terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cancelamento do Seminário Nacional de Transportes

Núcleo Setorial Nacional de Transportes do PT
COMUNICADO IMPORTANTE
Em função da falta de recursos comunicamos o CANCELAMENTO do Seminário de Transportes do PT Mobilidade Urbana no Brasil do Século XXI.
É importante ressaltarmos a grande perda da não realização desse evento, já visando o debate para o programa de 2014.
Vivemos num país continental e temos palestrantes e coordenadores de diversas regiões do Brasil. A impossibilidade de franquear-lhes a passagem aérea inviabilizou a realização do Seminário.
Sem esses companheiros perde-se a essência e a multiplicidade de visões que o tema demanda.
Acredito que é hora de debatermos o papel dos setoriais no Partido dos Trabalhadores.
Para cumprirmos o Estatuto é necessário que haja recursos no orçamento.
Gostaríamos que a Comissão Executiva Nacional na sua próxima reunião coloque o assunto em pauta e que os setoriais entrem definitivamente no orçamento para 2014.
Não dá para ficar tentando passar o pires para efetuar os debates necessários ao Partido. Fizemos o possível para viabilizar o evento.
Agradecemos a todos os palestrantes que se colocaram à disposição do Partido dos Trabalhadores.
Enfatizo também que a decisão de cancelar o debate foi em conjunto com o s companheiros do Setorial Estadual de Transportes e Mobilidade Urbana do PT/SP.
Evaristo Almeida – Coordenador do Núcleo Setorial de Transportes do PT

Edson Gonçalves – Secretário Geral do Núcleo Setorial de Transportes do PT

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Propinoduto tucano Esses deputados NÃO assinaram o pedido de CPI

A Bancada do PT se mantém empenhada pela CPI da corrupção tucana, para apurar as denúncias de superfaturamento e pagamento de propinas em licitações do Metrô e da CPTM. 

Até o momento, 26 deputados assinaram o pedido, que precisa de 32 assinaturas para ser protocolado.

Os parlamentares petistas têm obstruído a votação de outros projetos que a base tem tentado colocar na pauta para fugir do debate sobre o propinoduto tucano.

Veja abaixo os deputados que NÃO assinaram o pedido de CPI.


















Governo Alckmin contrata por R$ 2,7 bilhões empresas acusadas de envolvimento no propinoduto tucano

por Conceição Lemes
Atente bem às datas em negrito desta reportagem. No final, vai descobrir por quê.
19 de julho. A IstoÉ  revela um esquema de fraude e superfaturamento em licitações realizadas pelo Metrô e pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) para aquisição de vagões de trem, manutenção e construção de ferrovias e linhas de metrô.
O conluio operou durante os últimos 20 anos de governos do PSDB. O objetivo seria, além de favorecer as “empresas-parceiras”, abastecer um milionário propinoduto para políticos tucanos. Estimam-se que os cofres paulistas tenham sido lesados em, pelo menos, R$ 450 milhões.
22 de maio. A investigação que permite tudo isso vir à tona começa a partir de um acordo de leniência firmado nessa data. Foi entre a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa  Econômica (Cade), a Siemens, a multinacional alemã que participava da armação, o Ministério Público Federal (MPF) e o do Estado de São Paulo (MP-SP).
Em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a Siemens abre o bico. Confessa como ela e outras companhias formaram cartel para manipular concorrências, com preços superfaturados, e corromperam autoridades ligadas ao PSDB e a servidores públicos de alto escalão.
A Siemens delata também as outras empresas que atuavam no “projeto”:  Alstom (francesa),  Bombardier (canadense),  CAF e Temoinsa (espanholas),  ABB (sueco-suíça) e  Mitsui (japonesa). A investigação inclui, ainda, a Trans e outras empresas de menor porte, entre as quais Tejofran,  MGE,  TCBR Tecnologia, Iesa e Serveng-Civilsan.
4 de julho. Agentes do Cade e da Polícia Federal  fazem uma operação em 19 empresas localizadas em Brasília (DF) e em Diadema, Hortolândia e São Paulo (SP).
Segundo nota do Cade, pelo menos, estas cinco licitações podem ter sido alvo do suposto cartel:
a) Construção da Linha 5 (fase 1) do Metrô de São Paulo;
b) As propostas para a manutenção do trem de a série 2000, 3000 e 2100, a partir da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM;
c) Manutenção do Metrô do Distrito Federal;
d) de extensão da Linha 2 do Metrô de São Paulo;
e) Projeto “Boa Viagem” da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, que visa a reforma, modernização e manutenção de trens;
f) As propostas para a compra de vagões de trem pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, com os objetivos de desenvolvimento de sistemas, formação do pessoal, e dando apoio técnico e complementar serviços.
De acordo com a Siemens, a fraude durou, no mínimo, de 1998 a 2008.  Já promotores paulistas suspeitam que o cartel ainda atue no Metrô de São Paulo capital.
2013. Uma busca minuciosa que fizemos no Diário Oficial do Estado de São Paulo revela que as empresas do cartel denunciado pela Siemens seguem ganhando licitações para reforma/manutenção e compra de trens da  CPTM. E o governo Geraldo Alckmin (PSDB) continua contratando-as.
Há indícios da participação do cartel denunciado em contratos assinados em 2013, como demonstra a tabela abaixo.  Ela foi feita a partir de dados do DOESP. Os oito contratos encontrados somam R$ 2,7 bilhões.

[Ajude nossa investigação. Clique aqui para assinar o Viomundo]

CONTRATOS PARA COMPRA DE NOVOS TRENS ASSINADOS APÓS DENÚNCIAS VIREM A PÚBLICO
Os seis primeiros contratos da tabela elaborada pelo Viomundo  referem-se à reforma/manutenção de trens já em circulação. Totalizam R$ 907 milhões e foram assinados no primeiro semestre de 2013.
Aqui, vale relembrar, que a Siemens denunciou como integrantes do cartel que viciava licitações, superfaturava-as e utilizava terceirização ou subcontratação para beneficiar todas as empresas do esquema, a saber: Alstom, Bombardier, CAF, Temoinsa, ABB, Mitsui, Trans, Tejofran, MGE, TCBR Tecnologia, Iesa e Serveng-Civilsan.
E quem ganhou a concorrência aberta em 2012 pela CPTM para manutenção/reforma de 196 trens (três a quatro carros cada), dividida em 6 lotes, que correspondem aos seis primeiros contratos da tabela acima?
A  CAF (delatada pela Siemens) foi vitoriosa em duas licitações e os consórcios TMT, em quatro.
Os consórcios TMT envolvem a Temoinsa (sempre), Trans Sistemas de Transportes e Trail Infraestrutura.  A Temoinsa e a Trans são citadas como integrantes do concluio que envolvia superfaturamento e desvio de verbas.  A Trail Infraestrutura, que poderia não ser do cartel, pertence aos controladores da Tejofran, envolvida nas denúncias.
Chama-nos a atenção o fato de que em todos os lotes para reforma de trens da CPTM só empresas denunciadas pela Siemens como integrantes do cartel tiveram propostas válidas.
Isso, por si só,  já é indício fortíssimo que deveria ser investigado pelo Ministério Público.
O próprio MP, aliás, apontou para essa questão em outros quatro contratos para reformas de trens do Metrô, realizados entre 2008 e 2009 e ainda em vigor, que custaram R$ 1,8 bilhão.
Em despacho sobre esses mesmos contratos do Metrô, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo concluiu:
“A análise das presentes contratações revelou um contexto no qual houve apenas uma proposta do licitante único de cada lote. Em outras palavras, não houve propriamente uma disputa licitatória, mas, uma atividade de consorciamento, reunindo duas ou três empresas em cada consórcio, que por sua vez, ofereceu a proposta única de cada respectivo lote”.
Os dois últimos contratos da tabela acima são relativos à  compra pela CPTM de novos trens, que custarão aos cofres públicos R$ 1,8 bilhão.
Um deles foi com a mesma CAF (vencedora nas licitações para  manutenção). O contrato foi assinado em 31 de julho de 2013 e publicado no DOESP de 2 de agosto de 2013.


O outro contrato para aquisição de novos trens foi feito com o consórcio Iesa-Hyundai Rotem, assinado em 9 de agosto de 2013. A assinatura saiu no DOESP saiu em 13 de agosto de 2013. A Iesa também está sendo investigada como integrante do cartel fraudador.

Ou seja, os dois contratos para aquisição de novos trens foram assinados após a delação da Siemens ter se tornado pública, através da reportagem da IstoÉ, em 4 de julho.
LAVORENTE, UM DOS HOMENS DO PROPINODUTO TUCANO, ASSINA OS EDITAIS DESSAS LICITAÇÕES
Curiosidade: assinam os editais para reforma/manutenção assim como de compra de trens Mílton Frasson, diretor Administrativo e Financeiro, e José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da CPTM.

