Empresa de Planejamento e Logística (EPL), criada para acelerar os investimentos no setor de transporte, vai contratar no ano que vem um estudo sobre os gargalos de infraestrutura do Brasil.
A ideia é que o trabalho seja feito em um ano e meio e apresente um retrato preciso da situação logística no país. Um acordo de cooperação será firmado com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), vinculado ao Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, para a execução do trabalho.
Até lá, a EPL vai trabalhar com as pesquisas realizadas pelo próprio Ipea ou estudos como o Brasil Competitivo, da Confederação Nacional da Indústria, para a definição de projetos. “Nos próximos dezoito meses vamos trabalhar na produção do primeiro plano de logística integrada do país”, diz o presidente da EPL, Bernardo Figueiredo.
“Uma das ideias é contratar uma ampla pesquisa dos eixos rodoviários para determinar qual a rota usada pelos caminhões e que critérios os caminhoneiros adotam para driblar as dificuldades que surgem nas estradas. Paralelamente a isso, será levantada toda a rede de infraestrutura existente – rodovias, portos, hidrovias e aeroportos – e criado um sistema integrado de identificação dos pontos críticos que orientem as ações governamentais.”
A EPL, que vai assumir o papel de empreendedor dos projetos até que a concessão seja concluída, para acelerar as obras de infraestrutura, já começou a mapear as dificuldades no traçado de algumas rodovias e ferrovias previstas no pacote de investimentos públicos e privados de R$ 133 bilhões para o setor de transporte, na tentativa de encontrar formas que evitem conflitos ambientais.
A intenção é dar maior agilidade ao licenciamento dos projetos no Ibama e nos órgãos ambientais estaduais e municipais. Os primeiros empreendimentos que serão coordenados por essa nova modalidade serão os de duplicação das rodovias BR-146, que é ligará as regiões do Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e Sul de Minas com o porto de Santos e o litoral paulista, e da BR-040, em Minas Gerais.
“Vamos avançar onde for possível para acelerar as obras”, afirmou Figueiredo. “A grande novidade que a EPL está encaminhando é para que a ação do governo deixe de ser reativa e se torne preventiva. Hoje, quando o governo anuncia uma ação, leva-se dois anos para que ela aconteça. “
O presidente da EPL espera que até o fim deste mês fique pronta a proposta de investimentos nos portos do país que está sendo formulada por uma força tarefa do governo, sob a coordenação da Casa Civil da Presidência da República e do Ministério dos Transportes. O anúncio do pacote deve ser feito em novembro.
O objetivo é lançar uma série de ações que promovam a adequação dos portos existentes e a instalação de novos. Como no caso das rodovias e ferrovias, a proposta deve prever iniciativas públicas e concessões. A estimativa de investimento é de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões.
Um estudo do Ipea aponta que a necessidade de investimento nos portos do país é de R$ 45 bilhões. O trabalho aponta ainda que 17 dos 20 principais aeroportos brasileiros estão em situação crítica ou preocupante e que oito dos onze aeroportos nos quais estão previstos investimentos nos terminais de passageiros por conta da Copa do Mundo de 2014 estão nas fases iniciais dos projetos.
“Em 2006, quando houve problema nos aeroportos, criou-se uma onda de terrorismo dizendo que a situação estava crítica. Nada foi feito, mas o mundo não acabou”, afirma Bernardo Figueiredo.
“Nenhum aeroporto do mundo está livre de filas nos momentos de pico. Se houver um superdimensionamento da estrutura para os momentos de pico, 90% dela ficará ociosa nos momentos que não são de pico. Eu não acho que está tendo atraso. É melhor uma boa decisão do que uma decisão apressada. “
Fonte: Valor Econômico, Por Paulo Vasconcellos
Nenhum comentário:
Postar um comentário