sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Após dois meses, MPL volta a liderar atos e pede que população não pague tarifa na sexta-feira

Organização promove semana de protestos em pelo menos 12 cidades do País

Thiago de Araújo, do R7
Protesto fechou M'Boi Mirim na segunda-feiraAlice Vergueiro/Futura Press/Estadão Conteúdo
Principal liderança durante as grandes manifestações dos meses de junho e julho deste ano, o MPL (Movimento Passe Livre) promove nesta semana uma série de atos em pelo menos 12 cidades do Brasil. O primeiro deles aconteceu nesta segunda-feira (21) em São Paulo, cidade que ainda tem outros três protestos marcados até sexta-feira (25). Em comum, eles têm a reafirmação de convicções sobre o transporte público e o convite à participação popular.
Uma das medidas sugeridas por lideranças do MPL ouvidas pelo R7 é que a população não pague a tarifa na próxima sexta-feira, quando acontece em São Paulo, às 17h, uma manifestação com concentração prevista para os arredores do Teatro Municipal, no centro da cidade. Será o desfecho de uma semana dedicada ao passe livre para todos os cidadãos. Segundo o MPL, a gestão do transporte público não está sendo colocada a serviço da população.
Os ativistas sugerem que as pessoas pulem as catracas dos ônibus e estações de metrô, entrem pela porta de trás dos coletivos, ou contem com a ajuda de motoristas e cobradores para serem transportados gratuitamente. É o que os coletivos chamam de “ação direta”, o que é definido pelo grupo Advogados Ativistas como “um meio de promover uma solução imediata a uma causa”.
Uma das principais líderes do movimento, que pediu para não ser identificada, lembrou que o MPL é um "movimento horizontal” e não quer esperar que algum grupo tome uma atitude.
— Enquanto a tarifa zero não se tornar uma realidade, nós não vamos ficar parados em um ponto de ônibus esperando a boa vontade dos políticos. É uma campanha para que as próprias pessoas não paguem a tarifa, elas não precisam esperar que o movimento faça isso, elas mesmas podem fazer isso, o que seria o máximo.
A mobilização acontece, além de São Paulo, no Rio de Janeiro, Florianópolis, Brasília, Vitória, Goiânia, Salvador, São Luis, Natal, Joinville, São Caetano e São José dos Campos. A líder do movimento ouvida pelo R7 justificou a semana de luta afirmando que o problema do transporte não mudou muito desde os protestos de junho e julho.
— Isso faz parte do nosso entendimento de que não é possível só consultar os empresários e se preocupar com o lucro deles sem consultar a opinião das pessoas. É um problema muito grande. Então, além da tarifa zero, é fundamental o controle popular do transporte, pelas pessoas que usam o transporte e que querem se locomover pela cidade, e não pelos empresários que andam de carro e helicóptero.
A possibilidade de o movimento gerar repressão por parte da polícia não assusta a líder do MPL.
— A repressão vem sempre, mas é isso. Não vamos baixar a cabeça por causa de meia dúzia de balas de borracha, não. Eles podem fazer isso, mas a luta para construir um mundo no qual acredita é uma ideia muito mais forte do que qualquer bomba. A repressão é lamentável, é a prova mais óbvia de que o Estado é opressor e está [aí] para reprimir qualquer tentativa de tirar a concentração dessas mesmas pessoas. Se a gente fosse temer a repressão, nem saía de casa e não fazia nada.

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