Este é o lado paulista da obra que deverá ficar pronta em um ano
Para se chegar a uma das mais importantes obras que compõe a Ferrovia Norte-Sul, é necessário atravessar o centro de Arabá, uma pacata cidadezinha – distrito de Ouroeste – onde o velório fica logo na entrada e uma rua separa o estádio municipal do recinto da festa de peão, e seguir adiante por alguns quilômetros de estradas de terra que atravessam algumas propriedades rurais. A visão que se tem, no entanto, da ponte ferroviária que está sendo construída sobre o Rio Grande, compensa os solavancos do caminho. Certamente, a visão será ainda mais bonita quando a ponte estiver concluída e o rio, castigado pela falta de chuvas, voltar a ficar cheio.
“Se não houver contratempos, nós esperamos concluir as obras no meio do ano que vem”, explicou um dos responsáveis pela construção. Ele explicou, também, que, por uma questão de política interna da empresa, não poderíamos fazer fotos daquele setor da obra. “Normalmente, as pessoas fotografam lá de baixo (do leito do rio), mas, daqui de cima não podemos permitir”, disse o rapaz. Mesmo assim, de dentro do carro a equipe conseguiu fazer duas ou três fotos do lado paulista da ponte em construção.
Chegar ao lado mineiro da obra foi muito mais complicado, mas a visão é igualmente compensadora. Assim como no lado paulista, os caminhos de Minas Gerais que levam à ponte incluem várias porteiras e muitos quilômetros de estradas de terra que cortam as fazendas da região de Alexandrita, onde, de vez em quando, o carro é obrigado a andar bem devagar, em meio a cabeças de gado que atravessam o caminho. Quando, finalmente, se chega aos trilhos recém-instalados da ferrovia, ainda é preciso andar mais dois quilômetros para avistar o rio e a obra da ponte de 450 metros por onde vão passar, anualmente, milhões de toneladas de cargas. Estima-se que a Ferrovia Norte-Sul irá absorver 30% das cargas transportadas, atualmente, pelas principais rodovias brasileiras.
Do lado mineiro foi possível fazer várias fotos, uma vez que não havia nenhum operário trabalhando naquele setor da ponte. Aparentemente, todos os operários que trabalhavam naquele dia estavam concentrados no lado paulista de uma obra que está escondida até de quem mora ali por perto. “Eu nem sabia da colocação desses trilhos por aqui”, confessou recentemente um morador de Populina.
É possível que, assim como ele, muita gente nem saiba que os trilhos que passam por Iturama e chegam a Estrela D’Oeste já estão quase que totalmente instalados e que dois pontos quase inabitados de São Paulo e Minas Gerais estão sendo ligados por uma ponte desconhecida da maioria. O desconhecimento é compreensível, uma vez que a grande mídia parece ignorar a obra. “O jornal de vocês foi o primeiro a visitar o nosso canteiro de obras”, confirmou um dos engenheiros da empresa responsável pela obra.
O trecho da Ferrovia Norte-Sul, que liga Ouro Verde (GO) a Estrela D’Oeste (SP), tem 855 quilômetros de trilhos. A parte final desse trecho, denominado lote 05, tem 141 quilômetros e inclui 06 pontes e viadutos, mas a mais importante é a que passa sobre o Rio Grande. O trecho, orçado em R$ 434 milhões, está sendo construído pela Triunfo Iesa Infraestrutura S.A. – Tiisa – que, no total, deverá instalar 18.529 toneladas de trilhos sobre 257.350 dormentes. Aparentemente, estão faltando apenas os trilhos e dormentes que serão instalados na ponte.
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