIGO RODRIGUES
 
Na tentativa de impedir a convocação de envolvidos no escândalo de cartel da Siemens, deputados da base do governo Alckmin na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) estão esvaziando as reuniões de comissão da casa e deixando de dar presença nos encontros.
 
Nesta terça-feira (03), pela terceira semana seguida, os deputados governistas deixaram de ir ao encontro da comissão de Infraestrutura que discutiria a convocação do ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer. A comissão é presidida pelo PT. 
 
Rheinheimer é o autor de uma carta endereçada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) que acusa secretários do governo Alckmin de receberem propina do esquema para alimentar um suposto esquema de caixa dois para campanhas do PSDB e do DEM.
 
O presidente da comissão de Infraestrutura, deputado Alencar Santana (PT), diz que a estratégia dos aliados do PSDB na Alesp é antiga e não deve cessar até que o interesse da imprensa sobre o caso diminua: “É uma postura clara de quem não quer investigar e está fugindo da raia. Eles só querem culpar o ministro por querer investigar algo que eles acobertam em São Paulo”, atira Santana. 
 
Na reunião desta terça-feira, dos onze membros efetivos da comissão, compareceram ao encontro de Infraestrutura apenas os deputados Geraldo Cruz (PT), Zico Prado (PT), Aldo Demarchi (DEM) e o próprio Alencar Santana (PT). O deputado estadual Dilador Borges (PSDB) chegou a entrar na sala, mas deixou o plenário para evitar que mais alguém desse quorum na reunião, quando faltava apenas um deputado para completar o número mínimo de participantes, segundo informou o presidente da mesma.
 
De acordo com o regulamento da Alesp, uma comissão permanente só pode acontecer com a presença de no mínimo cinco membros. Deixaram de comparecer nesta terça-feira os deputados estaduais Analice Fernandes (PSDB), André do Prado (PR), Dilmo dos Santos (PV), Marcos Neves (PV), Ramalho da Construção (PSDB) e Alex Manente (PPS). 
 
Outras comissões
 
Se na comissão de Infraestrutura onde o PSDB tem apenas dois membros houve boicote, na comissão de Transportes houve quorum, mas os deputados derrubaram pelo menos seis requerimentos do PT de convocação de envolvidos no escândalo do metrô. 
 
O deputado Orlando Morando (PSDB), membro da comissão de Transportes, diz que não há orientação do comando do PSDB em esvaziar as reuniões. 
 
“Não posso dizer pelos outros, mas na nossa comissão nós derrubamos as convocações de forma ajuizada. Nós entendemos que todos os órgãos isentos e necessários para investigar o caso já foram acionados. Nós não vamos permitir que o PT transforme está casa num palanque político para show pirotécnico às vésperas de uma eleição”, afirma Morando. 
 
Além de Everton Rheinheimer, o PT quer ouvir pelos menos outros seis nomes de pessoas envolvidas no escândalo do cartel Siemens, entre elas o empresário Arthur Teixeira, diretor-presidente da Procint, empresa apontada pela Polícia Federal como suposta distribuidora de propina aos políticos envolvidos no caso.