quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Sindicato se reúne com secretários de Doria para discutir eventual extinção de cobradores

demissão cobradoresPresidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, à direita, secretário de Transportes, Sergio Avelleda (centro) e secretário municipal de Governo, Julio Semeghini (esquerda)

De acordo com a entidade sindical, representantes da prefeitura garantiram que não haverá demissões na categoria
ADAMO BAZANI
Diário do Transporte
Uma eventual retirada dos cobradores de ônibus do sistema municipal da capital paulista despertou polêmica entre trabalhadores, empresários e usuários dos transportes.
Após veiculação de notícias no início desta semana sobre projeto da prefeitura de cobrar mais caro a passagem de quem paga em dinheiro, o que estimularia a migração dos 6% dos passageiros que ainda usam cédulas e moedas para a bilhetagem eletrônica, o prefeito de São Paulo, João Doria confirmou a possibilidade durante uma viagem de surpresa na linha 6450, entre a zona sul da capital paulista e o centro, em entrevista coletiva.
“Gradualmente, com o tempo, é possível que isso venha a ocorrer [extinção do cobrador], mas sem desemprego. Nós estamos solicitando que as empresas capacitem os cobradores para serem motoristas”
Diante da repercussão, nesta terça-feira foi feita uma reunião entre sindicalistas e secretários de Doria.
O encontro reuniu a diretoria do Sindmotoristas – Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo, o Secretário Municipal de Governo, Julio Francisco Semeghini Neto, o secretário de Assuntos Governamentais, Milton Flávio, e o Secretário Municipal de Transportes e Mobilidade, Sérgio Avelleda.
De acordo com a entidade sindical, os secretários descartaram demissões na categoria.
“A conversa foi positiva e tranqüilizou os companheiros cobradores, já que o Governo Municipal deu garantias de que demissão na categoria está fora de cogitação”. – disse em nota, o presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa.
Uma nova reunião deve ser realizada no próximo dia 16 de fevereiro.
O líder sindical também lembrou que atualmente a extinção dos cobradores está proibida pela justiça.
“Uma lei fora de propósito foi aprovada na Câmara dos Vereadores concedendo plenos poderes para que as empresas não precisassem contratar cobradores, mas o Sindicato derrubou isso na Justiça que  ficou do lado dos trabalhadores, dando parecer favorável em todas as instância, inclusive na Suprema Corte, em Brasília, garantiu a permanência desses profissionais dentro dos ônibus. Foi uma vitória que serviu de exemplo para outras localidades. Na cidade de São Paulo, ônibus tem cobrador”.
Segundo estimativas da própria SPTrans – São Paulo Transporte,  gerenciadora do sistema da capital paulista, hoje os cobradores representam impacto de R$ 900 milhões nos custos do sistema por ano, mas arrecadação pelo pagamento em dinheiro é de R$ 300 milhões, o que deixaria déficit de R$ 600 milhões.
Atualmente, de acordo com dados da SPTrans e SPUrbanuss, a maior parte das viagens é feita pela integração com sistema de trilhos (Metrô e CPTM), que é bilhetagem eletrônica. O dinheiro representa apenas 6% do total pago. Confira:
– Integração com os trilhos: 37%
– Bilhete Único comum unitário: 14%
– Idosos e deficientes (gratuito): 13%
– Vale-Transporte do trabalhador: 12%
– Passe Livre estudantil (gratuito): 12%
– Bilhetes únicos temporais: 6,9%
– Pagamento em dinheiro: 6%
– Escolar (meia tarifa): 1,3%.
Ainda de acordo com o SPUrbanuss e a SPTrans, os cobradores representam 10% dos custos do sistema, sendo que:
– Motoristas: 33%
– Manutenção e combustível: 29%
– Tributos e encargos: 15%
– Cobradores: 10%
– Infraestrutura: 9%
– Lucro das empresas: 5%

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