terça-feira, 26 de novembro de 2013

Novo acidente afeta operação da ALL em SP

Trem tombado: nove vagões da concessionária carregados com milho descarrilaram na cidade de São José do Rio Preto. Edson Silva/Folhapress
O acidente nos trilhos da Malha Paulista da America Latina Logística (ALL), no domingo, é um dos mais graves da companhia no país desde seu início de operações em 1997.
Nove vagões que transportavam milho descarrilaram e atingiram residências em São José do Rio Preto (SP), deixando oito mortos, segundo informações da Polícia Civil, sendo uma criança, uma gestante e outros seis adultos.
A companhia afirmou em nota que não fez os cálculos de quais poderão ser suas perdas financeiras e que ainda não tem uma previsão do tempo que o trecho atingido pelo acidente ficará interrompido.
Por enquanto, a ALL diz que sua prioridade é o atendimento e suporte às vítimas e familiares, além da contribuição às autoridades para a investigação do caso.
Como o acidente ocorreu em uma das mais importantes malhas ferroviárias da empresa, responsável por cerca de metade de seu movimento por trilhos, é possível que a ALL tenha perdas com a redução das operações.
Estimativas preliminares dos analistas do Bank of America Merrill Lynch (BofA) indicam que cada semana de interrupção no trecho poderá representar redução de cerca de 1% no Ebitda consolidado anual da empresa.
“Os impactos financeiros do acidente ainda não estão claros. O que sabemos é que este trecho da ferrovia é parte da Malha Paulista e corresponde por aproximadamente 50% dos volumes ferroviários da ALL”, diz no relatório.
A empresa disse que ferrovia está interditada em um trecho que recebe cargas do Centro Oeste do com destino ao porto de Santos.
O trajeto completo da Malha Paulista, d porto às cidades de Santa Fé do Sul, Panorrama e Colômbia, soma 2.916 km – 22% do total de sua malha no país, de 12,9 mil Km.
A ALL contabiliza um extenso histórico de acidentes nas ferrovias sob sua gestão. Em 2010, nove pessoas morreram em um acidente envolvendo um trem de carga e um ônibus em Americana (127 km de São Paulo).
Em novembro de 2011, oito pessoas morreram e dezenas ficaram feridas em colisão entre um ônibus escolar e um trem de carga da ALL na Argentina, país em que a empresa operava até fevereiro.
Neste ano, em janeiro, o trecho que liga o interior de São Paulo à Baixada Santista ficou bloqueado por dois dias depois que duas locomotivas e 18 vagões carregados com açúcar e milho descarrilaram.
A ALL afirmou ao Valor que vem reduzindo o número de acidentes em suas malhas, mesmo com o crescimento de volumes transportados.
Segundo Pedro Albuquerque, superintendente de relações com investidores, a empresa investe R$ 700 milhões ao ano em expansão e manutenção ferroviária.
Em 2012, apenas em manutenção, conforme balanço da empresa, foram R$ 336 milhões – menos da metade.
No corredor do acidente ocorrido no domingo, a redução dos acidentes foi de 80% nos últimos anos e, desde 1997, foram trocados 1,4 mil km de trilhos, disse. “Fazemos um trabalho forte na detecção de possíveis problemas.”
A empresa está trabalhando com as autoridades para identificar as causas do ocorrido em São José do Rio Preto e considera precoce dar alguma indicação no momento.
De acordo com Albuquerque, a prioridade da empresa agora é prestar assistência às vítimas e familiares. Só depois, começará os trabalhos de limpeza e terá previsão de retomada das operações.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmou que vai apurar o acidente e que vai deslocar uma equipe de técnicos ao local.
Em reação à notícia, as ações da empresa tinham a maior queda do Ibovespa no início dos negócios de ontem, mas amenizaram as perdas.
Acabaram fechando o dia cotadas a R$ 7,77, uma queda de 1,67% em relação ao fechamento anterior. Enquanto isso, o Ibovespa caiu 1,02% na mesma comparação. No ano, apresenta queda de 7,04%.
O grave acidente de domingo é mais um dos problemas da ALL, que está no meio de uma disputa judicial com a Rumo Logística (grupo Cosan), devido ao rompimento de um bilionário contrato de transporte de açúcar do interior de São Paulo até o porto de Santos, em 400 km de trilhos da ferrovia.
A disputa foi parar na Justiça comum e em uma câmara de arbitragem. A ALL que o rompimento definitivo, alegando várias dificuldades para cumpri-lo. Por isso, sustou na Justiça o pagamento de dívidas à Rumo de R$ 195 milhões.
Controlada por BNDES, Previ, Funcep, BRZ e os empresários Wilson De Lara e Ricardo Arduini, em junho a empresa fez a terceira troca de presidente desde 2010. Em agosto, a Cosan suspendeu negociações para entrar no bloco de controle da concessionária.
Fonte: Valor Econômico, Por  Olivia Alonso. Colaboraram Fábio Pupo e Ivo Ribeiro

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