sexta-feira, 17 de julho de 2015

CONFIRA AS OBRAS DE MOBILIDADE EM ATRASO NO ESTADO DE SÃO PAULO

mobilidade
Ônibus intermunicipal de Guarulhos. A ligação entre o município e a capital paulista, a metropolitana mais movimentada do País, segundo o IBGE, é uma das obras estaduais de mobilidade em atraso.
Obras de mobilidade do governo de São Paulo sofrem grandes atrasos em todo o Estado
Disputas judiciais, falhas em projetos e falta de recursos são os principais motivos
ADAMO BAZANI
O atraso nas obras de corredores de ônibus da Capital Paulista, com a meta de entrega de 150 quilômetros prometida pelo prefeito Fernando Haddad na época de campanha praticamente impossível de ser realizada, chama a atenção.  Mas as obras de mobilidade urbana do governo do estado de São Paulo também sofrem atrasos e indefinições. São corredores de ônibus metropolitanos, VLTs – Veículos Leves sobre Trilhos, monotrilhos, estações, terminais e a própria expansão do Metrô.
O jornal Folha de São Paulo trouxe a relação de algumas intervenções no interior paulista e na região metropolitana e o Blog Ponto de Ônibus acrescenta algumas outras obras na cidade de São Paulo e nos municípios vizinhos.
– Linha 15 Prata Monotrilho:
O trem de menor porte que circula em elevado deveria estar em operação total em 2014, de acordo com a primeira promessa do governo do estado. Apenas um trecho de 2,9 quilômetros está em operação em horário reduzido, entre as estações Oratório e Vila Prudente. O monotrilho teve contrato assinado em 2010 e só deve ficar pronto, de acordo com a nova promessa, entre 2016 e 2017. O trecho de 24,5 quilômetros deve custar R$ 7,2 bilhões e ter 17 estações. Além de problemas com desapropriações, a obra teve um contratempo: uma galeria de água pluvial que não estava formalmente no planejamento exige mudanças de planos e remanejamentos.
– Linha 17 Ouro Monotrilho:
Previsto para ligar o aeroporto de Congonhas até a região do Brooklin, ambos na zona Sul da Capital Paulista, o sistema elevado de trilhos teve as obras autorizadas em 2012. A previsão era de funcionamento até a Copa do Mundo, em junho de 2014. Agora o prazo é 2017. O trecho deve ter 17,7 quilômetros de extensão, com 18 estações e custo previsto de R$ 5,1 bilhões. O governo do estado aponta problemas no licenciamento ambiental, no solo da região e desapropriações como os principais entraves.
– Linha 18 Bronze Monotrilho:
O chamado monotrilho do ABC também sofre atrasos. A começar pela assinatura de contrato, que deveria ter sido feira em 2012, mas só ocorreu em 2014. As obras deveriam, na previsão inicial, ter sido entregues em 2015 (se o contrato fosse assinado antes), depois em 2016 e agora a promessa é para 2018. O atraso nas obras da linha 18 foi um dos pretextos para empresários de ônibus do ABC esvaziarem por quatro vezes a licitação da área 5 da EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos, correspondente às linhas intermunicipais da região. A área 5 é a única que opera em desacordo com a lei, ainda baseada em permissões precárias e não em contratos de concessão. Os empresários alegam que não sabem do impacto do monotrilho nas linhas que operam. Os 15,7 quilômetros do monotrilho do ABC devem custar R$ 4,2 bilhões com 13 estações, entre Djalma Dutra, em São Bernardo do Campo, e estação Tamanduateí, na Capital Paulista.
– Prolongamento da Linha 2 Verde do Metrô:
Seria a primeira linha de metrô de fato (não monotrilho) que sairia dos limites da Capital Paulista. O trecho novo deve unir a estação Vila Prudente, na zona Leste de São Paulo (atual terminal da linha) à futura estação Dutra, em Guarulhos, na região Metropolitana. Serão 15,5 quilômetros de prolongamento com 13 estações. Apenas as obras civis vão custar R$ 6,7 bilhões. O contrato foi assinado em 2014 e a previsão de entrega é em 2020.
– Prolongamento da Linha 4 Amarela do Metrô:
Outra promessa da campanha de 2010 deveria ter sido entregue em 2014 com a abertura de mais quatro estações. Agora, a previsão é 2018, com a conclusão das obras das estações Vila Sônia e Morumbi. Uma das alegações do governo do estado é que o consórcio de construtoras Isolux Córsam-Coviam não cumpriu os prazos estipulados pelo contrato para as obras nas estações Oscar Freire e Higienópolis Mackenzie. Já o trecho Vila Sônia a Butantã com prolongamento de 1,5 quilômetro teve custo inicial previsto de R$ 559 milhões.
– Prolongamento da Linha 5 Lilás do Metrô:
O prolongamento da linha do metrô que parte da zona Sul da Capital Paulista foi prometido em 2010 com entrega prevista de onze estações até 2014. Porém, das novas promessas apenas a estação Adolfo Pinheiro está em operação. Agora o novo prazo é que as estações prometidas sejam entregues entre 2017 e 2018. O investimento para este prolongamento deve ser R$ 8,9 bilhões.
– Linha 6 Laranja do Metrô:
O contrato foi assinado em 2013. O Metrô deveria ligar a região de Brasilândia, na zona Norte,  a São Joaquim, no centro, com 15,9 km. O custo inicial previsto é de R$ 9,6 bilhões. A promessa inicial era de conclusão até 2018. Agora foi para 2020. Dificuldades na execução das obras estão entre as alegações principais.
– Terminal de ônibus em Americana:
