O Estado de SP
Do sítio da ANTP
O desabafo de uma profissional de relações públicas em seu perfil no Facebook se transformou em um alerta sobre a violência contra ciclistas em São Paulo. Thais Gramani Serra, de 27 anos, contou que foi agredida e teve sua bicicleta roubada enquanto pedalava pela ciclovia da Avenida Sumaré, na zona oeste de São Paulo, no último dia 10. O post, publicado no dia 18, tinha quase 2,5 mil compartilhamentos até o início da noite desta terça-feira, 23.
“Pedalava de volta para casa, como faço todos os dias. Fui ultrapassar um pedestre que estava andando no mesmo sentido que eu e não me representava ameaça nenhuma. Fui agredida por ele com uma arma no meu rosto (sim, uma coronhada) que me fez cair e desmaiar imediatamente”, contou Thais, que é ciclista há cinco anos e usa o meio de transporte diariamente para ir e voltar do trabalho.
Ela foi socorrida por pessoas que passavam pelo local e levada para o hospital por um motorista que parou para ajudar - “porque o serviço de resgate do Samu estimou uma hora para chegar ao local”, disse ela à reportagem.
“As dores que tenho no corpo, o dente que quebrei e os pontos que tomei na cara são as menores questões no momento. O ponto é que eu não fui a primeira nem a segunda e não serei a última. Isso acontece todos os dias na ciclovia da Sumaré.”
A Secretaria Estadual da Segurança Pública informou que o caso está sendo investigado, a vítima já foi ouvida e diligências estão sendo feitas para prender o autor do crime. “Na área em que ela foi roubada, as polícias detiveram 129 pessoas só nos seis primeiros meses do ano, graças a operações semanais para diminuir os crimes contra o patrimônio. Um desses presos foi reconhecido como ladrão de bicicletas na Sumaré.”
Caso parecido foi vivido pela modelo Tauanna Borazo Maia, de 25 anos, em 9 de maio - praticamente no mesmo ponto da Avenida Sumaré. “Eram 21 horas e eu voltava para casa. Fui abordada por dois adolescentes que me puxaram pelo braço, levaram a bicicleta e meus fones de ouvido”, contou ela, que pedala ao menos três vezes por semana desde o fim do ano. A bicicleta acabou localizada, cerca de um mês depois, abandonada em uma rua da zona norte.
Problemas. “Há alguns pontos ‘viciados’ na cidade. A ciclovia da Sumaré é um deles”, analisou o cicloativista Willian Cruz, editor do site Vá de Bike. “O principal problema é a falta de policiamento. Deveríamos ter policiamento ciclístico, com ronda na ciclovia, de um modo mais humano e próximo.”
Outra questão levantada por especialistas é a fraca iluminação da região. “É muito escura”, concorda Tauanna. “A Polícia Militar recomenda que a ciclovia tenha iluminação pública adequada e poda na vegetação, pois a sua falta facilita as ações criminosas”, acrescentou a Secretaria da Segurança, em nota.
“Infelizmente, com o aumento do número de ciclistas nós já imaginávamos que os assaltos iriam crescer”, ponderou o cicloativista Alex Gomes, professor de História da Arte e blogueiro do Estado. “Entretanto, seria fundamental uma conscientização sobre o mercado de vendas ilícito. É comum ver bikes roubadas à venda na internet.”
A Prefeitura informou por meio da assessoria de comunicação que avalia melhorias na iluminação do local, mas ponderou que é necessário reforço no policiamento da região.
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