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Ônibus é o principal meio de transporte de São Paulo, diz Datafolha
Carro aparece só em terceiro lugar, mas ainda é o que mais recebe investimentos públicos
ADAMO BAZANI – CBN
A pesquisa do Datafolha sobre as percepções do paulistano em relação à cidade teve outros desdobramentos e, nesta sexta-feira, dia 04 de julho de 2014, o instituto revelou mais dados sobre os hábitos e rotina dos moradores da maior cidade da América Latina.
A respeito de como as pessoas se deslocam na Capital Paulista, a pesquisa destaca a participação dos ônibus.
Dos 1 mil 101 entrevistados de todas as regiões da cidade, ouvidos entre 25 e 26 de julho, 79% dos moradores usam diariamente ônibus para se deslocar. Em seguida, aparece o metrô, usado por 39% dos entrevistados. O carro aparece apenas em terceiro lugar, com 17%. A quarta posição é do trem, que transporta 14% das pessoas entrevistadas. Quem utiliza vans, peruas e lotações corresponde a 13% das respostas, ocupando a quinta colocação. Em sexto, aparecem as pessoas que vão a pé, com 7% das respostas. Na sétima posição, estão os usuários de moto, com 2% do total. Empatam na oitava posição, as pessoas que responderam que utilizam táxis ou bicicletas, com 1% cada.
Os números podem ter suas contestações. Outros levantamentos mostram a quantidade de pessoas que se deslocam unicamente a pé superior a de carros, por exemplo.
No entanto, todos os estudos anteriores, inclusive de outros institutos, coincidem com o dado deste levantamento atual: o ônibus é ainda o principal meio de deslocamento na cidade.
E mesmo com a tão sonhada e necessária expansão do metrô, os ônibus vão continuar sendo o meio de transporte que atende mais pessoas.
A lógica é simples. Os ônibus, seja em corredores, faixas ou em trânsito comum, chegam aonde o metrô não tem condições técnicas de ir ou cujas obras demorariam para atingir as regiões mais afastadas ou com muito adensamento imobiliário, exigindo um número alto de desapropriações.
Além disso, o passageiro do ônibus, muitas vezes é o mesmo passageiro do metrô.
Isso porque os modais devem se complementar de maneira inteligente. E isso vai além de um modal alimentar o outro. Caso contrário, o que pode ocorrer é que se vê na zona Leste de São Paulo. Linhas encurtadas e “despejando” passageiros na já lotada (para não dizer saturada) linha 3 Vermelha do Metrô.
O conceito de transportes complementares pode ser muito semelhante ao de transportes tronco-alimentadores, mas não é a mesma coisa.
Num sistema no qual há complementação são estudados os perfis de demanda, a origem e destino de fato, e não se uma linha de ônibus termina ou não no metrô. Também são analisados aspectos de cada região da cidade sob os pontos de vista econômico, de condições de tráfego e até culturais.
A palavra sobreposição não pode ser vista com preconceito. É claro que existem sobreposições que são sinais de falta de desenvolvimento em qualquer sistema de transporte e precisam ser eliminadas. Mas há também casos em que ônibus e metrôs podem, mesmo que seja por alguns quilômetros, seguirem sim o mesmo trajeto.
É novamente o caso da linha 3 Vermelha do Metrô. Há a opção das linhas 11 e 12 da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, mas um BRT (corredor moderno de ônibus) paralelo na Radial Leste é necessário para ampliar a oferta de transportes públicos e reduzir a lotação do sistema sobre trilhos que, como qualquer outro modal, tem suas limitações.
O mais irônico, no entanto, é que tanto esta pesquisa do Datafolha como os outros estudos revelam que os ônibus são o principal meio de deslocamento, com destaque para o metrô também.
Mas se forem levadas em consideração ações do poder público como alargamento de vias, desonerações de impostos e política de preços de combustíveis, os carros de passeio recebem ainda muito mais investimentos que os transportes públicos, sejam de forma direta ou indireta.
Isso vai na contramão do que se espera para uma cidade feita para pessoas e não para veículos.
