Revista Ferroviária
14/02/2017 - Plantão RS
Um grupo de investidores chineses fez uma proposta tentadora para o Governo Federal, a de assumir a concessão da Trensurb por 30 anos e investir R$ 1 bilhão em mobilidade urbana no Rio Grande do Sul. As informações sobre a proposta de concessão da empresa federal foram publicas nesta terça-feira (14), pelo Metro Jornal, do Grupo Bandeirantes.
Em contrapartida, a CREC (sigla em inglês para China Railway Engineering Group Corporation) transformaria a mobilidade de Porto Alegre e Região Metropolitana. Seriam criadas oito linhas de aeromóvel, entre elas uma que pode substituir o metrô porto-alegrense, projeto que perdeu as verbas previstas pelo Governo Federal. O investimento chegaria a R$ 1 bilhão, segundo a Aeromóvel do Brasil, responsável pela ligação já existente entre o Aeroporto Salgado Filho e a Estação Anchieta da Linha 1 da Trensurb.
Conforme o Metro, a proposta da empresa foi recebida positivamente pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Ainda não há definição se os planos asiáticos vão sair do papel. Não há prazos, mas a proposta é concreta, identificando os locais onde poderiam ser construídas as conexões com a linha principal já existente.
A empresa chinesa conta com a vontade do Governo Federal de privatizar a Trensurb. A empresa de economia mista é considerada deficitária pela União. Além de ter alto custo de operação com a circulação de trens construídos em 1985 e novas composições, compradas em 2014 com uma série de defeitos, a tarifa é, em parte, custeada pelo Governo Federal, para se manter atrativa à população.
O governo vê na venda ou cedência da companhia por algumas décadas uma solução para três problemas: o déficit gerado pela venda de passagens a baixo custo, a necessidade de investimento em modernização e reforma das estações e, ainda, a necessidade de ampliação do serviço de transporte público.
Outro fator levado em consideração é o custo das obras. Uma linha de aeromóvel sairia, segundo o Ministério das Cidades, oito vezes mais barata que se fossem construídas estruturas de metrô ou trem de superfície. O custo da obra das duas linhas do Aeromóvel de Canoas é avaliado em R$ 80 milhões.
A proposta chinesa
Segundo a proposta da CREC, as linhas seriam construídas em pontos em que não há atendimento da linha 1 da Trensurb. A primeira linha do aeromóvel ligaria o Mercado Público ao Terminal Triângulo, via avenidas Cairu e Assis Brasil, substituindo a custosa obra da linha 2 do metrô. Uma segunda parte da linha faria a conexão entre a estação Farrapos e a avenida Cairu.
Outra proposta é levar o aeromóvel do Triângulo até Cachoeirinha e, de lá, uma nova conexão levaria os passageiros até Gravataí. Do terminal da zona Norte de Porto Alegre também sairia, pela proposta, uma outra linha que seguiria pela avenida Baltazar de Oliveira Garcia em direção a Alvorada.
Mais duas linhas propostas iriam percorrer as zonas Sul e Leste. Uma delas é prevista para ligar a avenida Ipiranga em toda a sua extensão, passando pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e PUCRS, até Viamão. A outra é prevista para o trecho entre o Mercado Público e o bairro Tristeza, na zona Sul de Porto Alegre, passando pelas avenidas Borges de Medeiros, Padre Cacique, Chuí, Icaraí e Wenceslau Escobar.
Na Região Metropolitana, o grupo chinês iria continuar as obras do Aeromóvel de Canoas, suspensas pela Prefeitura Municipal devido ao alto custo de construção. Pela proposta da Aeromóvel do Brasil, até então responsável pela obra, estão previstas a ligação dos bairros Mathias Velho e Guajuviras com a estação de trem que leva o nome do primeiro bairro e a ligação do Centro com a Ulbra, no bairro São Luís.
Outra linha faria, ainda a já projetada segunda ampliação da linha 1 da Trensurb, que não saiu do papel. Pela proposta, a CREC construiria uma nova linha de aeromóvel ligando Campo Bom, no Vale do Sinos, com a estação Novo Hamburgo.
Ao concluir todas estas obras, a empresa chinesa quer poder transportar 25% da população da Região Metropolitana de Porto Alegre, cerca de 1,04 milhão de pessoas por dia.
A CREC
A CREC (China Railway Engineering Group Company) é a maior construtora do mundo, tendo construído o TGV chinês (Trem de Grande Velocidade) e a ferrovia Transiberiana, entre os dois extremos da Rússia. A empresa também é responsável por elaboração de estradas e outras obras de engenharia na Ásia.
Se confirmada a concessão da Trensurb (que preferiu não comentar o assunto) para a gigante chinesa, a CREC prevê criar 3.000 empregos diretos e indiretos. Os chineses também avaliam, depois de instalados no Estado, construir sistemas de transporte entre Canela e Gramado, na Serra gaúcha, e em Rio Grande, na região Sul, além de outras cidades brasileiras.
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