Fernando Brito
Não é só a Eliane Cantanhêde que está irritada com o fato de o povão passado a ter podido viajar de avião no Brasil.
A Folha traz hoje uma matéria sensacional.
A chiadeira das empresas de ônibus por estarem perdendo passageiros.
Depois de décadas cobrando caro, atendendo mal às pessoas e investindo pouco ou nada, os empresários agora culpam o governo pela perda de passageiros para os aviões.
Que em nove anos (2005-2013) aumentaram 51,2 milhões (de 38,7 milhões para 90 milhões de viajantes domésticos, ou 132,5% a mais).
Enquanto o buzum perdia mais de 7 milhões de felizardos voadores.
Quer saber? É pouco.
Viaje o desinfeliz do Rio a São Luiz de ônibus.
Ou vá, como a nossa querida Dona Regina, até Belém para visitar as tias, para ver como dói.
Ou no povão não dói?
Tem promoção nos ônibus?
Este ano peguei um semi-leito para São Paulo e o bicho enguiçou em Rosal, na parada do lanche.
As empresas estão resistindo – na Justiça – a uma licitação que ponha fim à mamata das distribuições de linhas e ameaçam aumentar ainda mais os preços.
Eles adoram um capitalismo desde que o mercado seja só deles.
Deve ter sido grande a grita quando as ferrovias, nos Estados Unidos, a Wells Fargo deixar o negócio de diligências e passar para o transporte de valores, no qual se tornou uma gigante mundial. Aliás, ela própria entrou no negócio dos trens – negócio de trens aqui é complicado, vide São Paulo.
Só que aqui os assaltantes não roubam as diligências. São donos delas.
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