São Paulo perde por ano quase R$ 50 bilhões por causa dos custos relacionados aos congestionamentos, de acordo com estudo realizado pelo professor de economia Marcos Cintra. Não bastassem os prejuízos financeiros, a qualidade de vida na cidade é prejudicada pelo excesso de veículos quando a própria vida não é ameaçada. O professor Paulo Saldiva, do laboratório de poluição atmosférica da USP, revelou que 4 mil pessoas morrem por ano na cidade de São Paulo vítimas de doenças agravadas pelos poluentes no ar. E a maior parte da poluição atmosférica da capital paulista hoje, de acordo com a Cetesb, é decorrente das emissões dos veículos.
AVALIAÇÃO:
Em nota o Instituto Datafolha, sobre sua mais recente pesquisa, mostra também que aumentou a aprovação do transporte público. Em relação a cada modal, destaque novamente para os ônibus e metrô:
“Ônibus é avaliado positivamente por 34%, é avaliado como regular por 34%, e negativamente por 29%. Já, o trem tem 28% de avaliações positivas, 21% de regular, 24% de negativas e 27% não souberam responder – o índice mais alto entre os meios de transporte coletivos pesquisados. De forma geral, o metrô é o meio de transporte coletivo melhor avaliado. Metade dos paulistanos (51%) o avalia positivamente, 22% como regular, 19% como ruim ou péssimo, e 9% não souberam responder. Comparativamente, com pesquisa Datafolha de junho do ano passado (quando começaram as manifestações populares contra o aumento da passagem de ônibus), a avaliação positiva de cada meio de transporte coletivo da cidade de São Paulo melhorou e voltou a patamares próximos aos observados em levantamentos anteriores. No período, a avaliação positiva para o transporte coletivo da cidade passou de 15% para 31%, a avaliação regular, de 29% para 34%, e a negativa, de 55% para 34%. Ônibus teve a avaliação positiva passando de 16% para 34%, a regular, de 27% para 34%, e a negativa, de 54% para 29%. O metrô teve sua taxa de ótimo ou bom de 32% para 51%, a de regular, de 28% para 22%, e a negativa, de 34% para 19%. Já, a avaliação do trem foi de 15% para 28%, a regular, de 23% para 21%, e a negativa de 40% para 24%.” – revela a nota
Carro aparece só em terceiro lugar, mas ainda é o que mais recebe investimentos públicos
ADAMO BAZANI – CBN
A pesquisa do Datafolha sobre as percepções do paulistano em relação à cidade teve outros desdobramentos e, nesta sexta-feira, dia 04 de julho de 2014, o instituto revelou mais dados sobre os hábitos e rotina dos moradores da maior cidade da América Latina.
A respeito de como as pessoas se deslocam na Capital Paulista, a pesquisa destaca a participação dos ônibus.
Dos 1 mil 101 entrevistados de todas as regiões da cidade, ouvidos entre 25 e 26 de julho, 79% dos moradores usam diariamente ônibus para se deslocar. Em seguida, aparece o metrô, usado por 39% dos entrevistados. O carro aparece apenas em terceiro lugar, com 17%. A quarta posição é do trem, que transporta 14% das pessoas entrevistadas. Quem utiliza vans, peruas e lotações corresponde a 13% das respostas, ocupando a quinta colocação. Em sexto, aparecem as pessoas que vão a pé, com 7% das respostas. Na sétima posição, estão os usuários de moto, com 2% do total. Empatam na oitava posição, as pessoas que responderam que utilizam táxis ou bicicletas, com 1% cada.
Os números podem ter suas contestações. Outros levantamentos mostram a quantidade de pessoas que se deslocam unicamente a pé superior a de carros, por exemplo.
No entanto, todos os estudos anteriores, inclusive de outros institutos, coincidem com o dado deste levantamento atual: o ônibus é ainda o principal meio de deslocamento na cidade.
E mesmo com a tão sonhada e necessária expansão do metrô, os ônibus vão continuar sendo o meio de transporte que atende mais pessoas.
A lógica é simples. Os ônibus, seja em corredores, faixas ou em trânsito comum, chegam aonde o metrô não tem condições técnicas de ir ou cujas obras demorariam para atingir as regiões mais afastadas ou com muito adensamento imobiliário, exigindo um número alto de desapropriações.
Além disso, o passageiro do ônibus, muitas vezes é o mesmo passageiro do metrô.
