segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Como o jovem Skaf conseguiu um aeroporto em Parelheiros

Do Jornal GGN - Em 2008, as construtoras Andrade Gutierrez e Camargo Correia tentaram aprovar a construção de um aeroporto privado em Parelheiros. Não conseguiram avançar porque, na visão do governo federal, poderia enfraquecer Viracopos  (http://glurl.co/doj).
Segundo reportagem de 27 de junho de 2011 da revista Veja, “A situação é tão desfavorável para o Nasp (sigla de Novo Aeroporto de São Paulo) que o aeroporto não é nem mesmo citado pelo Senado como opção para desafogar Guarulhos, Congonhas e Viracopos.  “O que os senadores estão reivindicando é a outorga de concessões para outros aeroportos, além dos três que estão sendo privatizados”, afirma Pinto”.
Em 15 de agosto de 2013, uma pequena empresa, a Harpia Logística Ltda., com pouco mais de um ano de vida, recebeu a outorga da SAC (Secretaria da Aviação Civil)/
Foi um feito memorável.
A Harpia nasceu em 13 de agosto de 2012, tendo como sócios André Skaf, filho de Paulo Skaf, presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), e Fernando de Arruda Botelho Filho, um dos herdeiros do grupo Camargo Correia. O capital social era de apenas R$ 1,7 milhão, dos quais R$ 1.261.200,00 pertencendo a Fernando e R$ 840.800,00 a André (clique aqui).
Com esse capital, e nenhum histórico de atuação, no dia 21 de março de 2013 a Harpia deu entrada na Secretaria de Aviação Civil (SAC) a uma solicitação de outorga para a construção de um aeroporto na região de Parelheiros.

Os novos aeroportos de São Paulo

Desde 11 de outubro de 2011 dormia nas gavetas da SAC uma solicitação da empresa JHSF para um aeroporto em São Roque.
No dia 20 de março de 2013 Wellington Moreira Franco, da cota do PMDB - o mesmo partido de Paulo Skaf - assumiu a Secretaria de Aviação Civil (SAC). Um dia depois, no dia 21 de março, a Harpia entrou com o pedido de outorga na SAC.
No dia 23 de abril de 2013, apenas 33 dias depois da entrada do pedido, a SAC encaminhou ofício ao DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) solicitando a aprovação do plano de outorga do aeroporto. O ofício referente ao aeroporto de São Roque só foi encaminhado em 3 de maio de 2013 – 481 dias depois.
O DECEA respondeu em 29 dias ao pedido de aprovação do aeroporto de Parelheiros. Levou 78 para responder positivamente ao de São Roque.
Recebidas as correspondências, a SAC levou 21 dias para o recebimento do parecer do Departamento de Outorgas aprovando o aeroporto de Parelheiros; e 36 dias para o de São Roque.
A aprovação final do aeroporto de Parelheiros deu-se no dia 15 de agosto de 2013; o de São Roque no dia 20 de agosto – cinco dias depois, apesar do pedido ter dado entrada 497 dias antes. Com isso, o aeroporto de Parelheiros foi o primeiro aeroporto privado a receber a outorga da SAC.
No dia 25 de julho, mesmo antes da aprovação final, houve uma grande celebração do aeroporto de Parelheiros, em uma cerimônia que contou com a presença de Moreira Franco, do Presidente da ANAC, Marcelo Guaranys, do governador de São Paulo Geraldo Alckmin e de Paulo Skaf, como presidente da FIESP.
Mesmo com toda histórico de Parelheiros, as tratativas anteriores da Camargo Correia e da Andrade Gutierrez, entrevistado pela Agência Estado em 26 de julho de 2013, André Skaf descreveu assim esse lance incomum de empreendedorismo e de coincidência: “Ao todo, nove áreas foram avaliadas antes de a empresa se decidir por um terreno de 4 milhões de metros quadrados em Parelheiros, na zona sul de São Paulo” (http://glurl.co/dok).
Havia um incoveniente apenas: a fazenda fica em área de preservação ambiental. Houve uma movimentação de entidades da sociedade civil, de ambientalistas ao movimento Nossa São Paulo.
No dia 31 de julho de 2013, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da prefeitura de São Paulo negou a Certidão de Uso do Solo e ocupação para a Fazenda da Ilha, onde deveria ser instalado o aeroporto, “por falta de amparo legal”.
No dia 22 de novembro, em nome da FIESP, Paulo Skaf entrou com uma ação no STJ contra o aumento do IPTU, comprometendo a gestão do prefeito Fernando Haddad.

A ação política de Skaf

Os primeiros movimentos políticos de Paulo Skaf foram em direção ao PSB. Em maio de 2011 filiou-se ao PMDB. As pretensões políticas da Skaf passaram a ser bancadas com recursos da FIESP, com sua imagem sendo amplamente veiculada pela televisão, por sistemas de imagens em aeroportos e pelos jornais.
No último ano teve participação intensa em dois episódios expressivos.
O primeiro, o do amplo apoio dado à decisão da presidente Dilma Rousseff de reduzir a conta de luz. No final do ano, mereceu um agradecimento caloroso da presidente Dilma Rousseff:
O segundo, na ação contra o aumento do IPTU da prefeitura de São Paulo, que acabou levando à sua rejeição pelo Tribunal de Justiça do Estado, comprometendo os planos do prefeito Fernando Haddad.

Nenhum comentário:

Postar um comentário