 José Luiz Lavorente é simplesmente um dos homens que operaram o propinoduto do tucanato paulista.
Segundo a IstoÉcom base em documentos em poder do Cade e Ministério PúblicoLavorente é um dos cinco operadores:
“afamados como bons quadros tucanos, que se valeram de seus cargos nas estatais paulistas para atender, ao mesmo tempo, aos interesses das empresas do cartel na área de transporte sobre trilhos e às conveniências políticas de seus chefes.
Em troca de benefícios para si ou para os governos tucanos, forneciam informações privilegiadas, direcionavam licitações ou faziam vista grossa para prejuízos milionários ao erário paulista em contratos superfaturados firmados pelo metrô. As investigações mostram que estes técnicos do Metrô e da CPTM transitaram pelos governos de Serra e Alckmin operando em maior ou menor grau, mas sempre a favor do esquema.
Em um documento analisado pelo CADE, datado de 2008, Lavorente é descrito como o encarregado de receber em mãos a propina das empresas do cartel e distribuí-las aos políticos do PSDB e partidos aliados.
O diretor da CPTM é pessoa da estrita confiança de Alckmin. Foi o governador de São Paulo que o promoveu ao cargo de direção na estatal de trens, em 2003. Durante o governo Serra (2007-2008), Lavorente deixou a CPTM, mas permaneceu em cargos de comando da estrutura administrativa do governo como cota de Alckmin. Com o regresso de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes, em 2011, Lavorente reassume o posto de direção na CPTM.
Além de ser apontado como o distribuidor da propina aos políticos, Lavorente responde uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que aponta superfaturamento e desrespeito à lei de licitações. O processo refere-se a um acordo fechado por meio de um aditivo, em 2005, que possibilitou a compra de 12 trens a mais do que os 30 licitados, em 1995 e só seria válido até 2000.
 A CPTM é uma das estatais subordinadas à Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, que é dirigida por Jurandir Fernando Ribeiro Fernandes, também homem de confiança de Alckmin.  Jurandir é apontado  como um dos que chefiaram de perto e coordenaram as atividades dos altos executivos tucanos que estão sendo investigados.
A propósito:
1. Por que mesmo depois das denúncias sobre o propinoduto do tucanato paulista, Lavorente continua à frente da diretoria de Operação e Administração da CPTM e conduzindo licitações?
2. Por que o governo Alckmin não adiou, pelo menos, a assinatura dos contratos da CPTM de 31 de julho e 9 de agosto de 2013, para melhor apuração da atuação das empresas denunciadas e maior proteção do patrimônio público?
3. Por que o presidente da CPTM, Mário Manoel Bandeira, não aconselhou o governador Alckmim a não assinar tais contratos?
4. Será que esses contratos sob suspeição foram assinados pelo próprio presidente da CPTM, Mário Manoel Bandeira?
5. Que medidas concretas Alckmin vai tomar em relação às licitações ocorridas em 2012 e 2013, já que as empresas ganhadoras, segundo a Siemens, fazem parte do cartel envolvido em concorrências viciadas e superfaturamento e que lesaram os cofres públicos?

domingo, 25 de agosto de 2013

Silêncio sobre bomba da Istoé desmascara cartel da mídia

Com toda esse escândalo do PSDB em São Paulo, porque a Sonia Bridi do Fantástico ainda não fez uma matéria de 10 minutos como costuma fazer quando o assunto envolve o governo federal? Mesmo se for por suspeitas tênues? Inclusive dando uma direção emotiva à matéria, junto com o tucano do IPEA e o do TCU? Esse deve ser o maior esquema de corrupção documentado do Brasil. Os contratos ultrapassam R$ 40 bilhões e entre R$ 4 bilhões e R$ 12 bilhões poder ter sido roubados do povo paulista.Isso mostra que a função da Sonia Bridi não é brigar pelo bom uso do dinheiro público e sim atacar o governo federal. Ela deveria entrevistar o governador tucano Geraldo Alckmin, o ex José Chirico Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Também poderia perguntar ao MPE-SP, MPF-SP e TCE-SP, que apesar de custarem bilhões dos cofres públicos, deixaram que essa quadrilha operasse por tanto tempo, apesar de documentos de posse dessas instituições recomendarem as investigações? Se isso tivesse acontece, bilhões de reais não teriam sido desviados e o povo paulista teria uma mobilidade urbana muito melhor, com pelo menos mais uma linha de Metrô, com 24 quilômetros que poderiam transportar mais 1,2 milhão de passageiros diariamente. O Fantástico e os seus apresentadores que fazem cara de nojo e ressaltam que é o seu dinheiro que está indo pelo ralo é um programa sem nenhum compromisso moral, principalmente vindo de uma emissora acusada de sonegar R$ 600 milhões de reais (daria para fazer pelo menos 20 quilômetros de corredores de ônibus). As instituições brasileiras precisam passar por um sopro de transparência e vigilância. Elas estão se tornando cúmplices do crime organizado para lesar a população. Assim como a velha imprensa que tem interesses ideológicos  e financeiros com os grupos que estão surrupiando o povo paulista desde 1995. Eles formam uma comunidade e é por isso que as besteiras que Alckmin disse sobre a Siemens foram repercutidas de forma tão canhestras. Porque nenhum jornalista da Globo, Folha, Estado e Veja não perguntam aos tucanos sobre o propinotudo tucano? Quanto à Sonia Bridi e aos produtores do Fantástico estão escondendo o que pode ser o maior escândalo político do Brasil. É para isso que serve a grande imprensa brasileira. Se não houver democratização da mídia e as instituições como Ministérios Públicos e Tribunais de Contas, não forem republicanizadas, a corrupção implantada aqui desde 1500 continuará ad perpetum. Essa é a próxima etapa da luta política no Brasil, após vencermos a ditadura cívico-militar implantada com ajuda dos grandes meios de comunicação, do empresariado brasileiro e potências estrangeiras que tem interesse no atraso do Brasil, de vencer programa do FMI nos anos 1980 e do fundamentalismo neoliberal dos anos 1990 é agora de transformar as instituições brasileiras, deixar claro que o povo investe nelas para que funcionem e não ajam seletivamente como vem fazendo desde 2003. Sem a democratização e desconcentração da mídia no Brasil, a democracia brasileira está incompleta e sofre constantes riscos de retrocessos. Esses eventos demonstram bem de quem a imprensa brasileira está a serviço. Do nosso povo não é.

Comentário Setorial

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Silêncio sobre bomba da Istoé desmascara cartel da mídia

A eclosão do escândalo de corrupção em metrô e trens urbanos em gestões tucanas e democratas de São Paulo e Distrito Federal serviu, entre outras coisas, para desmascarar o falso moralismo da nossa grande imprensa. Não vimos até agora nenhum editorial furibundo cobrando ética e apuração rigorosa.
Mas a pior lição que tiramos de tudo isso acabamos de ver neste final de semana. Não são apenas empresas de transporte urbano que fazem cartel para fraudar a população, cumpliciadas ao governo. As empresas de mídia formam um cartel ainda mais nocivo ao bem público, porque mais dissimulado, além de afetar virtualmente todas as esferas da nossa vida social.
O poder da mídia deriva justamente dessa formação de cartel, cuja cabeça é a Rede Globo. Se a Veja publica uma denúncia qualquer sem fundamento, a notícia é repercutida em todos os jornalões e chega ao Jornal Nacional. Mas se outra revista, de fora do cartel, publica uma denúncia fundamentada em documentos oficiais, o cartel se sente no direito de silenciá-la, abafá-la, simplesmente não tocando no assunto. Claro, isso acontece sobretudo se a denúncia fere os interesses do cartel.
É o que acaba de acontecer. A Istoé publicou neste final de semana uma reportagem amplamente fundamentada em documentos, mostrando que o esquema de corrupção do governo tucano possuía uma conta no exterior. Deu o número da conta, o nome da conta, informou as pessoas que a operavam, asseverou que os documentos foram fornecidos por autoridades suíças e estão já em poder do Ministério da Justiça.
Silêncio sepulcral.
Ninguém fala nada.
Os colunistas ainda estão preocupados com os “médicos cubanos”.
A mesma coisa acontece com o escândalo fiscal da Globo. Sshhhhhh! Silêncio! Toda a conversa sobre imprensa “independente” foi pro ralo. Os jornalistas tem “independência” para falar mal de Lula, que tem um apartamento em São Bernardo do Campo. Não para falar de FHC, que tem apartamento em Paris. Nem da família Marinho, que tem milhares de imóveis e 52 bilhões de reais no bolso.
Este silêncio é outro escândalo de corrupção. O cartel da corrupção também está na mídia.
O governo do PSDB paga por este silêncio. Ontem informarmos aqui que o governo Alckminacaba de liberar R$ 4 milhões em assinaturas da Veja, Folha e Estadão para os jovens paulistanos da escola pública. Com este mesmo dinheiro, poderia distribuir milhares de tablets para os jovens acessarem livremente a internet. Mas o governo prefere mantê-los no cabresto da informação direcionada. Ele não tem controle sobre a internet, mas tem sobre a Veja, que só publica matérias favoráveis a seu governo.
Mas tem um problema. O silêncio da mídia se torna cada vez mais ensurdecedor. Com a internet, a farsa está ruindo. Essa é a razão do ódio cada vez maior que a direita tem dos blogs. Estamos acabando com a festinha deles.
Por: Miguel do Rosário 

sábado, 24 de agosto de 2013

O repórter que descobriu o whistleblower da Siemens


Siemens é suspeita de pagar propina a esquema de corrupção bilionário do metrô de SP.


Construção da Linha 5 do metrô de São Paulo, inicialmente construída pela CPTM como Linha G, teria recbido propina da Alstom.


Por Bryan Gibel
Jornalista Bryan Gibel veio de Berkeley para investigar a corrupção no metrô de São Paulo em 2010.Siemens é suspeita de pagar propina a esquema de corrupção bilionário do metrô de SP.Construção da Linha 5 do metrô de São Paulo, inicialmente construída pela CPTM como Linha G, teria recebido propina da Alstom.

Há três anos, o jornalista Bryan Gibel veio de Berkeley para investigar a corrupção no metrô de São Paulo; foi ele quem publicou pela primeira vez a carta, que apareceu agora na imprensa brasileira, e entrevistou o ex-executivo que revelou o escândalo.

