Do Jornal da Tarde
BRUNO RIBEIRO
JULIANA DEODORO
O número de viagens feitas nos ônibus de São Paulo caiu pela primeira vez desde que o bilhete único foi criado, em 2004. Em vez de achar isso um problema, a São Paulo Transportes (SPTrans), empresa que gerencia a frota municipal, diz que o movimento é uma tendência: vão ocorrer quedas ainda maiores e, antes do fim da década, haverá mais gente no trem e no metrô do que nos ônibus.
A mudança é uma troca histórica na matriz do transporte público da cidade. Há décadas o ônibus é o principal meio de transporte de São Paulo. Agora, um estudo inédito da SPTrans obtido pelo JT mostra que, quando as obras em execução e em planejamento do Metrô estiverem prontas, haverá uma migração de passageiros: as viagens são mais rápidas e previsíveis no metrô e, por isso, o passageiro vai trocar de transporte. O número de viagens nos coletivos vai cair até 27%.
Embora pequena, a queda de 0,6% nas viagens de ônibus na comparação dos sete primeiros meses deste ano com o ano passado mostra o rompimento de um crescimento médio de 2% que vinha ocorrendo desde 2005. Segundo o assessor técnico Silvio Rogério Torres, da Superintendência de Planejamento de Transporte da SPTrans, a redução já é reflexo da entrega da Linha 4-Amarela, que foi ocorrendo em parcelas entre 2010 e o ano passado.
Alternativa
O músico Sydney Valle, de 58 anos, morador do Rio Pequeno, zona oeste, é uma das pessoas que já fez a migração. O trajeto que antes fazia de ônibus entre sua casa e o trabalho agora tem a Linha 4-Amarela como alternativa. “Só de fugir do trânsito da Rebouças economizo 25 minutos.” Para chegar ao Metrô Butantã, no entanto, o músico precisa pegar ônibus. “É o único jeito, né? Tive carro por anos, mas além de ser caro, era muita dor de cabeça.”
Já Márcia Guarnieri, de 42 anos, e sua filha, Amanda, de 15, estão economizando 30 minutos com a mudança. Três vezes por semana, elas saem de Guarulhos para gravações de um seriado de televisão em que Amanda trabalha. A mãe-empresária e a filha atriz trocaram o ônibus pelo metrô em parte do trajeto. Mas essa não é a principal vantagem da troca na opinião delas. “Era impossível chegar bonita depois de tanto tempo no ônibus”, conta Amanda. “Agora ela nem precisa retocar a maquiagem”, completa a mãe.
Torres, da SPTrans, lembra que essa migração do ônibus para os trilhos é possível graças à política tarifária que garante descontos na viagem conjunta. “Os estudos são feitos pensando que não haverá mudança no modelo de hoje.”
Existe a possibilidade de o crescimento do Metrô e da CPTM provocar mudanças no modelo de gestão das tarifas. O bilhete único foi criado e é gerenciado pela SPTrans, que tem a maioria dos usuários. Até o fim da década, o uso dos cartões vai ser maior no Metrô.
Atualmente, 9,8 milhões de viagens são feitas de ônibus e 7 milhões de trens e metrô. Em 2020, serão 16,5 milhões nos trilhos e 7,8 milhões nos ônibus. A virada deve ocorrer a partir de 2015, quando as obras em execução terminarem. ::
JULIANA DEODORO
O número de viagens feitas nos ônibus de São Paulo caiu pela primeira vez desde que o bilhete único foi criado, em 2004. Em vez de achar isso um problema, a São Paulo Transportes (SPTrans), empresa que gerencia a frota municipal, diz que o movimento é uma tendência: vão ocorrer quedas ainda maiores e, antes do fim da década, haverá mais gente no trem e no metrô do que nos ônibus.
A mudança é uma troca histórica na matriz do transporte público da cidade. Há décadas o ônibus é o principal meio de transporte de São Paulo. Agora, um estudo inédito da SPTrans obtido pelo JT mostra que, quando as obras em execução e em planejamento do Metrô estiverem prontas, haverá uma migração de passageiros: as viagens são mais rápidas e previsíveis no metrô e, por isso, o passageiro vai trocar de transporte. O número de viagens nos coletivos vai cair até 27%.
Embora pequena, a queda de 0,6% nas viagens de ônibus na comparação dos sete primeiros meses deste ano com o ano passado mostra o rompimento de um crescimento médio de 2% que vinha ocorrendo desde 2005. Segundo o assessor técnico Silvio Rogério Torres, da Superintendência de Planejamento de Transporte da SPTrans, a redução já é reflexo da entrega da Linha 4-Amarela, que foi ocorrendo em parcelas entre 2010 e o ano passado.
Alternativa
O músico Sydney Valle, de 58 anos, morador do Rio Pequeno, zona oeste, é uma das pessoas que já fez a migração. O trajeto que antes fazia de ônibus entre sua casa e o trabalho agora tem a Linha 4-Amarela como alternativa. “Só de fugir do trânsito da Rebouças economizo 25 minutos.” Para chegar ao Metrô Butantã, no entanto, o músico precisa pegar ônibus. “É o único jeito, né? Tive carro por anos, mas além de ser caro, era muita dor de cabeça.”
Já Márcia Guarnieri, de 42 anos, e sua filha, Amanda, de 15, estão economizando 30 minutos com a mudança. Três vezes por semana, elas saem de Guarulhos para gravações de um seriado de televisão em que Amanda trabalha. A mãe-empresária e a filha atriz trocaram o ônibus pelo metrô em parte do trajeto. Mas essa não é a principal vantagem da troca na opinião delas. “Era impossível chegar bonita depois de tanto tempo no ônibus”, conta Amanda. “Agora ela nem precisa retocar a maquiagem”, completa a mãe.
Torres, da SPTrans, lembra que essa migração do ônibus para os trilhos é possível graças à política tarifária que garante descontos na viagem conjunta. “Os estudos são feitos pensando que não haverá mudança no modelo de hoje.”
Existe a possibilidade de o crescimento do Metrô e da CPTM provocar mudanças no modelo de gestão das tarifas. O bilhete único foi criado e é gerenciado pela SPTrans, que tem a maioria dos usuários. Até o fim da década, o uso dos cartões vai ser maior no Metrô.
Atualmente, 9,8 milhões de viagens são feitas de ônibus e 7 milhões de trens e metrô. Em 2020, serão 16,5 milhões nos trilhos e 7,8 milhões nos ônibus. A virada deve ocorrer a partir de 2015, quando as obras em execução terminarem. ::
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