Isso porque os modais devem se complementar de maneira inteligente. E isso vai além de um modal alimentar o outro. Caso contrário, o que pode ocorrer é que se vê na zona Leste de São Paulo. Linhas encurtadas e “despejando” passageiros na já lotada (para não dizer saturada) linha 3 Vermelha do Metrô.
O conceito de transportes complementares pode ser muito semelhante ao de transportes tronco-alimentadores, mas não é a mesma coisa.
Num sistema no qual há complementação são estudados os perfis de demanda, a origem e destino de fato, e não se uma linha de ônibus termina ou não no metrô. Também são analisados aspectos de cada região da cidade sob os pontos de vista econômico, de condições de tráfego e até culturais.
A palavra sobreposição não pode ser vista com preconceito. É claro que existem sobreposições que são sinais de falta de desenvolvimento em qualquer sistema de transporte e precisam ser eliminadas. Mas há também casos em que ônibus e metrôs podem, mesmo que seja por alguns quilômetros, seguirem sim o mesmo trajeto.
É novamente o caso da linha 3 Vermelha do Metrô. Há a opção das linhas 11 e 12 da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, mas um BRT (corredor moderno de ônibus) paralelo na Radial Leste é necessário para ampliar a oferta de transportes públicos e reduzir a lotação do sistema sobre trilhos que, como qualquer outro modal, tem suas limitações.
O mais irônico, no entanto, é que tanto esta pesquisa do Datafolha como os outros estudos revelam que os ônibus são o principal meio de deslocamento, com destaque para o metrô também.
Mas se forem levadas em consideração ações do poder público como alargamento de vias, desonerações de impostos e política de preços de combustíveis, os carros de passeio recebem ainda muito mais investimentos que os transportes públicos, sejam de forma direta ou indireta.
Isso vai na contramão do que se espera para uma cidade feita para pessoas e não para veículos.
São Paulo perde por ano quase R$ 50 bilhões por causa dos custos relacionados aos congestionamentos, de acordo com estudo realizado pelo professor de economia Marcos Cintra. Não bastassem os prejuízos financeiros, a qualidade de vida na cidade é prejudicada pelo excesso de veículos quando a própria vida não é ameaçada. O professor Paulo Saldiva, do laboratório de poluição atmosférica da USP, revelou que 4 mil pessoas morrem por ano na cidade de São Paulo vítimas de doenças agravadas pelos poluentes no ar. E a maior parte da poluição atmosférica da capital paulista hoje, de acordo com a Cetesb, é decorrente das emissões dos veículos.
AVALIAÇÃO:
Em nota o Instituto Datafolha, sobre sua mais recente pesquisa, mostra também que aumentou a aprovação do transporte público. Em relação a cada modal, destaque novamente para os ônibus e metrô:
“Ônibus é avaliado positivamente por 34%, é avaliado como regular por 34%, e negativamente por 29%. Já, o trem tem 28% de avaliações positivas, 21% de regular, 24% de negativas e 27% não souberam responder – o índice mais alto entre os meios de transporte coletivos pesquisados. De forma geral, o metrô é o meio de transporte coletivo melhor avaliado. Metade dos paulistanos (51%) o avalia positivamente, 22% como regular, 19% como ruim ou péssimo, e 9% não souberam responder. Comparativamente, com pesquisa Datafolha de junho do ano passado (quando começaram as manifestações populares contra o aumento da passagem de ônibus), a avaliação positiva de cada meio de transporte coletivo da cidade de São Paulo melhorou e voltou a patamares próximos aos observados em levantamentos anteriores. No período, a avaliação positiva para o transporte coletivo da cidade passou de 15% para 31%, a avaliação regular, de 29% para 34%, e a negativa, de 55% para 34%. Ônibus teve a avaliação positiva passando de 16% para 34%, a regular, de 27% para 34%, e a negativa, de 54% para 29%. O metrô teve sua taxa de ótimo ou bom de 32% para 51%, a de regular, de 28% para 22%, e a negativa, de 34% para 19%. Já, a avaliação do trem foi de 15% para 28%, a regular, de 23% para 21%, e a negativa de 40% para 24%.” – revela a nota
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