Em um dia frio e nublado em São Paulo, entrei em um escritório bagunçado, escondido nos meandros da Assembléia Legislativa, e me vi diante do ex-executivo da Siemens que há mais de um mês eu tentava localizar. Dois anos antes, esse homem de identidade sigilosa havia entregue a deputados do PT documentos que descreviam minuciosamente como dois dos maiores conglomerados europeus – a francesa Alstom e a alemã Siemens – tinham distribuído propinas por mais de uma década para conseguir contratos de construção e operação das linhas de metrô e do sistema de trens da região metropolitana de São Paulo. Os documentos tinham sido enviados pelo PT, em agosto de 2008, ao Ministério Público de São Paulo, que já participava de uma investigação sobre a Alstom a convite de autoridades suíças.
Depois que me apresentei, ele disse que eu era o primeiro repórter com quem falava sobre Alstom e Siemens, e que me daria a entrevista com a condição de manter o anonimato, porque temia por sua segurança. Também me entregou cópias de duas cartas escritas por ele, relatando, em detalhes, como Siemens, Alstom e outras companhias multinacionais no Brasil haviam pago propinas e formado cartéis ilegais para ganhar contratos públicos de milhões de dólares em São Paulo e Brasília. Contratos e documentos sustentavam a denúncia, e nomeavam os políticos e funcionários públicos que, segundo ele, tinham recebido dinheiro – havia até informações bancárias sobre os pagamentos ilícitos.
Hoje, passados mais de 3 anos, aquele encontro ganhou um novo significado. Em maio deste ano, as investigações sobre corrupção que até então envolviam a Alstom culminaram em um grande escândalo no Brasil depois que, em troca de imunidade, a Siemens e seus executivos passaram a colaborar com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, dando depoimentos e entregando documentos que indicam que a Siemens e mais de 20 pessoas pagaram propinas e formaram cartéis ilegais para ganhar contratos do governos do Estado de São Paulo e do Distrito Federal de quase R$ 2 bilhões.
As cartas e documentos que o ex-executivo da Siemens me entregou em São Paulo retratavam esse quadro de distribuição de propinas e corrupção em larga escala no setor metroferroviário brasileiro. Muito do que está sendo dito no CADE já havia sido relatado por aquele ex-executivo à direção da Siemens, assim como a conexão com o escândalo da Alstom, investigado desde 2008, e que no mesmo agosto deste ano, resultou no indiciamento de dez pessoas, entre elas dois ex-secretários de Estado do PSDB de São Paulo.
Leia abaixo a carta do ex-executivo da Siemens na íntegra
Anwaltskanzlei Dr. Beckstein & Kollegen
Thumenberger Weg 12
90491 Nuremberg
Alemanha
Att. Dr. Hans-Otto Jordan
Junho de, 2008
Ref.: Práticas ilegais da Siemens no Brasil
Caro Dr. Jordan,
eu gostaria de trazer ao seu conhecimento alguns fatos e documentos que demonstram
práticas ilegais passadas e atuais da Siemens no Brasil, em especial nos seguintes projetos:
• Linha G (Linha 5 do Metrô de São Paulo) da CPTM.
• CPTM Série 3000
• Contrato de Manutenção Metrô-DF
Este tipo de prática não é privilégio da Divisão de Transporte. Ele também é comum na
Transmissão e Distribuição de Energia, Geração de Energia e Divisões Médicas, que lidam
com empresas de propriedade pública.
Esta carta e os documentos anexados serão distribuídos para as autoridades brasileiras
atualmente investigando o envolvimento da Alstom e o suborno de funcionários do governo em
vários projetos no Brasil, entre eles a Linha 5 do Metrô de São Paulo (Linha G).
Como você pode ler nos documentos fechados, a Siemens também pagou propina neste
projeto.
Linha 5 do Metrô de São Paulo (Linha G)
• Este projeto foi desenvolvido pela ALSTOM Brasil e consistiu num projeto importante para a
implementação de uma nova linha de trens urbanos (Linha 5, ou G) para o metrô de São Paulo.
• ALSTOM tem manipulado fortemente as regras da licitação, a fim de conseguir uma
vantagem sobre seus concorrentes e ganhar o controle sobre o projeto.
• Isso só foi possível com o apoio do cliente e uma prática comum que implica a “contribuição”
para funcionários do governo.
• ALSTOM coordenou um acordo com todos os outros jogadores a fim de atingir o lucro
máximo.
• O acordo incluía o pagamento de uma comissão para funcionários públicos de 7,5%. A
comissão chegava a 7,5% do valor do contrato.
• Os seguintes “players” foram contemplados no “acordo interno”: ALSTOM, ADTRANZ
(Bombardier), CAF, Siemens, TTRANS e MITSUI.
• MITSUI manteve o documento original, que estabelece o acordo interno entre todas as partes
quanto as regras de fornecimento e o preço a ser apresentado por cada uma das partes.
• O documento foi guardado em cofre no escritório da Mitsui em São Paulo e teria sido
destruído após a conclusão do projeto. Pessoalmente, acredito que a Mitsui mantém ainda uma
cópia do documento, em São Paulo, ou em seu escritório em Tóquio.
• Cada parte tinha suas próprias formas de pagamento da comissão de funcionários do
governo. ALSTOM e SIEMENS fizeram isso através das empresas de consultoria – PROCINT e
CONSTECH – e suas offshores localizadas em Montevidéu, Uruguai – LERAWAY e GANTWAY
[sic] 1. Cópias do contrato estão anexadas a esta carta.
• PROClNT e CONSTECH são de propriedade do Sr. Arthur Gomes Teixeira e Sergio Meira
Teixeira, que longo histórico em subornar funcionários do governo do Brasil, especialmente no
Estado de São Paulo, onde os projetos acima referidos foram implementados.
• As ligações de Teixeira com a Alstom no Brasil são muito fortes na geração de energia e
transporte ferroviário.
• De acordo com um ex-funcionário da ALSTOM, havia “propinas” de PROCINT e CONSTECH
para a gestão ALSTOM.
• No caso da Linha 5 do metrô de SP, a Siemens assinou um contrato com Arthur e offshore
Sergio Teixeira (Uruguai) empresas LERAWAY e GANTWAY [sic].
Cópias do contrato estão anexadas a esta carta.
CPTM Série 3000
• Este projeto foi desenvolvido pela Mitsui e consistiu na entrega de 10 (dez) trens pela
SIEMENS I SGP para aCPTM, estatal do governo paulista.
• O papel da MITSUI foi “recompensar” os funcionários do governo, e assinou, com este
propósito, um contrato de consórcio com a Siemens AG e SGP (Áustria).
• As cópias em anexo são trechos (pedidos de alteração) deste contrato.
• De acordo com o contrato, a Mitsui deveria fornecer apoio técnico, peças de reposição e
treinamento durante o período de garantia.
• Um olhar mais atento sobre o contrato indica que os valores envolvidos não são compatíveis
com o escopo de fornecimento.
• Além disso, a Mitsui é uma empresa comercial, sem qualquer qualificação para os serviços
prestados.
• MITSUI na verdade subcontratou os serviços de terceiros. No entanto, isto faz ainda menos
sentido, já que a Siemens I SGP é o fabricante de equipamentos originais e, portanto,
qualificado para fazer os serviços.
_________________________
¹ Documentos fornecidos pela fonte, registros públicos e reportagens do Brasil indicam que o nome da
empresa é, na verdade Gantown
• Longa história resumida: o contrato era apenas uma “cortina de fumaça” para esconder o
verdadeiro propósito, que foi subornar o cliente [funcionários do governo de SP].
Contrato de manutenção completa do Metrô do Distrito Federal
Contrato de manutenção completa do Metrô do Distrito Federal
• O Metro DF é a autoridade responsável pela operação e manutenção do sistema de metrô em
Brasília, que foi construído há muitos anos por um consórcio liderado pela Alstom.
• Desde o início de seu funcionamento, o Metro DF terceirizava a manutenção de todos os seus
subsistemas (ou seja, a manutenção integral) à ALSTOM, que dominou o projeto desde a sua
construção. Isso acontecia sem uma licitação pública.
• De acordo com especialistas, os preços praticados pela Alstom e membros do consórcio
INEPAR (IESA) e TCBR eram extremamente elevados, levando a lucros líquidos acima de
50%.
• De acordo com fontes internas, este projecto foi a galinha de ovos de ouro da ALSTOM por
mais de 5 anos consecutivos e foi considerado o melhor projeto em termos de lucro.
• De acordo com ex-funcionários da Alstom, a propina foi superior a 10% dos valores de
contrato eram pagos ao ex-governador Roriz e sua equipe, composta por seu Chefe de
Gabinete Sr. Valerio; seu secretário de Infra-estrutura Sr. Tadeu Felipelli; o presidente do Metro
