Construído há um ano e inaugurado há dez meses ao custo de R$ 85,6 milhões em um contrato sem licitação com a empreiteira Delta, o Terminal 4 do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), está subutilizado. Projetado para receber 5,5 milhões de passageiros por ano – ou uma média de 15 mil por dia – o local recebe hoje apenas 17% de sua capacidade: 2,6 mil viajantes diários.
O número corresponde aos passageiros da Azul e da Trip, companhias que agora formam uma só empresa e operam exclusivamente no Terminal 4. Antes, era a Webjet (comprada pela Gol e depois extinta), que também não preenchia o vazio do terminal: movimentava 7 mil passageiros por dia, metade da capacidade.
O número de voos das duas companhias também é irrisório: são 42 operações – 21 decolagens e 21 pousos por dia. Nos horários de pico, os terminais 1 e 2 recebem a mesma quantidade de aviões em apenas uma hora.
Os dois terminais do aeroporto também receberam um volume recorde de passageiros em 2011:30 milhões em um ano. Superlotados, operaram 15% além da capacidade instalada. Na teoria, o Terminal 4 aumentaria a capacidade geral do aeroporto em 5,5 milhões de passageiros/ano. Na prática, mesmo depois da inauguração, os outros continuam apertados e ele, ocioso.
À época da inauguração, em 8 de fevereiro, a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) instalou 34 posições de check-in no Terminal 4, o que daria, com folga, para atender os passageiros. A Webjet usava menos de cinco. A Azul diz que usa 10. O restante fica vazio. Como há menos de uma decolagem por hora, não há filas.
No setor, fala-se que a partir de março de 2013 a Azul pode incrementar as operações em Cumbica e levar mais 40 voos ao aeroporto, utilizando melhor a estrutura do Terminal 4. A empresa não confirma. Quando era administradora do aeroporto, a Infraero tentou negociar a ida da Gol para acabar com a ociosidade do Terminal.
A companhia nunca quis ir – como o terminal é doméstico, a Gol, que tem voos para a América do Sul, temia prejudicar passageiros em conexão, que desceriam de um voo doméstico no Terminal 4 e teriam de ir até outros terminais tomar outro avião. Apesar de haver transporte gratuito, o Terminal 4 fica a 2 km dos demais.
Outro lado
A GRU Airport, concessionária que hoje administra Cumbica, disse que quer dar um “upgrade” nas operações do Terminal ainda em 2013, levando outras empresas para lá. Por enquanto, a que aceitou ir não agrega muito em termos de movimentação: a Passaredo opera menos de 15 voos semanais a partir de São Paulo, tem problemas financeiros e está em recuperação judicial.
Fonte: O Estado de S.Paulo, Por Nataly Costa
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