O novo terminal metropolitano de ônibus em Americana, no interior de São Paulo, que permitiria conexões com as cidades de Nova Odessa e Santa Bárbara D’Oeste, deveria ter sido entregue em 2014. Tanto é que em março de 2014 o antigo terminal foi desativado. Mas foram descobertas falhas no projeto do novo terminal que não previam obras necessárias para conter enchentes no local. Por causa disso, é necessário um piscinão, encarecendo em R$ 3,8 milhões as obras. O governo do estado afirma que o atraso também é de responsabilidade da prefeitura que demorou para desmontar a antiga estrutura no local. A prefeitura nega. As obras foram adiadas três vezes em oito meses.
– Corredor de Ônibus Noroeste (Corredor Metropolitano Biléo Soares): 
As obras deveriam ter sido entregues em janeiro deste ano, mas a previsão agora é até meados de 2016. Com 32,7 Km de extensão e 7 Km de faixas exclusivas para ônibus, o Corredor deve ligar Campinas aos municípios de Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa, Monte Mor e Americana. O custo total foi estimado inicialmente em R$ 167 milhões. O tempo no deslocamento deve ser reduzido em 20% e 30 mil pessoas devem ser atendidas por dia.
– Corredor Metropolitano Itapevi – São Paulo (Corredor Oeste): Os trechos estão atrasados por problemas financeiros e de rescisão de contratos com as empresas responsáveis pelas obras. O lote entre Itapevi e Jandira, de 5 quilômetros, tem atraso de um ano em relação ao cronograma oficial. No fim de 2014, houve rescisão de contrato com a construtora. As obras ainda não foram retomadas, mas a previsão é de que voltem a ser feitas neste ano. Não há prazo para conclusão. Já o trecho de 8,8 quilômetros entre Jandira e Carapicuíba sofre mais atrasos ainda por causa de desapropriações. “O Corredor Metropolitano Itapevi – São Paulo (Butantã) terá seu ponto inicial no Terminal Itapevi, junto à estação da CPTM e seguirá até o Terminal Vila Yara na capital paulista. Terá 23,6 km de extensão, abrangendo os municípios de Itapevi, Jandira, Barueri, Carapicuíba, Osasco e São Paulo (zona oeste) que, juntos, somam cerca de 12,5 milhões de habitantes. O corredor concluído beneficiará em torno de 90 mil de passageiros / dia.” – diz nota do governo do estado. O custo será R$ 236 milhões.
– Corredor Metropolitano Guarulhos – São Paulo: Divergências em relação às obras e custos entre o governo do estado e a prefeitura de Guarulhos atrasam em um ano a conclusão do trecho entre os terminais Cecap e Vila Galvão, totalizando 12,3 quilômetros. A prefeitura embargou as obras em maio, por 21 dias, que tinham sido entregues incompletas. O poder público municipal alegou que havia diferenças entre o projeto e a execução das obras. O Corredor Guarulhos – São Paulo (Tucuruvi) deve ter 20,08 quilômetros de extensão em três trechos: Trecho Taboão – Cecap (3,7 Km), Trecho Cecap – Vila Galvão (12,3 Km) e Trecho Vila Endres – Ticoatira (4,08 Km). A redução no tempo de viagem deve ser de uma hora e meia para 50 minutos beneficiando 280 mil passageiros por dia. O custo deve ser de R$ 91,9 milhões.
– VLT Baixada Santista:
O Veículo Leve sobre Trilhos entre Santos e São Vicente, deveria ter o primeiro trecho de 11,2  quilômetros em operação em maio de 2014, mas agora a previsão é somente para 2016. Este trecho ligaria o terminal Barreiros, em São Vicente, ao Porto de Santos. Segundo o governo do estado, disputas judiciais em relação às obras e questionamentos do Ministério Público sobre licenças ambientais justificam os atrasos. O segundo trecho, Porto de Santos – Conselheiro Nébias – Valongo, terá 5,6 quilômetros de extensão e está sem data definida. O primeiro trecho deve custar R$ 1, 170 bilhão e atender 70 mil passageiros por dia.
– Modernização do Corredor Metropolitano ABD:
O corredor de ônibus e trólebus possui 33 quilômetros entre São Mateus, na zona Leste de São Paulo e Jabaquara, na zona Sul, passando pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, Terminal Sônia Maria (Mauá) e Diadema, além da extensão de 12 quilômetros entre Diadema e a estação Berrini, da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. A eletrificação do trecho entre Diadema e Jabaquara foi concluída em 2012, mas há poucos ônibus elétricos operando no local. Mesmo sendo ainda referência de transportes na região, com alto índice de aprovação em pesquisas como da ANTP – Associação Nacional dos Transportes Públicos, o corredor é antigo, sendo inaugurado em 1988. As paradas, por exemplo, estão dispostas para os embarques pela porta traseira, o que há muito tempo não ocorre. Não há possibilidade de pagamento de passagem fora dos veículos, a não ser em terminais, e não há pontos de ultrapassagem. A concessionária Metra investe na modernização dos veículos, adquirindo trólebus e ônibus novos, e na conservação de terminais, mas obras civis de remodelação do corredor dependem de intervenção do governo do estado. Questionado pelo Blog Ponto de Ônibus em maio sobre a situação o Corredor Metropolitano ABD, o secretário de transportes metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, reconheceu que o espaço precisa de modernização, mas não definiu datas para a contratação de obras.
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes

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