DF, Sr. Paulo Victor Rezende; e o Diretor de Operações do Metro DF, Sr. Antonio Manoel
Soares.
• Os pagamentos foram feitos ao longo de mais de cinco anos e a “mesada” paga era de
aproximadamente R$ 700.000 (cerca de 265 mil euros).
• Sabendo que o projeto passaria por nova licitação até o final de 2005, os engenheiros da
ALSTOM diretamente envolvidos no projeto tiveram todo o tempo do mundo para “ajudar” os
técnicos da estatal a escrever as regras da nova licitação.
• As condições de oferta foram escritas de tal forma que só a ALSTOM seria capaz de atingir a
pontuação máxima. Isto assegurava-lhes a vitória na licitação independentemente do preço dos
concorrentes.
• As notas foram baseadas na experiência específica da equipe de manutenção, que tinha de
ser comprovada por atestados emitidos pela estatal do metrô no DF.
• Esta é uma prática comum utilizada em licitações públicas para eliminar a concorrência e
diminuir o número de concorrentes a um mínimo, facilitando um acordo de preços entre os
licitantes remanescentes.
• Apenas dois engenheiros da ALSTOM que trabalhavam na manutenção do Metro DF desde o
seu início – Mr. Luis Antonio Taulois da Costa eo Sr. Ben-Hur Coutinho Viana de Souza -
seriam capazes de cumprir as exigências e, portanto, atingir a pontuação máxima.
• Infelizes com a ALSTOM e também (talvez a razão principal) atraídos por uma oferta melhor
de taxa de sucesso (cerca de 1% do valor líquido do contrato), esses dois engenheiros
decidiram deixar ALSTOM para se juntar à SIEMENS.
• Este movimento causou protesto massivo na administração da ALSTOM. Houve várias
tentativas frustradas para convencer a gestão SIEMENS a não contratá-los.
• ALSTOM então apelou ao governador de Brasília, o Sr. Roriz, que a fim de evitar “ruído”
convenceu SIEMENS e ALSTOM a chegarem a um acordo, em que ambos os consórcios
seriam capazes de alcançar uma situação ganha-ganha.
• Para o governador Roriz não importava quem iria ganhar, desde que o vencedor continuasse
a pagar a “taxa”.
• Conforme o acordo entre os consórcios liderados por ALSTOM e SIEMENS, ambas as partes
concordam em submeter um preço pré-estabelecido. O preço seria muito próximo ao
orçamento do Metro DF, com diferença de apenas 0,5%.
• O memorando anexado em Português (“Memória de Negociações”) é o “acordo interno” entre
os consórcios liderados pela ALSTOM e SIEMENS. É auto-explicativo.
• Os preços foram definidos por cada consórcio em uma espécie de sorteio, onde SIEMENS
ofereceu o preço mais alto (94,5% do orçamento). De acordo com este procedimento,
ALSTOM, então, apresentaria o menor preço (94% do orçamento). No caso da pontuação
técnica empatar, o menor preço iria ganhar.
• No entanto, ALSTOM não prestou atenção ao fato de que, mesmo no caso de ambas as
ofertas apresentarem o mesmo preço, o resultado poderia ser diferente, dependendo do preço
de cada subsistema. O critério de valoração havia sido cuidadosamente escolhido para evitar
esse tipo de manipulação.
• A SIEMENS sabia disso e usou esse conhecimento para ganhar a licitação,apesar de ter
concordado em oferecer um preço 0,5% acima do preço da Alstom. SIEMENS ajustou os
preços dos subsistemas de preços a fim de atingir a pontuação máxima.
• Este conhecimento estratégico foi trazido para Siemens pelos experientes ex-funcionários da
Alstom, Luis Antonio Taulois da Costa e Ben-Hur Coutinho Viana de Souza.
• Uma prova disso foi a incomum remuneração extra (uma taxa de sucesso mensal) que eles
passaram a receber diretamente da Siemens, e também via uma subcontratada da Siemens, a
MGE Transportes. Esse tipo de remuneração não se encaixa nas práticas de remuneração da
Siemens.
Pano de fundo da MGE Transportes e suas conexões com a Siemens
• A MGE é freqüentemente usado pela Siemens para este tipo de pagamentos a terceiros
(principalmente para os clientes) e registrou pelo menos um pagamento a um escritório de
advocacia em Brasília, a fim de agilizar o processo de licitação no Ministério do Justiça.
• O pagamento referido foi necessário para neutralizar as constantes ações do terceiro
concorrente, a MPE.
• MPE, aparentemente, tinha um preço muito menor do que a Alstom e a SIEMENS – que
tinham previamente acordado oferecer 94% e 94,5% do orçamento do cliente – e tinha,
portanto, que ser desqualificada tecnicamente.
• Desqualificação do MPE foi finalmente alcançado com a ajuda do escritório de advocacia que
se refere. O dinheiro foi provavelmente usado para subornar o juiz a cuidar do caso.
• O diretor da MGE, Ronaldo Moriyama, é conhecido por sua agressividade e por assumir
riscos quando se trata de subornar funcionários do governo a fim de obter contratos lucrativos.
• Vários diretores do Metrô SP e CPTM estiveram em sua folha de pagamentos por vários
anos. Os mais conhecidos foram: Décio Tambelli (ex-Diretor de Operações do Metro-SP), José
Luiz Lavorente (ex-Diretor de Operações da CPTM) e Nelson Scaglione (Gerente de
Manutenção do Metro SP).
• A MGE foi fundada enquanto ambos Ronaldo Moriyama e seu amigo Paulo Edu Celidonio
Costa Filho ainda estavam trabalhando para a GE (General Electric), no Brasil. Paulo Edu foi
CEO da GE e Ronaldo Moriyama era seu subordinado como Diretor de Vendas.
• A MGE era dirigida por Carlos Alberto Rosso, que também é um ex-empregado da GE.
• Durante o “período de sobreposição”, que durou alguns anos, a GE perdeu sistematicamente
todos os seus contratos de serviço com CPTM e Metrô de São Paulo para MGE e decidiu
desistir do negócio. Isto não foi coincidência; Ronaldo e Paulo Edu trabalhavam em ambos os
lados.
• A MGE foi criada para atender exatamente o mesmo mercado de serviços da GE e R.
Moriyama e Paulo Edu eram sócios ocultos da MGE.
• Antonio Edmundo Lopes Carolo, em sua função de Ombudsman da GE descobriu mais tarde
que ambos R. Moriyama e Paulo Edu eram sócios ocultos da MGE. Ele tornou-se então o
quarto acionista da MGE.
• Ambos R. Moriyama e Paulo Edu foram demitidos pela GE mais tarde, sob a acusação de
manipulação dos balanços financeiros.
• A MGE foi recentemente subcontratada pela SIEMENS para manutenção dos trens da Série
3000 da CPTM, no qual ambas as empresas prestavam serviços de manutenção aos trens da
Série 3000 da CPTM fornecidos pela Siemens poucos anos antes.
• A MGE, como de costume, está a cargo da “contribuição” para os funcionários do governo.
• A provisão total para essa finalidade geralmente aparece como uma posição separada no
contrato, a fim para facilitar os reajustes anuais. Os serviços reais correspondentes a essa
posição específica não existem.
• Como a MGE opera: R. Moriyama e seus outros três parceiros (Rosso, Carolo e Paulo Edu)
usam suas contas privadas para pagar propinas usando recursos que recebem como
distribuição de dividendos. Os dividendos são legalmente depositados em suas contas privadas
e, em seguida, sacados e pagos em dinheiro vivo para os clientes.
Adilson Primo, CEO da Siemens Limitada e sua relação com o governador de Brasília,
José Roberto Arruda
• É importante notar que o projeto de manutenção do Metro do Distrito Federal foi assinado
durante o mandato do novo governador do DF (Brasília), José Roberto Arruda.
• O governador Arruda é um ex-colega e amigo íntimo do Sr. Adilson Primo, atual CEO da
Siemens Brasil.
• O governador Arruda é chamado de “Mr. Siemens”, em Brasília, por causa de seus contatos
íntimos com a SIEMENS.
• Há rumores de que o Sr. Adilson Primo pretende ser candidato a prefeito de sua cidade natal
Itajubá, no futuro próximo e conta com o apoio de seu amigo.
É incrível observar que, apesar de todos os escândalos e as consequências para toda a
empresa, SIEMENS Brasil continua a pagar propinas no Brasil a fim de obter contratos
lucrativos. Isso continua a acontecer, direta ou indiretamente através de consultores como
PROCINT / CONSTECH ou subcontratados como MGE.
O contrato de manutenção da Série 3000 da CPTM, acima indicado, e para o Metro de DF, são
exemplos atuais da prática sistemática de corrupção pela Siemens. E essas práticas ocorrem
com a bênção da alta cúpula da Siemens Brasil.
Espero que as informações acima possam ajudá-lo em sua difícil função de Ombudsman da
empresa que ainda não aprendeu com as lições do passado.
Conforme já mencionado no início da minha carta, cópias desses documentos serão entregues
em breve às autoridades brasileiras que investigam as práticas ilegais no Projeto G da Linha
CPTM.
Atenciosamente,

