Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que 17 dos 20 maiores aeroportos do país operam acima da capacidade, afetados pelo crescimento de 230% no número de passageiros no sistema aeroportuário brasileiro entre 2005 e 2011.
Segundo o coordenador de infraestrutura do instituto, Carlos Campos Neto, a necessidade de ampliação da capacidade é urgente. “Isso porque houve mudança metodológica do governo na contagem da capacidade máxima anual de passageiros. Porto Alegre, por exemplo, com esse ajuste na contagem do espaço físico aumentou a capacidade em 180%”, afirmou o especialista durante o Aeroinvest, fórum para empresários do setor aeroportuário realizado nesta segunda-feira em São Paulo.
O poder público investiu R$ 7,3 bilhões nos aeroportos do país de 2002 a 2011, sendo que desse montante R$ 1,3 bilhão foi investido no ano passado. O problema não está no volume de recursos, segundo Carlos Campos Neto, mas sim na execução do orçamento anual dos órgãos federais, em especial da Infraero. “Nos últimos dez anos a Infraero tem executado menos de 40% do que é disponibilizado anualmente para investimentos. Isso deve crescer. No ano passado a execução nos últimos quatro meses foi mais rápida e o total no ano ficou em 50%. Mas mesmo assim isso mostra que tem que haver maior eficiência na gestão dos recursos”, disse.
O coordenador do Ipea ponderou que não é fácil planejar e operar de forma eficiente em um setor que cresce 15% ao ano, mas se mostrou preocupado com o ritmo das obras de expansão dos maiores aeroportos, principalmente aqueles que serão usados na Copa do Mundo de 2014.
Segundo ele, por causa dos longos prazos para os trâmites burocráticos até o início das obras nos aeroportos, a estimativa atual é que as melhorias em Guarulhos, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo, terminem em maio, um mês antes do início do torneio. “Qualquer atraso daqui para frente pode fazer com que os trabalhos não sejam entregues a tempo.”
Maior exploração comercial
No caso dos futuros leilões de concessão de aeroportos à iniciativa privada, as empresas vencedoras vão ter que usar a exploração comercial como a maior fonte potencial de receita, diante das tarifas de embarque reguladas para não exceder o teto estabelecido. Na visão de Mauro José Gandra, presidente da Associação Nacional de Concessionárias de Aeroportos Brasileiros (Ancab) e ex-ministro da Aeronáutica, essa área ainda é mal explorada no Brasil.
Durante o evento desta segunda-feira, Gandra afirmou que os aeroportos do país não possuem estrutura para fomentar o aumento de lojas. “Nos últimos meses, no Galeão [RJ], das 140 lojas metade estava fechada ou sem liminar para funcionar”, disse o ex-ministro. Segundo Gandra, a exploração comercial corresponde hoje a cerca de 25% da receita dos grandes aeroportos.
O presidente da associação mencionou a Europa como exemplo. Segundo ele, em alguns aeroportos europeus a exploração comercial corresponde a 70% do faturamento total. “São verdadeiros shoppings centers. Pode ser o caminho aqui para que as empresas que investiram para conseguir as concessões tenham o retorno esperado, pois haverá monitoramento para que as tarifas não sejam exageradas”, afirmou.
Depois das concessões neste ano de Guarulhos (SP), Viracopos (SP) e Brasília à iniciativa privada, Gandra prevê que os aeroportos de Confins (MG), Salvador (BA) e o Galeão, no Rio de Janeiro, serão os próximos a terem as concessões leiloadas pelo governo.
Fonte: Valor, Por Rodrigo Pedroso
Comentário Setorial
O pesquisador do IPEA Carlos Campos Neto tem sido o principal crítico do governo na questão aeroportuária. No ano passado ele publicou um trabalho a tempo de ser usado pelo PSDB no programa semestral. Houve uma pesquisa que ele fez baseado me matérias da revista Veja e do jornal Folha de São Paulo, oposicionistas ao governo trabalhista. Nessa "pesquisa" ele não citou o trabalho feito pelo BNDES em que de forma coerente e técnica equacionou a questão aeroportuária brasileira, não de forma terrorista, como faz o funcionário do Ipea, mas coerente. A impressão que dá é que a principal missão do Carlos Campos é a privatização dos aeroportos e de toda a infraestrutura brasileira, ele sempre defende essa linha. No dia dois de agosto, na Comissão de Turismo e Esportes da Câmara Federal, o ministro Wagner Bittencourt deixou bem claro que os aeroportos estarão prontos antes da Copa do Mundo. Vamos vem quem tem razão, eu aposto no ministro. Vale salientar que passamos de 71 milhões de viagens aéreas em 2003 para 180 milhões em 2011, ou 153% de aumento no modal aéreo. Isso não é salientado pelo pesquisador do Ipea. Em qualquer país do mundo, com um crescimento exponencial como esse, a infraestrutura apresenta alguns problemas, principalmente aeroportos projetados para uma casta, como são os brasileiros, não aptos ao transporte aéreo de massa, como é atualmente no país. Toda vez que essa figura abre a boca, com suas previsões pessimistas e catastróficas, a imprensa brasileira, que se transformou num partido político de oposição repete ad nausean suas considerações. Vamos esperar até 2014 para saber o que vai acontecer. Para mim eles errarão e darão com os burros n'água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário