segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Mundo está a menos de 0,5°C do limite seguro para o aquecimento global

      
(Foto: Jay Mantri/Pexels-CC)
(Foto: Jay Mantri/Pexels-CC)
Em julho de 2015 perguntamos até quando aquele seria o mês mais quente da história. A resposta veio logo no mês seguinte, quando agosto se tornou o mais quente já registrado. Os recordes continuaram sendo batidos, e chegamos a 2016 com 14 quebras de recorde de temperatura consecutivas – fato que pode levar este ano a ser o mais quente da história, superando o anterior. E isso também não é novidade, afinal, os quinze anos mais quentes já registrados na história ocorreram neste século.
Isso ocorre em um cenário de apenas meio ano após a Conferência do Clima em Paris, a COP21 – que designou um acordo em que os países assumiram o compromisso de somar esforços para limitar o aquecimento global a 1.5º. É imprescindível, portanto, que se aliem as forças do avanço científico com o esforço de Estados, governos locais e regionais, academia, indústria e sociedade civil.
Em 2015, a temperatura média do planeta sofreu um aumento de 0,9°C em relação à do final do século 19, uma mudança gerada a partir das emissões de dióxido de carbono e outros gases nocivos à atmosfera. Há crédito para o El Niño que, segundo pesquisadores, é responsável por pelo menos 0,1°C da elevação da temperatura. Chegamos, portanto, à inédita marca de 1.05°C.

O recorde que não queremos quebrar

“A mudança climática de um ou dois graus centígrados pode soar como pouca coisa. No entanto, essa elevação que já tivemos resultou na duplicação dos dias e noites extremamente quentes em muitos países, bem como em tempestades sem precedentes, inundações, secas, crises alimentares, derretimento das capas glaciais e dos solos congelados, além da elevação do nível dos mares e submersão de grandes áreas de terra – alguns países já perderam ilhas e tiveram que resgatar seus habitantes”, ressalta a campanha encampada pelo Observatório do Clima em parceria com o Fórum dos Países Vulneráveis ao Clima; o GIP (Gestão de Interesse Público) e o PNUMA.
A campanha esclarece como 1.5ºC é a única meta segura de temperatura global que ainda podemos alcançar. Não cumprir essa meta trará riscos significativos à sobrevivência de nações-ilhas como Kiribati, Maldivas e Tuvalu, a regiões costeiras como o Delta do Mekong, Flórida e sul de Bangladesh e cidades costeiras como o Rio de Janeiro, Santos e Recife.
Segundo um estudo do Climate Central, com as emissões de gases se mantendo como estão hoje, o planeta poderia chegar ao aquecimento de 4ºC. Isso causaria a dilatação do oceano como resultado do aquecimento: o degelo e a degradação das calotas polares faria com que o nível das águas subisse, em média, 8,9 metros, provocando a submersão de áreas onde vivem 600 milhões de pessoas atualmente.
Por esse motivo, o cenário continua motivando líderes e campanhas em todo o mundo a potencializarem em suas mensagens a importância de tratarmos dos desafios da mitigação e adaptação dos gases do efeito estufa. Com a expectativa de que nos próximos 35 anos mais 1,2 bilhão de pessoas viverão nas cidades, é preciso pensar em transporte coletivo de qualidade, eficiência energética, gestão de água e resíduos, segurança e qualidade de vida. É necessário atender essa demanda com foco na única meta segura de temperatura global.

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