Investigando a corrupção, a mais de 6 mil milhas de casa
O caminho que acabou por me levar a essa valiosa fonte havia começado 10 meses antes, no campus da Universidade da Califórnia em Berkeley, a mais de 6 mil milhas de São Paulo. Fluente em português, fiquei empolgado quando um professor me falou sobre seu interesse em investigar um escândalo de corrupção no Brasil, envolvendo centenas de milhares de dólares.
Desde 2008, a Justiça e a polícia na Suíça, França e, de forma mais pontual, na Inglaterra e nos Estados Unidos, tinham aberto investigações sobre o esquema de propinas da Alstom ao redor do mundo. Parte das investigações feitas na Suíça envolviam o Brasil e, depois de avisados pelos suíços, membros do Ministério Público de São Paulo também começaram a apurar pagamentos suspeitos feitos pela companhia, associados a contratos para fabricar, instalar trens, sistemas de sinalização e vagões do metrô na região metropolitana.
Depois de uma semana de pesquisa e conversa com jornalistas brasileiros, decidi procurar os membros do PT na Assembléia, que há dois anos tentavam abrir uma CPI para investigar o caso, bloqueada pela maioria governista (o PSDB, partido do atual governador paulista, está há 18 anos no poder no Estado).
Nem telefonei antes. Preferi me apresentar pessoalmente e peguei o metrô, embarcando em um vagão novinho com o logotipo da Alstom em todas as janelas. Tive que fazer duas baldeações e andar 1 km para pegar um ônibus para a Assembléia, o que resultou em uma viagem de duas horas. O que não é uma experiência rara para os usuários do precário sistema de transporte público de São Paulo.
Encontrei a assessora de comunicação do PT no hall do imponente prédio da Assembléia. Tomamos um café juntos e eu perguntei sobre o caso Alstom. Ela disse que seria melhor conversar com um dos deputados, o que teria que ser agendado, mas, enquanto isso, disse, ela poderia me entregar a cópia de um dossiê organizado pelo PT sobre o caso. Recebi o calhamaço com centenas de páginas de documentos presos por grampos. Não tive nem que tirar xerox.
O dossiê incluía contratos, relatórios policiais, dados estatísticos e uma coleção de matérias publicadas na imprensa brasileira. As informações indicavam que, entre 1989 e 2007, a Alstom e suas consorciadas ganharam pelo menos 139 contratos no valor de R$ 7,6 bilhões do governo do Estado de São Paulo. Quase todos os contratos eram referentes ao metrô de São Paulo e à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Do total, quase R$ 1,4 bilhão se referiam a contratos considerados irregulares pelo Tribunal de Contas, de acordo com o dossiê.
Parte das informações já eram de conhecimento público. Em maio de 2008, a polícia suíça marcou uma reunião com membros do Ministério Público de São Paulo para falar sobre pagamentos de US$ 6,8 milhões que teriam sido usados como propinas para ganhar um contrato de US$ 45 milhões do metrô, de acordo com matéria do Wall Street Journal. Entre os documentos obtidos pelo repórter, alguns se referiam a aditivos de R$ 110 milhões, de 1998, que prolongavam a validade de um contrato assinado 15 anos antes.
Um memorando timbrado de 1997 a respeito desse contrato dizia bastante sobre o esquema. Nele, Bernard Metz, então executivo da Alstom informava a um colega que companhia pagaria 7,5% de propina pelo contrato a um indivíduo com as iniciais R.M. “É um pagamento para o governo local”, Metz escreveu em francês. “Está sendo negociado por um ex-secretário do governador”.
De acordo com as investigações policiais, esse ex-secretário era Robson Marinho, chefe de gabinete do governo Covas entre 1995 e 1997. Marinho, que depois se tornou conselheiro do Tribunal de Contas Estadual, o órgão de auditoria das contas públicas de São Paulo, muitas vezes deu o voto decisivo para aprovar a legalidade de contratos da Alstom hoje investigados. Ele chegou a admitir que assistiu a Copa do Mundo de 1998 em Paris às custas da Alstom – embora seja um homem próspero, dono de uma ilha no Rio de Janeiro e de um prédio de oito andares em um bairro nobre em São Paulo.
Em junho de 2009, as autoridades suíças bloquearam uma conta de Marinho sob suspeita de que tivesse sido usada pela Alstom para pagar propinas via depósitos offshore. No mês seguinte, o Ministério Público de São Paulo fez o mesmo com as contas bancárias de Marinho e de mais 18 suspeitos.
Outros documentos que obtive em São Paulo revelavam mais sobre o esquema atribuído a Alstom. Em depoimento juramentado ao MPE, em 2008, Romeu Pinto Júnior, suspeito de lavagem de dinheiro, disse que um ex-executivo da Alstom chamado Philip Jaffre, já falecido, havia montado várias companhias offshore no Uruguai e nas Ilhas Virgens para fazer circular secretamente os recursos da companhia que seriam pagos a políticos brasileiros. Os políticos recebiam em dinheiro, em encontros em restaurantes.
Em depoimento da mesma época, outro suspeito de lavagem de dinheiro, Luís Filipe Malhão e Sousa, disse ter usado várias empresas para distribuir as propinas da Alstom e lavado dinheiro através de vários bancos em Nova York. Mais de um milhão de dólares foram transferidos pelas empresas de Sousa nessas transações entre 1998 e 2002.
Em agosto de 2008, segundo documentos oficiais, pelo menos dez contratos da Alstom estavam sendo investigados pelo Ministério Público de São Paulo. Mas as tentativas do PT de abrir uma CPI continuavam sem obter os votos necessários na Assembléia.
Boa hora para um encontro rápido de muitas consequências
Enquanto rastreava o ex-executivo da Siemens, fui muitas vezes a Assembléia para conversar com deputados e assessores legislativos sobre os documentos compilados no dossiê. Em uma dessas visitas, ao entrar no departamento de pesquisas do PT, escondido em um canto da Assembléia, um homem magro, com alguns cabelos grisalhos disfarçando a careca, me disse, entusiasmado, que eu tinha chegado em boa hora. “Tem alguém aqui que eu quero que você conheça”. E saiu. Voltou pouco depois para me conduzir até uma sala de reuniões com uma mesa grande. Ali estava sentado um homem de olhar intenso, que me observava silenciosamente.
Depois de breves apresentações, ficou claro que o homem com quem eu estava falando era o ex-executivo da Siemens que eu procurava, com informações de primeira mão sobre a Alstom, Siemens e outras empresas que atuam no setor metroferroviário de São Paulo.
Contei-lhe o que já havia descoberto em minhas investigações sobre as acusações à Alstom. Do outro lado da mesa, ele me olhou e assentiu com a cabeça. Após uma conversa rápida, off the record, ele me disse: “Infelizmente você me pegou em um momento ruim, tenho que ir embora”. Antes de sair, porém, ele pegou uma pilha de papéis grampeados e me entregou. “Você é uma das pouquíssimas pessoas a ver isso”, disse. “Acho que vai achar interessante.” Pedi, mas não obtive seu contato e ele saiu rapidamente da sala, dizendo que eu poderia achá-lo através de meus conhecidos na Assembléia. Peguei um táxi e corri para casa para olhar os documentos.
Duas cartas e muitas revelações sobre o que se tornaria um escândalo
O primeiro era uma carta escrita em inglês endereçada ao Dr. Hans-Otto Jordan, em Nuremberg, Alemanha, em junho de 2008. Jordan, eu saberia depois, era o ombudsman da Siemens – um advogado contratado pela companhia para ouvir os empregados que quisessem fazer denúncias sobre práticas inapropriadas de negócios na companhia.
Na carta de oito páginas, o ex-executivo fornecia informações e documentos que compunham o que ele chamava “As práticas ilegais do presente e do passado da Siemens no Brasil”. E focava três contratos do setor de transportes metropolitanos com o cuidado de destacar que o mesmo esquema também era muito utilizado pelas divisões de equipamentos médicos e de energia da Siemens.
A primeira coisa que me chamou a atenção na carta foi o nível de detalhes sobre os casos relatados. Para cada contrato discutido, a fonte nomeava as companhias envolvidas, dizia os valores e a quem as propinas haviam sido pagas, nomeando os funcionários de alto escalão do governo de São Paulo e do Distrito Federal que receberam o suborno. Dois dos três contratos denunciados eram acordos para expandir o sistema metropolitano de trens. O primeiro era um contrato de 288 milhões de dólares, assinado em 2000, para ligar uma linha de trem – a G da CPTM – à linha 5 do metrô, a linha lilás, com apenas cinco paradas, que vai do Largo Treze ao Capão Redondo, no extremo da zona Sul de São Paulo.
Quase dois terços desse dinheiro vinha do governo de São Paulo; o resto tinha sido financiado pelo BID de acordo com os registros oficiais. Esse contrato, anexo à carta do executivo, tinha sido dividido entre várias companhias, incluindo a Alstom, a Siemens, a Daimler Chysler, a grande companhia espanhola CAF e vários pequenos parceiros e subcontratados.
Para garantir o contrato, a Alstom havia costurado um acordo com as outras companhias para oferecer preço inferior ao dos concorrentes na licitação da nova linha de metrô, segundo o ex-executivo. Depois, dividiriam o bolo. Cada uma das empresas pagaria uma parte das propinas aos funcionários do governo estadual, correspondentes a 7,5% do valor do contrato, segundo a carta.
Siemens e Alstom camuflavam o dinheiro das propinas através de duas companhias no Uruguai – Leraway Consulting e Gantown Consulting-, e duas brasileiras, Procint e Constech, de propriedade de Arthur e Sergio Teixeira, segundo a carta. Os recursos eram então transferidos para o Brasil onde as propinas eram pagas em dinheiro vivo. Os documentos dos contratos com as firmas uruguaias, assinados pela Siemens em Munique em abril de 2000, também foram anexados.
O próximo grupo de documentos se referia a contratos com o governo estadual para fabricar e colocar em operação dez trens comprados pela CPTM. Em 1997, a Siemens ganhou um contrato no valor de 103 milhões de marcos alemães para vender dez trens para a CPTM. Pelo acordo, a companhia dividiria o contrato com a empresa japonesa Mitsui, que se encarregaria do suporte e treinamento técnico; mas o papel verdadeiro da Mitsui, segundo a denúncia, era o de pagar propinas para os funcionários da CPTM, sempre de acordo com a carta do ex-executivo. “O contrato era apenas uma ‘cortina de fumaça’ para ocultar sua função real, que era subornar o cliente”, ele escreveu.
Cinco anos depois, a Siemens assinou mais um contrato com a CPTM para operar e manter os vagões vendidos em 1997. A companhia obteve o negócio subcontratando a empresa brasileira MGE Transportes, então dirigida por Ronaldo Moriyama, conhecido por “sua atitude agressiva e arriscada” ao subornar funcionários do governo para obter contratos, escreveu o ex-executivo, que chegou a nomear os que teriam recebido as propinas da MGE. “Muitos diretores do Metrô de SP e da CPTM estão na folha de pagamentos dele (Moriyama) há anos”, dizia a carta. “Os mais conhecidos eram: Décio Tambelli (ex-diretor de operações do Metrô), Jose Luiz Lavorente (ex-diretor de operações da CPTM) e Nelson Scaglione (Gerente de Manutenção do Metrô de SP ).”
O ex-executivo também detalhou o esquema de propinas da Alstom no Metrô em Brasília que, segundo a carta, funcionava há anos. Para garantir os contratos, a companhia pagava R$ 700 mil de propina por mês ao ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, e diretores do metrô, escreveu o ex-executivo. Quando a Siemens substituiu a Alstom no mesmo contrato, o governador Roriz não se incomodou, “desde que o vencedor da concorrência continue a pagar a ‘taxa’” dizia a carta. No final, o ex-executivo diz que o suborno continuava sendo uma prática da Siemens no Brasil, acrescentando: “Essa atitude conta com as bençãos do principal executivo da companhia no Brasil”.
Uma segunda carta endereçada ao Ministério Público
Uma segunda carta, essa escrita em português, em 2010, foi me entregue pelo ex-executivo. Depois eu descobriria que essa carta – dirigida a “Prezados Senhores – tinha sido remetida ao Ministério Público Estadual pela bancada do PT na Assembléia em fevereiro de 2011, com mais um pedido formal de investigação – o que vinha sendo feito pelo partido desde 2008.
Nela, o ex-executivo detalhava ainda mais o esquema de propinas da Siemens e o papel da MGE, subcontratada pela Siemens para executar o contrato de manutenção da CTPM, vencido em 2002, no valor de R$ 34 milhões. O verdadeiro propósito da parceria, dizia a carta, era canalizar propinas para os diretores da CPTM e para políticos do PSDB e do PFL (atual DEM) em São Paulo.
Durante os cinco anos de vigor do contrato, a Siemens transferiu à MGE mais de R$ 3 milhões para serem usados nas propinas, fingindo pagar por serviços que nunca foram realizados, de acordo com a fonte. O dinheiro era depositado nas contas pessoais dos diretores da MGE e pagos para o já citado José Luiz Lavorente, então diretor da CPTM. Segundo a carta, Lavorente guardava o seu quinhão e distribuía o restante a políticos de São Paulo. A MGE ficava com 23% do dinheiro das propinas, e a Siemens obtinha um grande lucro, superfaturando em até 30% os contratos da CPTM, segundo a carta. O mesmo arranjo era utilizado pela Siemens para ganhar licitações de contratos lucrativos com o Metrô de São Paulo e de Brasília, de acordo com o ex-executivo.
Mais uma vez as denúncias eram acompanhadas de documentos, dessa vez informes detalhados de pagamentos da Siemens à MGE de 2002 to 2006, com números de cheques e datas das transações para pagar as propinas. “O papel principal da MGE nos contratos com a Siemens Ltda. (Brasil) foi e continua sendo o pagamento de propina a diretores da CPTM, Metro SP e Metro DF (Brasilia)”, escrevia a fonte. “O cruzamento dos saques efetuadas pela MGE com os pagamentos efetuados pela Siemens a esta empresa pode provar o esquema milionário de corrupção patrocinado pela Siemens e MGE na CPTM, no Metro de SP e no Metro do DF.”

