quarta-feira, 16 de abril de 2014

Sobre as medidas impopulares de Aécio Neves

Evaristo Almeida *

O pré-candidato do PSDB, Aécio Neves manifestou, durante uma conversa com empresários a intenção de tomar medidas impopulares no Brasil.

A imprensa brasileira, que tem a mesma matriz ideológica de Aécio Neves não se perguntou quais seriam essas medidas. Lembrando que medidas impopulares geralmente são tomadas por ditaduras. Foi assim em 1964, fechando o Congresso Nacional, tirando o direito político dos brasileiros, perseguindo sindicatos e arrochando salários. E ainda prendendo, torturando e assassinando brasileiros e brasileiras.

Os principais assessores econômicos de Aécio Neves seguem os mesmos preceitos econômicos que tinham os economistas que assumiram com o golpe de estado de 1964, que tirou do poder o presidente João Goulart.

A economia pode ser dividida em duas correntes principais, uma progressista, que preza a criação de emprego, de renda, combate a pobreza e a desigualdade social e outra de matriz neoliberal, orientada para o lucro dos empresários.

A política econômica implantada no Brasil a partir de 2003 defende os trabalhadores. O país atualmente tem uma das menores taxas de desemprego do mundo. O resultado disso é que o salário mínimo teve crescimento real de 72% desde a posse do presidente Lula em 2013, os trabalhadores tiveram aumento real de renda de 3%. É isso que importa na análise de uma política econômica progressista.

A política econômica implantada a partir de 2003 é virtuosa, transformou um setor que estava marginalizado, como o naval, agora alçado ao quarto maior do mundo. No início de 2003 empregava seis mil trabalhadores e hoje garante carteira assinada a mais de setenta mil pessoas.

Isso por causa da determinação política do presidente Lula em construir navios e plataformas no país e não no exterior como era no governo Fernando Henrique Cardoso.
A economia é uma ciência cujo vigor é mais política do que teórica, principalmente se for levado em conta o pensamento neoliberal que está mais para barbárie do que para civilização.

O ideário neoliberal foi desenvolvido  ás custas de dezenas de milhares de mortes com o golpe de Estado de 1973, no Chile, dado por Pinochet junto com empresas transnacionais estadunidenses. Eles puseram no comando economistas formados na Universidade de Chicago, que colocaram em prática as teorias que dominariam o mundo na década de 1990, arrasando as economias da América Latina e provocando o colapso dos Estados Unidos em 2008 e da Europa em 2011.

E qual é o princípio dos neoliberais? É um princípio primitivo de que o Estado é o grande inimigo e deve ser desmontado, como Fernando Henrique Cardoso fez em parte no período 1995-2002. Para eles o mercado resolve tudo.

Essa premissa não é verdadeira, pois além provocar o apagão elétrico por falta de planejamento e intervenção estatal, o país foi vítima de três crises econômicas, teve a dívida líquida dobrada e o Brasil em 2002 estava arruinado.

Quais seriam as medidas impopulares pregadas por Aécio? A julgar pelo que dizem seus principais assessores econômicos, seriam arrocho do salário mínimo (como fez a ditadura civil militar de 1964), aumento do desemprego para segurar o crescimento real dos salários e na ótica dos neoliberais melhora a produtividade do país (a principal causa da perda da produtividade brasileira é o câmbio sobrevalorizado), taxa de juros maior, redução dos gastos com custeio (a que é gasta com a população mais necessitada), nova abertura ao comércio exterior (provocando quebra de empresas e aumento do desemprego), alinhamento automático aos Estados Unidos e ao Acordo do Tratado do Pacífico (que transformaria o Brasil numa colônia dos Estados Unidos, como o são México e Canadá) e um dos principais objetivos dos neoliberais que é acabar com os direitos trabalhistas( uma grande conquista do povo brasileiro).

Também entra na pauta a privatização de importantes empresas brasileiras. Empresas como a Petrobras, o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal entre outras  que seriam passadas nos cobres para grupos estrangeiros. A perda de controle dessas empresas pelo Estado acabaria com a possibilidade do Brasil ser um país desenvolvido.
Eles re-instalariam as políticas do mal-estar social implantadas no período 1995-2002, ou sádico-social, pois os economistas que a implantariam nasceram ricos, e as conseqüências da política neoliberal como o desemprego, aumento da pobreza e da violência social, nunca os atingiriam.

Os economistas vinculados ao projeto de Aécio Neves não implantariam  o imposto sobre grandes fortunas, para distribuir ainda mais a renda, não combateriam a sonegação fiscal, que deixa de pagar de impostos anualmente  na ordem de R$ 415 bilhões, feitas pelos empresários e banqueiros brasileiros; não aumentariam as alíquotas do imposto de renda para quem é muito rico, pois tem países que ela chega a atingir 50% da renda.
Pelo contrário, estarão a serviço do capital especulativo nacional e internacional, aumentando ainda mais o pagamento dos juros da dívida interna, verdadeira sangria ao povo brasileiro e fonte de ganhos para os 5% mais ricos do país.

Para fazer tudo isso, a ditadura midiática que ora vivemos tem de ser aprofundada, inclusive a repressão aos sindicatos e aos trabalhadores.

O que propõe Aécio Neves e seus economistas doutrinados em universidades estadunidenses é uma ameaça ao bem-estar social do povo brasileiro, principalmente os de origem negra, que mora nos bairros periféricos das grandes capitais. É sempre quem paga o pato quando políticas desse tipo são implementadas.

O que o Brasil precisa é aprofundar as reformas iniciadas pelo governo Lula e estendidas pela presidenta Dilma, com combate sistemático a pobreza, redução da desigualdade social, aumento do salário mínimo e dos salários em geral.

Quem vive e anda nas periferias das grandes e médias cidades brasileiras percebe que há ainda muito o que fazer. O Brasil, apesar de ter avançado muito nos últimos 11 anos, apresenta uma imensa faixa da população que precisa que o Estado ao invés de reduzir, aumente os gastos com custeio. Esses gastos vão para a rubrica da educação, saúde, transportes, segurança, entre outros serviços essenciais prestados pelo Estado brasileiro.
A política econômica defendida pelo candidato Aécio Neves de matriz neoliberal foi um retumbante fracasso no mundo inteiro. Os economistas do Aécio envelheceram, mas não aprenderam com o mundo real.

O neoliberalismo transforma os ricos em bilionários e os pobres em miseráveis.
Esse é o debate que deve ser feito pelo povo brasileiro, sindicatos e partidos progressistas, pois o que está em jogo é a democracia brasileira e o futuro do Brasil como nação.

A Brazilian Under Elite (não tem projeto de nação) tem saudades do tempo em que era carrasca do nosso povo.


·         Evaristo Almeida – Mestre em Economia Política – PUC-SP, Coordenador do Setorial Nacional de Transportes do PT 

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