Dirigentes que representam um dos principais clientes diretos dos aeroportos de Galeão (RJ) e Confins (MG), que passarão à iniciativa privada por concessão, classificaram como positivo o resultado do leilão realizado na sexta-feira.
“É um dia de celebração. Ativos de primeira linha foram passados a empresas de primeira linha por um ágio de primeira linha”, disse o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) Eduardo Sanovicz.
“Um operador é asiático, com atuação no polo mais dinâmico da economia mundial, que vem ganhando sucessivamente prêmios de melhor operador mundial”, disse Sanovicz sobre a Changi Airport Group, que integra o consórcio Odebrecht. “E os outros são conhecedores de modelos d egestão no mercado mais maduro e experiente do mundo” disse o presidente da Abear sobre os integrantes operadores do consórcio CCR, o Flughafen Zürich e o Flughafen Munchen.
O representante da Abear foi escalado como porta-voz das quatro maiores companhias para falar formalmente em nome das empresas que transportam cem milhões de passageiros por ano e que têm a meta de atender 200 milhões de brasileiros em 2020.
“Esse evento é um vetor favorável para atingirmos nossa meta. Teremos modelos de gestão, de busca por eficiência, em linha com o que há de melhor no mundo”, disse o presidente da Abear.
Sanovicz admitiu que as taxas cobradas nos aeroportos privados podem subir na medida em que os novos operadores serão movidos pela busca da remuneração do capital investido. Mas ele aponta que a própria regulação do setor tende a frear exageros.
“Vamos viver cada vez mais um novo momento, em que a discussão passa a ser entre cliente e fornecedor”, afirmou o representante da entidade que responde pelos interesses de TAM, Gol, Azul, Avianca e Tap, no Brasil.
Já o diretor de uma das quatro maiores empresas disse que as tarifas tendem a subir, mas ficarão em patamares com os praticados nos maiores mercados do mundo. “Vamos ter taxas menores que as da Argentina e em linha com as dos Estados Unidos e da Europa.
O que não pode é vir cobranças antes de entregarem infraestrutura”, disse o executivo, que pediu anonimato porque não tem autorização formal para falar sobre o tema. Esse profissional ressaltou, entretanto, que a concessão dos aeroportos à iniciativa privada vai ajudar as aéreas a serem mais eficientes. “O que não dá para entender é por que não fizeram isso anos atrás”.
O Brasil tem 721 aeroportos, dos quais 130 são usados para aviação comercial. Desses, apenas 30 estão nas capitais. Dados compilados pela Abear com números do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Infraero, mostram que a demanda projetada pelas companhias aéreas para 2020 exigem investimentos de pelo menos R$ 42 bilhões nos próximos oito anos.
Estudo da Bain & Company aponta que a capacidade de transporte aéreo no Brasil cresceu 2,3 vezes mais que a dos aeroportos entre 2003 e 2012. A quantidade de brasileiros transportados nos voos domésticos saltou de 38 milhões em 2002 para 98 milhões de pessoas ano passado.
Hoje, os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e de Viracopos, em Campinas, operam acima da capacidade. E os terminais de Congonhas, em São Paulo, Galeão e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, de Confins, em Belo Horizonte, além do de Brasília, estão no limite da capacidade.
O presidente da Abear disse que um detalhe a ser criticado na concessão de Galeão e Confins, assim como em Viracopos e Cumbica, é o modelo que define o vencedor do leilão aquele consórcio que oferecer o maior valor de outorga, em vez de maiores tarifas.
“São recursos que estão indo para o cofre da União em vez de virar investimento”, disse Sanovicz. “Só hoje são R$ 21 bilhões que vão para o Fnac [Fundo Nacional da Aviação Civil]. Estamos prontos a ajudar nas discussões que levem ao melhor isso desses recursos no próprio setor”. Para os próximos leilões, defende o modelo que premia a menor tarifa em vez de a maior outorga.
Fonte: Valor Econômico, Por
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