Por fim, a tão sonhada entrevista

O potencial de impacto dessas informações era quase impensável. Antes de ir embora do Brasil, decidia que faria todo o possível para me manter em contato com essa fonte.
Mas isso não era nada fácil, como percebi nas semanas seguintes em que fui diversas vezes à Assembléia para tentar um novo encontro com o ex-executivo. Até que um dia, uma semana antes do dia marcado para o meu vôo de volta à Califórnia, dei de cara com o homem que havia me apresentado ao ex-executivo no mesmo departamento de pesquisas do PT.
“Que bom te ver”, ele me disse, sorrindo. “Falei com o seu contato ontem. Ele vai estar em São Paulo na quinta-feira e pode te encontrar às 6 da tarde”. Meu vôo partiria na manhã seguinte às 9h30 da manhã. “Vou chegar 15 minutos antes”, respondi.
Naquela noite quase não dormi. Arrumei a mala, escaneei meu cérebro em busca de cada detalhe que eu deveria perguntar e acabei indo para a cama de madrugada. No dia seguinte, na hora marcada, encontrei o ex-executivo na mesma sala que o vi pela primeira vez. Ele acenou e me disse “Olá, de novo”. Conversamos sobre os documentos e perguntei se poderia gravar a entrevista. Ele concordou, com a condição de manter o anonimato.
Durante os próximos 45 minutos, ele me deu a primeira e única entrevista já concedida sobre o esquema de propinas e de combinação de preço nas licitações que ele disse ter presenciado pessoalmente. Sempre que um contrato grande do setor metroferroviário é fatiado entre diversas empresas no Brasil, as práticas ilegais são comuns, ele disse.
“Existe sempre um acordo entre elas, uma divisão e um sobrepreço, ou seja, um cartel. Quando tem cartel, tem pagamento, obviamente”, explicou. “Está acontecendo agora (2010) no caso das reformas do metro. Também na manutenção dos trens da CPTM,” afirmou. Mais adiante ele diria que as subsidiárias brasileiras da Alstom e da Siemens mudaram alguns métodos de pagamentos de propinas depois das investigações na Europa.
“Antigamente ia para as contas na Suíça, para as offshores no Uruguai, mas ficou muito difícil fazer este tipo de pagamento de propina diretamente,” disse. “É por isto que, em geral, eles sempre levam um subcontratado. Imagina, uma Alstom, por exemplo, com uma fábrica aqui no Brasil. Porque precisaria subcontratar alguém para fazer um serviço? Não precisa. No fundo, o que acontece? Aqui precisa de alguém para fazer o trabalho sujo.”
Ele disse que o dinheiro das propinas permitiam às empresas ganhar contratos por preços absurdos e engordar os cofres dos partidos políticos no poder em São Paulo e no Distrito Federal. “Os intermediários ficam com uma parte, e a outra parte vai para os políticos,” disse. “Os políticos solicitam, induzem, vamos dizer assim. Eles querem contribuições para as campanhas, mas a maior parte fica para eles pessoalmente”.
No final da conversa, consegui perguntar uma coisa que estava na minha cabeça desde que li a carta enviada por ele ao ombudsman da Siemens em 2008. Como a Siemens havia respondido às acusações?
Um parênteses: Em dezembro de 2008, seis meses depois do executivo ter mandado sua carta anônima ao ombudsman, a Siemens havia se declarado culpada ao Departamento de Justiça americano por violações do “Foreign Corrupt Practices Act”, que proíbe as companhias com negócios nos Estados Unidos de pagar propinas em outros países. Como parte de um acordo com a corte americana, a Siemens admitiu ter pago mais de 800 milhões de dólares em propinas ao redor do mundo. No mesmo período, fechou um acordo semelhante com as autoridades alemãs, pagando uma multa total de 1,6 milhão de dólares. O Brasil, no entanto, não foi mencionado nesse esquema.
Voltando a entrevista em São Paulo: o ex-executivo disse que nunca recebeu qualquer sinal de que a Siemens tivesse ido atrás das informações fornecidas na sua carta, apesar das promessas da companhia de reestruturar suas práticas para acabar com a corrupção.
“A Siemens abafou o caso no auge da crise, no momento em que diziam querer limpar tudo. Foi como se nunca tivesse acontecido. Ninguém falou nada, ninguém foi mandado embora. A coisa aconteceu como se fosse tudo normal,” contou o ex-executivo.
“Por algum motivo, o Brasil sempre ficou intocado. A minha interpretação é que eles sabem que isso tem que continuar, e não querem fazer muito barulho, porque eles sabem que se não continuar, eles vão ter menos contratos. E isto é verdade.”
Mais uma vez pedi o contato dele quando a entrevista terminou, e mais uma vez ele me disse que eu teria que procurá-lo através dos nossos conhecidos na Assembléia. E mais uma vez, ele saiu apressado do escritório, desaparecendo no burburinho da metópole.

De volta à Califórnia
Depois de algumas semanas organizando o material coletado no Brasil, contatei o Departamento de Justiça dos Estados Unidos para saber se, durante as negociações daquele acordo, o Brasil realmente não havia sido citado. Foram semanas de telefonemas até conseguir falar com um porta-voz, que disse que o Departamento não comentaria esse assunto.
Diante do aparente beco sem saída, recorri ao professor que tinha me colocado na história das propinas no Brasil, Lowell Bergman, jornalista premiado com o Pulitzer e diretor do programa de Jornalismo Investigativo da UC Berkeley. Alguns anos antes, quando ele preparava um especial de televisão sobre propinas pagas por companhias no exterior para ganhar concorrências fora dos Estados Unidos, tinha conseguido uma fonte no Departamento de Justiça que havia trabalhado no acordo das propinas com a Siemens.
Mas a fonte disse que não havia menção da Siemens sobre subornos no Brasil e Bergman e eu decidimos confirmar se realmente o ex-executivo brasileiro havia mandado a tal carta para a Siemens na Alemanha. Depois de muita conversa em off com uma fonte da Siemens, ouvi que a companhia tinha realmente recebido a carta em 2008. Mas, como a informação não podia ser confirmada, eu tinha que verificar na própria companhia.
Em fevereiro de 2011, entrei em contato com a assessoria de imprensa da sede da Siemens por email e comecei a ligar para Munique tarde da noite, para compensar as nove horas de diferença de fuso horário. Eu havia feito perguntas bem específicas no meu email: A Siemens tinha informado as autoridades nos Estados Unidos e na Alemanha sobre as denúncias de propinas no Brasil feitas em uma carta enviada ao ombudsman em junho de 2008? Se sim, quando? A companhia tinha remetido a carta para as autoridades?A Siemens tinha aberto um procedimento interno para investigar o assunto? Se sim, quando?
No mês seguinte, o assessor de imprensa respondeu ao email: “Como parte da cooperação em andamento com as autoridades americanas, a Siemens informou ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos e à Comissão de Valores Mobiliários (Securities and Exchange Commission) sobre as denúncias anônimas que foram submetidas por carta ao ombudsman”, escreveu o porta-voz no email.
Quanto às outras questões, foram respondidas em termos muito genéricos: “Como a Siemens não comenta investigações ou processos investigativos, está impossibilitada de comentar as ações específicas ou investigações independentes assumidas pela Siemens em resposta às denúncias,” escreveu, para concluir: “Em relação aos esforços globais de monitoramento da Siemens, incluindo o Brasil, tomou medidas inéditas de autocorreção e limpeza que foram reconhecidas pelos órgãos dos Estados Unidos como ‘extraordinárias’ e ‘as melhores do gênero’. Nós levamos a sério nosso compromisso com altos padrões éticos e temos uma política de ‘tolerância zero’ com desvios”.
Em outubro de 2011, a companhia demitiu o presidente das operações brasileiras, Adilson Primo, que ocupava o cargo há tempos, afirmando que “uma investigação interna revelou, recentemente, uma grave violação às diretrizes da Siemens na subsidiárias brasileira antes de 2007”. Reportagens ligaram a demissão à descoberta de uma conta privada com cerca de 6 milhões de euros de recursos da Siemens. Um porta-voz disse que a saída de Primo não tinha relação com a carta do denunciante.
Meses depois, em uma apresentação da companhia em janeiro de 2012, a Siemens confirmou que estava sob investigação do Ministério Público em Brasília. Em maio de 2013, o escândalo estourou no CADE.
Grande parte da informação que veio da delação da Siemens ao CADE, corrobora as alegações do ex-executivo. Emails e outros documentos indicam que a companhia associada a outras empresas operava como um cartel para ganhar contratos do governo por preços superfaturados entre 1998 e 2007. Esses contratos faziam parte dos acordos entre Siemens e Alstom para fabricar, manter e instalar trens em São Paulo e Brasília. Os três contratos citados pelo ex-excutivo estão sob investigação, incluindo o da Linha G de trem e lilás de metrô. Até a porcentagem de faturamento – 30% – que consta dos documentos entregues pela Siemens ao CADE, segundo o Estadão, é a mesma. Ao todo, dez promotores vão conduzir 45 inquéritos para investigar atividades suspeitas da Alstom, Siemens e outras em contratos que somam R$ 1,9 bilhão apenas no Estado de São Paulo.
No começo desse mês de agosto, a revista IstoÉ, em uma grande reportagem sobre o escândalo, revelou indícios de que o dinheiro das propinas da Alstom e da Siemens no setor metroferroviário de São Paulo ajudou a eleger os quatro últimos governadores de São Paulo. Muitos dos que foram acusados de receber propinas na reportagem da revista eram os mesmo citados pelas cartas do ex-executivo, incluindo o ex-diretor de operações da CPTM, José Luiz Lavorente, e o ex-diretor de operações do Metro de São Paulo, Décio Tambelli.
Novas revelações devem surgir da colaboração da Siemens com os investigadores brasileiros. Mas, os fatos têm mostrado que as acusações do ex-executivo têm fundamento. Ainda assim, Paulo Stark, chefe da subsidiária brasileira da Siemens, afirmou, em depoimento, que “desde 2007”, tem um “sistema de monitoramento para detectar, prevenir e remediar práticas ilícitas que possam ter sido adotadas, encorajadas ou toleradas por empregados ou executivos em qualquer lugar do mundo”.
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Conta secreta na Suíça que abasteceu o propinão tucano no Metrô assombra Alckmin

