Devido à inconstância da ionosfera, país ainda não tem segurança para reduzir limitações encontradas nos sistemas de satélite, diz Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
O tráfego aéreo mundial está em pleno crescimento. De acordo com a Embraer, estima-se que o crescimento médio anual será de 4,9% até 2029. Isso significa que mais aeronaves estarão em funcionamento, o que necessita utilização de uma tecnologia precisa que diminua os riscos de colisão.
A tecnologia mais avançada em controle e gerenciamento de tráfego aéreo é a CNS/ATM, que utiliza em grande escala a tecnologia satelital, comunicação digital e de uma gestão estratégica das operações, a partir da integração de tecnologias, processos e recursos humanos, destinados a suportar a evolução do transporte aéreo. É um sistema que visa à modernização do controle do espaço aéreo em todo o mundo, com precisão por um custo razoável, como a geoestacionária e a de GPS.
Entre os sistemas operacionais que o CNS/ATM oferece está o de navegação e de procedimentos de descida como a Performance de Navegação Requerida (RNP), que opera em um espaço aéreo definido durante 95% do tempo, já é utilizado por empresas aéreas como a Gol e a Azul.
Outro método de navegação disponível, mas pouco utilizado devido à falta de investimento por parte das empresas, é a Navegação de Área (RNAV), que permite a operação de uma aeronave em qualquer rota ou curso desejado dentro da área de abrangência dos sinais de um auxílio à navegação ou das limitações de capacidade do sistema de navegação de bordo.
O diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), o tenente-brigadeiro-do-ar Marco Aurélio Mendes, informou que essa tecnologia, apesar de ter sido reconhecida em 1991, ainda não teve todo seu potencial explorado no Brasil como em países como o Canadá e a Rússia, por exemplo.
GBAS
Marco Aurélio afirmou que o grande desafio do departamento é o procedimento fundamentado no Sistema de Aumentação Baseado em Terra (GBAS), que se encontra em testes no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Esse sistema, integra o CNS/ATM, e tem como objetivo reduzir limitações encontradas nos sistemas de satélite de navegação e posicionamento, ideal para melhorar a capacidade das aeronaves para aproximações de precisão para as pistas de um aeroporto.
O GBAS oferece maior precisão, integridade, disponibilidade e continuidade do serviço ao sistema de coberturas de satélite, permitindo que a aeronave chegue mais rápido ao destino, mesmo em mau tempo, mas que ainda não pode ser liberado porque não se sabe ao certo o grau de risco do uso dessa tecnologia.
O diretor-geral do Decea explica que atualmente o GBAS ainda não está em pleno uso pelo fato do país estar localizado em uma faixa de ionização intensa que pode afetar a precisão do sistema.
“Ainda não sabemos ao certo o grau de risco do uso dessa tecnologia nesse local de inconstância da ionosfera em que o Brasil se encontra. A certeza ainda vai levar seguramente mais um ou dois anos.”
Conforme Marco Aurélio, assim que os testes forem concluídos, o Decea tornará a tecnologia disponível para qualquer aeronave que esteja equipada para receber os sinais e poder navegar de acordo com as informações disponibilizadas pela tecnologia, mas já prevê um novo desafio: investimentos do governo, empresas aéreas e concessionárias.
Agência T1, Por Danielle Sousa
Edição: Bruna Yunes
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