Faixa de ônibus no Corredor Norte-Sul reduziu em 1,9 tonelada por dia a emissão de gás carbônico
DIÁRIO DO TRANSPORTE
Estudo do IEMA – Instituto de Energia e Meio Ambiente compara ano em que as vias não tinham o espaço para o transporte público com período seguinte
ADAMO BAZANI
Toda a ação em prol do privilégio ao transporte coletivo, por mais simples que seja, tem resultados imediatos na qualidade de vida da população, com tempos menores de deslocamentos, e também pela redução de emissão de poluentes.
É o que mostra um estudo realizado pelo IEMA – Instituto de Energia e Meio Ambiente, órgão que reúne especialistas do mundo acadêmico, independentes do poder público.
Segundo um comparativo feito pelo órgão e concluído em outubro do ano passado, em 37 linhas de ônibus que passam pelo Corredor Norte Sul, na capital paulista, a redução do consumo de óleo diesel foi de 756 litros por dia por causa da implantação da faixa para o transporte coletivo no local. Essa redução de consumo de óleo diesel significa, ainda de acordo com o instituto, que por dia os ônibus deixam de emitir nestas 37 linhas municipais aproximadamente 1,9 tonelada de gás carbônico.
O período de comparação foi entre setembro de 2012, quando não havia ainda a faixa, e setembro de 2013, já com o espaço para o transporte coletivo.
O IEMA levou em consideração para os cálculos o perfil de cada motorização de ônibus diesel, desde os mais antigos e poluentes até os de atual tecnologia Euro V, que geram menos poluição.
Na ocasião da pesquisa, passavam pelo Corredor Norte-Sul, 186 linhas de ônibus. Assim, a redução do nível de poluente por causa da faixa de ônibus é ainda maior.
Para escolher as linhas, os pesquisadores descartaram os serviços que passam por trechos pequenos da faixa do corredor da Avenida 23 de Maio, que têm intervalos muito longos ou que se tratam de serviços de reforço a trajetos já existentes.
As reduções da poluição e do consumo de diesel, segundo o estudo, estão intimamente ligadas ao melhor desempenho dos ônibus, com o aumento da velocidade. Em setembro de 2012, nos horários de pico da manhã e da tarde, a velocidade média comercial dos ônibus era de 13,8 km/h. No mesmo mês, em 2013, essa média subiu 16,8 km/h, aumento de 21,7%.
O estudo mostra ainda reduções no tempo de viagem e das emissões de poluição em linhas que passam por outras faixas, como na Radial Leste e na Avenida Brigadeiro Luís Antônio.
Segundo levantamento, se em vez de faixas, que sofrem interferências maiores de cruzamentos e invasão de outros veículos, houvesse BRT – Bus Rapid Transit – corredores de ônibus de fato, os ganhos de velocidade e ambientais seriam maiores ainda.
A Radial Leste e o Corredor Norte Sul estão entre as vias que foram incluídas na promessa de campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, de entrega de 150 quilômetros de corredores até o final do mandato, em 2016.
Oficialmente, a prefeitura diz que 51,9% do plano registraram avanços. Mas na prática, somente 2,3 quilômetros, ou 1,5% da meta de fato saíram do papel.
Além de falta de recursos, a prefeitura de São Paulo enfrenta dificuldades em relação à qualidade dos projetos e até mesmo suspeitas de sobrepreços levantadas em auditorias do TCM – Tribunal de Contas do Município e TCU – Tribunal de Contas da União.
No início deste mês, o TCU barrou a licitação de trechos de corredores, inclusive da Radial Leste, por suspeita de sobrepeço na ordem de R$ 65,8 milhões. Confira em:
Trechos de corredores da Radial Leste, da Avenida Salim Farah Maluf, e do corredor Perimetral/Itaim/São Mateus, totalizando 44,4 quilômetros foram suspensos pelo TCM por suspeita também de sobrepreço
Ainda em relação aos ganhos ambientais das faixas e dos corredores, os especialistas apontam para a adoção de veículos com tecnologias limpas, como trólebus e ônibus elétricos, para ampliar as reduções.
No Corredor Metropolitano ABD, a presença de cerca de 80 trólebus no trajeto entre São Mateus e Jabaquara, passando por municípios do ABC Paulista, permitiu que fossem lançadas 9 mil toneladas de gás carbônico no meio ambiente.
Confira em:
Às vésperas da licitação que deve remodelar o perfil das linhas e da frota pelos próximos 20 anos, uma das reivindicações de movimentos ligados ao meio ambiente é a colocação no edital de um cronograma para a ampliação de ônibus que poluam menos. A Lei de Mudanças Climáticas, de 2009, previa uma troca gradual de 10% da frota por ano até que, em 2018, nenhum ônibus da capital paulista dependesse de combustíveis fósseis.
Além de a lei não ter sido cumprida, a chamada Ecofrota, que inclui os ônibus menos poluentes encolheu 64% desde sua criação em 2011 até este ano.
Confira em:
A íntegra do estudo do IEMA pode ser conferida neste link:
Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes.
FOTO:
Ônibus na 23 de maio. Faixa, de acordo com estudo, é exemplo de que todo o investimento em transporte urbano tem um resultado direto e imediato na qualidade de vida. Foto: Hoje São Paulo
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