Da revista IstoÉ


A conta secreta do propinoduto

Documentos vindos da Suíça revelam que conta conhecida como "Marília", aberta no Multi Commercial Bank, em Genebra, movimentou somas milionárias para subornar homens públicos e conseguir vantagens para as empresas Siemens e Alstom nos governos do PSDB

Claudio Dantas Sequeira e Pedro Marcondes de Moura

Na edição da semana passada, ISTOÉ revelou quem eram as autoridades e os servidores públicos que participaram do esquema de cartel do Metrô em São Paulo, distribuíram a propina e desviaram recursos para campanhas tucanas, como operavam e quais eram suas relações com os políticos do PSDB paulista. 
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A CONTA DA PROPINA
Dinheiro para tucanos saiu da “conta Marília” no
Leumi Private Bank, em Genebra, na Suíça
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Agora, com base numa pilha de documentos que o Ministério da Justiça recebeu das autoridades suíças com informações financeiras e quebras de sigilo bancário, já é possível saber detalhes do que os investigadores avaliam ser uma das principais contas usadas para abastecer o propinoduto tucano. De acordo com a documentação obtida com exclusividade por ISTOÉ, a até agora desconhecida “conta Marília”, aberta no Multi Commercial Bank, hoje Leumi Private Bank AG, sob o número 18.626, movimentou apenas entre 1998 e 2002 mais de 20 milhões de euros, o equivalente a R$ 64 milhões. O dinheiro é originário de um complexo circuito financeiro que envolve offshores, gestores de investimento e lobistas.
Uma análise preliminar da movimentação da “conta Marília” indica que Alstom e Siemens partilharam do mesmo esquema de suborno para conseguir contratos bilionários com sucessivos governos tucanos em São Paulo. Segundo fontes do Ministério Público, entre os beneficiários do dinheiro da conta secreta está Robson Marinho, o conselheiro do Tribunal de Contas que foi homem da estrita confiança e coordenador de campanha do ex-governador tucano Mário Covas. Da “Marília” também saíram recursos para contas das empresas de Arthur Teixeira e José Geraldo Villas Boas, lobistas que serviam de intermediários para a propina paga aos tucanos pelas multinacionais francesa e alemã.
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ELO ENTRE OS ESQUEMAS
Ligado aos tucanos, o lobista Arthur Teixeira, dono de offshores
no Uruguai, recebeu recursos da “conta Marília”
O lobista Arthur Teixeira personifica o elo entre os esquemas Alstom e Siemens. Como ISTOÉ já revelou numa série de reportagens recentes, com base nas investigações em curso, Teixeira e seu irmão Sérgio (já falecido) foram responsáveis por abrir as empresas Procint e Constech, além das offshores Leraway Consulting e Gantown Consulting, no Uruguai, com o único objetivo de servir de ponte ao pagamento de comissões a servidores públicos e a políticos do PSDB. Teixeira tinha acesso privilegiado ao secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e ao diretor de Operação e Manutenção da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), José Luiz Lavorente, o encarregado da distribuição em mãos da propina.
Até 2003 conhecido como Multi Commercial Bank, depois Safdié e, a partir de 2012, Leumi Private Bank AG, a instituição bancária tem um histórico de parcerias com governos tucanos. Em investigações anteriores, o MP já havia descoberto uma outra conta bancária nesse banco em nome de Villas Boas e de Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes Metropolitanos de SP (1994, gestão de Luiz Antônio Fleury Filho) e ex-diretor dos Correios (1997) e de projetos de ensino superior do Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão Fernando Henrique Cardoso. Apesar de estar fora da administração paulista numa das épocas do pagamento de propina, Fagali manteria, segundo a Polícia Federal, ascendência e contatos no governo paulista. Por isso, foi indiciado pela PF sob acusação de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fagali Neto também é irmão de José Jorge Fagali, que presidiu o Metrô na gestão de José Serra. José Jorge é acusado pelo MP e pelo Tribunal de Contas Estadual de fraudar licitações e assinar contratos superfaturados à frente do Metrô.
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Para os investigadores, a “conta Marília” era usada para gerenciar recursos
de outras contas destinadas a abastecer empresas e fundações de fachada
Para os investigadores, a “conta Marília” funcionaria como uma espécie de “conta master”, usada para gerenciar recursos de outras que, por sua vez, abasteceram empresas e fundações de fachada, como Hexagon Technical Company, Woler Consultants, Andros Management, Janus, Taltos, Splendore Associados, além da já conhecida MCA Uruguay e das fundações Lenobrig, Nilton e Andros. O MP chegou a pedir, sem sucesso, às autoridades suíças e francesas o arresto de bens e o bloqueio das contas das pessoas físicas e jurídicas citadas. Os pedidos de bloqueio foram reiterados pelo DRCI, mas não foram atendidos. Os investigados recorreram ao STJ para evitar ações similares no Brasil.
O MP já havia revelado a existência das contas Orange (Laranja) Internacional, operada pelo MTB Bank de Nova York, e Kisser (Beijoqueiro) Investment, no banco Audi de Luxemburgo. Ou seja, “Marília” é mais um nome próprio no dicionário da corrupção tucana. Sabe-se ainda que o cartel operado pelas empresas Siemens e Alstom, em companhia de empreiteiras e consultorias, usava e-mails cifrados (leia quadro).
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RELAÇÃO COM FHC
Um dos beneficiários da propina oriunda da Suíça, Geraldo Villas Boas
mantinha uma conta conjunta com Jorge Fagali Neto, ex-diretor de projetos do
Ministério da Educação (2000 a 2003) na gestão de Fernando Henrique Cardoso
Os novos dados obtidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça dão combustível para o aprofundamento das investigações no Brasil. Além do processo administrativo aberto pelo Cade sobre denúncia de formação de cartel nas licitações de São Paulo e do Distrito Federal, outras duas ações sigilosas, uma na 6ª Vara Federal Criminal e outra na 13ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, apuram crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa. Além de altos funcionários do Metrô, como os já citados Lavorente e Fagali, as investigações apuram a participação do ex-secretário de Energia e vereador Andrea Matarazzo, em razão de contratos celebrados entre a Companhia de Energia de São Paulo (CESPE) e a Empresa Paulista de Transmissão de Energia Elétrica S.A. (EPTE).
Na documentação encaminhada pelo DRCI ao MP de São Paulo, a pedido do promotor Silvio Marques, também constam novos dados bancários de vários executivos franceses, alemães e brasileiros que tiveram algum tipo de participação no esquema de propinas. São eles os franceses Michel Louis Mignot, Yves Barbier de La Serre, André Raymond Louis Botto, Patrick Ernest Morancy, Jean Pierre Antoine Courtadon e Jean Marcel Jackie Lannelongue e os brasileiros José Amaro Pinto Ramos, Sabino Indelicato e Luci Lopes Indelicato, além do alemão Oskar Holenwger, que operou em toda a América Latina. Na Venezuela, Holenwger é citado junto a Mignot, La Serre, Morancy e Botto em investigação sobre lavagem de dinheiro, apropriação indébita qualificada, falsificação de documentos e suposta corrupção de funcionários públicos do setor de energia.
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DA COZINHA DE COVAS
De acordo com o MP, o conselheiro do TCE, Robson Marinho (foto), homem de confiança
do ex-governador Mário Covas, recebeu dinheiro através da conta Marília 
O apoio das autoridades de França e Suíça às investigações brasileiras não tem sido tão fácil, e a cooperação é mais recente do que se pensava. O Ministério da Justiça chegou a pedir o compartilhamento de informações ainda em 2008 – auge da investigação da Siemens e da Alstom. Mas não foi atendido. Os franceses lembraram que, nos termos do acordo bilateral, a cooperação só pode se desenrolar por via judicial. Dessa forma, foi necessário notificar o Ministério Público Federal para que oficiasse junto à 6ª Vara Criminal Federal e à 13ª Vara da Fazenda Pública. O compartilhamento só foi efetivado em dezembro de 2010.
A Suíça, ainda em março de 2010, solicitou a cooperação brasileira na apuração das denúncias lá, uma vez que parte do dinheiro envolvido nas transações criminosas teria sido depositada em bancos suíços. Os primeiros dados, relativos à empresa MCA e ao Banco Audi de Luxemburgo, chegaram ao Brasil em julho de 2011. Foram solicitadas ainda oitivas com determinadas testemunhas, o que foi encaminhado ao MPF em São Paulo e à Procuradoria Geral da República (PGR). Paralelamente, a Polícia Federal abriu o inquérito nº 0006881-06.2010.403.6181, mas só no último dia 25 de julho o procurador suíço enviou às autoridades os dados bancários solicitados, por meio de uma decisão denominada “conclusive decrees”, proferida em 14 e 24 de junho. Foi com base nisso que a Suíça já bloqueou cerca de 7,5 milhões de euros que estavam na conta conjunta de Fagali e Villas Boas, no Safdié. Tratou-se de uma decisão unilateral suíça e a cifra não é oficial – foi fornecida ao Ministério da Justiça por fonte informal. A Suíça só permite o uso dos dados enviados em procedimentos criminais.
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RodapéNews 240813


