A data definida pelo governo para o leilão do trem-bala que ligará Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas está mantida para 19 de setembro. Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), assumiu a informação ontem.
Sobre a possibilidade de um novo adiamento, como foi noticiado há duas semanas e voltou a ser falado ontem, Figueiredo respondeu: “Não recebi nenhuma instrução neste sentido e não fui consultado sobre isso. Do ponto de vista da EPL, [o leilão] está marcado. Tenho reuniões com investidores sobre o assunto”.
Há duas semanas, o Valor informou que o leilão poderia passar por novo adiamento, sem que ainda houvesse decisão da presidente Dilma Rousseff. Na semana passada, havia convicção de que o governo não adiaria o leilão. Ontem, porém, tal possibilidade voltou a ser noticiada.
Desta vez, além da incerteza sobre o interesse de grupos estrangeiros detentores da tecnologia de trens de alta velocidade, a dúvida sobre o sucesso da licitação internacional estaria associada à onda de protestos e ao risco de ausência de um dos principais consórcios estrangeiros na disputa, por causa do recente acidente ferroviário em Santiago de Compostela (Espanha), envolvendo o grupo liderado pela espanhola Renfe.
A habilitação da empresa passará por análise para verificar se o acidente, na Espanha, ocorreu com um trem de alta velocidade, frisou o presidente da EPL. Recentemente, o governo espanhol comunicou ao governo brasileiro que mantém o interesse no leilão.
Fonte da Presidência da República assegurou ontem que a presidente Dilma Rousseff não decidiu o adiamento, portanto as datas estão mantidas, e acrescentou que todo vaivém em torno do trem-bala se deve a pressões das empresas interessadas.
Figueiredo participou ontem do seminário “Ferrovias – Mobilidade Urbana, Transporte de Cargas e Indústria”, promovido pelo governo para garantir à indústria nacional competitividade nas concessões na área de logística. Durante apresentação no evento, ele defendeu que é necessário aumentar a eficiência do transporte rodoviário no curto prazo e, para um período mais longo, “criar uma alternativa” a esse sistema, como o modelo ferroviário. “Temos que construir uma malha ferroviária nova e isso não é uma solução de curto prazo”, admitiu. Para ele, deve-se dar de imediato mais eficiência ao transporte rodoviário, que concentra a maior parte do transporte do país.
Apesar da expansão da malha ferroviária nos últimos anos, os trens de transporte de cargas têm apresentado perda de eficiência ao registrar a redução da velocidade média dos vagões no período.
Isto é explicado pela proximidade, cada vez maior, entre os trilhos e centros urbanos, destacou o gerente da área de infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dalmo Marchetti, que também participou do evento.
Figueiredo defendeu investimentos em logística e transportes de R$ 100 bilhões ao ano. Ele informou que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) contribuiu com R$ 15 bilhões e que o setor deverá receber novos R$ 42 bilhões por ano com o Programa de Investimentos em Logística (PIL), lançado no ano passado.
Fonte: Valor Econômico, Por Rafael Bitencourt e Thiago Resende
Nenhum comentário:
Postar um comentário