(informações de rodapé e outras que talvez você não tenha visto)

FRAUDES MILIONÁRIAS NO METRÔ E TRENS DE SP E DO DF
PROPINODUTO DENUNCIADO PELA SIEMENS PASSA PELA CASA CIVIL DO GOVERNO DE SP
Jornal da Band
VÍDEO - Cartel: desvio passaria pela Casa Civil do governo de SP
Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público indicam que o desvio de recursos em obras do Metrô e do setor elétrico em São Paulo passa pela Casa Civil do Governo do Estado. O consórcio da linha-4 do Metrô paulista foi alvo de investigação na Operação Castelo de Areia, deflagrada há quatro anos, e depois suspensa pela Justiça. 
Empresas apontadas agora pela Siemens como integrantes de um cartel em outras obras, já aparecem nos documentos apreendidos pelos agentes da Polícia Federal, em 2009

ESQUEMA DE FRAUDES NO METRÔ E TRENS CONTINUA ATÉ HOJE
IstoÉ
As pegadas recentes do cartel
Ministério Público e Tribunal de Contas de São Paulo encontram fortes indícios de que o esquema do Metrô continua a operar. Contratos em vigor firmados por José Serra e Geraldo Alckmin serão analisados com lupa

DOCUMENTOS DA JUSTIÇA SUÍÇA REVELAM CONTA SECRETA 
IstoÉ
A conta secreta do propinoduto
Documentos vindos da Suíça revelam que conta conhecida como "Marília", aberta no Multi Commercial Bank, em Genebra, movimentou somas milionárias para subornar homens públicos e conseguir vantagens para as empresas Siemens e Alstom nos governos do PS

ESTES EX-DIRETORES TAMBÉM NÃO SABIAM
Folha
Ex-diretores do Metrô e da CPTM depõem e negam saber de cartel
Dois ex-executivos do Metrô de São Paulo e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) negaram ontem ao Ministério Público ter conhecimento de que empresas que forneciam trens e serviços agiam como um cartel.
Os executivos são o engenheiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM, e o advogado Sérgio Avelleda, ex-diretor da CPTM e ex-presidente do Metrô

SIEMENS PROCURA SAIR DO ATOLEIRO
IstoÉ Dinheiro
O rumo incerto da Siemens
Saiba como a multinacional alemã está enfrentando a mais conturbada crise de imagem de sua história e de que forma tenta recuperar sua reputação entre clientes e funcionários

FRAUDES NO METRÔ DO DF DURANTE GESTÕES RORIZ E ARRUDA 
Estadão - 24/08/2013
Leia estas notícias nesta página A8:
1.      Metrô do DF limitou disputa, diz CGU
2.      Ex-presidente da CPTM nega ter favorecido empresa espanhola
3.      ‘Cartel é uma praga, e é mais recorrente em compras públicas’, diz Mario Schapiro, professor de Direito Concorrencial da Direito GV

Folha - 24/08/2013
Cartel recebeu em dobro por serviços no DF, diz auditoria
Empresas investigadas pela prática de cartel em licitações dos metrôs de São Paulo e Brasília receberam duas vezes pelos mesmos serviços durante a execução de um dos contratos agora sob investigação, de acordo com uma auditoria interna do governo do Distrito Federal.
A análise, feita pela Secretaria de Transparência do Distrito Federal, apontou prejuízo de R$ 3,4 milhões para os cofres públicos num período de apenas sete meses de execução do contrato, entre 2010 e 2011. Estima-se que o dano possa ser maior, pois outros meses não foram apurados

NOTÍCIAS DE SP
DIANTE DE OUTRO "MAR DE LAMA" EM RIO PRETO, 7º PEDIDO DE CASSAÇÃO DO PREFEITO VALDOMIRO LOPES (PSB) 
Diário da Região - 24/08/2013 - versão digital
MP pede a cassação de Valdomiro pela 7ª vez
Ministério Público quer a cassação e a perda dos direitos políticos do prefeito Valdomiro Lopes (PSB) por supostamente fracionar licitação e destinar indevidamente recursos públicos para a realização da 3ª Mostra Gastronômica e do Rio Preto Franchising Business, ambos em 2012

Veja esta notícia também aqui:
Diário da Região
MP pede a cassação de Valdomiro pela 7ª vez

EM COTIA, ALUNOS SEM PROFESSORES EM ESCOLA ESTADUAL
SPTV - 23/08/2013
Alunos são dispensados por falta de professor em Cotia

ENQUANTO PARQUE PRONTO ESTÁ FECHADO, PARQUE DETONADO É ABERTO AO PÚBLICO NA ZONA LESTE DE SÃO PAULO. PODE?
[RodapéNews defende a abertura de parques e equipamentos públicos até as 22h (bibliotecas, como exemplo), incluindo os finais de semana, permitindo seu uso pelas pessoas que trabalham a semana inteira]

SPTV - 23/08/2013
Condições do Parque Sapopemba, na Zona Leste de SP, são péssimas

CALVÁRIO NO ATENDIMENTO MÉDICO EM GUARULHOS
SPTV - 23/08/2013
Pacientes esperam meses para conseguir vaga em UBS de Guarulhos

PROGRAMA MAIS MÉDICOS NA GRANDE SÃO PAULO
Agora
Capital recebe 1ª médica estrangeira para a periferia

SPTV
Médicos formados no exterior começam a chegar no Brasil

NACIONAL
PESQUISA IBOPE
Estadão
Avaliação positiva do governo Dilma sobe 7 pontos; Sudeste puxa melhora
Levantamento Ibope –‘Estado’ mostra que taxa de ótimo/bom da gestão da presidente cresceu de 31% para 38% desde 12 de julho; recuperação, segundo pesquisadora, está relacionada ao refluxo das manifestações e à melhora de indicadores econômicos

PRESSÃO ALTA
Estadão
Pressionado por Serra, Aécio reforça elo com FHC

GRUPO BLACK BLOC PROTESTA CONTRA REPORTAGEM DE VEJA
Estadão
Black Bloc e PM entram em confronto
Polícia reagiu após integrantes jogarem pedras contra prédio da Editora Abril; cerca de 80 manifestantes bloquearam importantes vias

DCM
“Emma”, garota Black Bloc na capa de Veja, aponta os erros na matéria em que foi personagem central

PONTO DE VISTA: SE A BADERNA NÃO INTERESSA A ESQUERDA...
Viomundo
Wladimir Pomar: A quem interessa a baderna nos protestos de rua?

MÁFIA DE BRANCO
Jornal da Record - 23/05/2013
Vídeo: Médicos vendem atestados de saúde

ESCÁRNIO
CA
Um vinho pela cabeça do Dirceu

FUTEBOL

RAIO X DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DOS CLUBES BRASILEIROS
Estadão
Receitas dos clubes brasileiros atingem R$ 3,1 bi, mas dívidas sobem

FORA PRECONCEITO!

BRIGAR COM TORCIDA ADVERSÁRIA E ATÉ ASSASSINAR TORCEDOR "INIMIGO" PODE; DAR SELINHO, É PROIBIDO. 
AMEAÇAS A EMERSON, FEITAS POR PARCELA - MÍNIMA - DE TORCEDORES CORINTIANOS HOMOFÓBICOS, SÃO INJUSTIFICADAS E NÃO PODEM SER AVALIZADAS PELA DIRETORIA CORINTIANA

G1
Emerson Sheik usará chuteira com "Fora preconceito" no próximo jogo
Envolvido em uma polêmica e até ameaçado por torcedores organizados por conta da foto em que aparece beijando um amigo, Emerson Sheik terá uma chuteira especial a partir de agora. No próximo fim de semana, contra o Vasco, pelo Campeonato Brasileiro, o atacante teve seu pedido atendido e usará uma chuteira com as mensagens "Fora preconceito" e "Gentileza" em seus calçados.
A ação foi divulgada pela Adidas, patrocinadora do jogador, que assume de vez a postura antihomofobia já adotada no começo da semana. No último domingo, após a vitória magra por 1 a 0 contra o Coritiba, Emerson postou uma foto em que aparece dando um "selinho" em Isaac Azar, dono do restaurante Paris 6 e seu amigo

Nassif
As reações [sem justificativas, arraigadas ao machismo] ao selinho de Emerson Sheik

Agência Brasil
É hora de discutir a homofobia no futebol
O selinho do jogador corintiano Emerson Sheik no amigo Isaac Azar trouxe à tona a questão da homofobia no futebol em função da reação agressiva de torcedores do clube que protestaram contra a atitude do herói da Libertadores de 2012

G1
Vocalista do Teatro Mágico comenta 'selinho' em apoio a Emerson Sheik
'Fico orgulhoso de poder participar de um debate como esse', diz cantor.
Com a camisa do Corinthians, Fernando Anitelli deu selinho em seu irmão.