quarta-feira, 4 de maio de 2016

Vídeo revela trens sem uso pelos quais Alckmin pagou R$ 630 milhões

METRÔ


"Você compraria dois carros com objetivo de usar um e deixar o outro parado em casa? Não, ninguém faria isso", ressaltou o presidente do Sindicato dos Metroviários. Trens estão na Linha 5-Lilás
por Rodrigo Gomes, da RBA publicado 10/04/2016 10:34, última modificação 10/04/2016 11:36
SINDICATO DOS METROVIÁRIOS
linha 5
Composição P16, da Linha 5-Lilás, é uma das que está estacionada ao longo da via, sem utilização
São Paulo – Vídeos produzidos pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo mostram uma frota de trens comprados pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), a partir de 2013, para atender aos usuários da Linha 5-Lilás do Metrô, que liga o Capão Redondo a Adolfo Pinheiro, na zona sul da capital paulista, que segue sem uso e fica estacionada ao longo do trecho de circulação. Nas imagens é possível identificar 12 dos 26 trens da frota P, comprados por R$ 630 milhões, mas que nunca foram colocados em serviço porque o sistema de operação é incompatível com o sistema das vias. Parte dos trens está parada no Pátio Capão Redondo.
As composições identificadas nos vídeos são: P21, P12, P34, P15, P22, P10, P19, P16, P20, P11, P18 e P02. Não é possível ver a identificação de alguns trens. Segundo os metroviários, há ainda dez trens da frota P parados na fábrica da CAF, em Hortolândia, interior de São Paulo. “O governo Alckmin paga aluguel para a empresa para manter essas composições lá. Mas não há transparência sobre quanto é pago, nem há quanto tempo”, disse o presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres Júnior.
O motivo de o governo Alckmin ter adquirido esses trens sem ter como utilizá-los é objeto de investigação do Ministério Público Estadual, desde o ano passado. “Você compraria dois carros com objetivo de usar um e deixar o outro parado em casa? Talvez quando quebrasse uma peça de um ir lá retirar do outro? Não, ninguém faria isso. Então o governador precisa explicar por que comprou composições sem perspectiva de uso”, afirmou Altino.
Outra preocupação dos trabalhadores é que a garantia das composições é de quatro anos, mas, como eles não foram usados, perderam-na. Tem havido oxidação e desgaste na parte externa dos trens, por conta da exposição às intempéries. Além disso, componentes sem uso se degradam, levando à possibilidade de os trens apresentarem falhas quando começarem a ser colocados em uso.
linha5
“É dinheiro público jogado fora. Não tem planejamento, não tem prioridade ao transporte público. Agora precisa ver qual foi o objetivo de gastar tanto dinheiro em uma coisa que não poderia ser utilizada pela população”, afirmou Altino, cobrando apuração do caso.
A ferrovia está sendo construída desde 1998, quando era a Linha F da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Após inúmeras alterações no prazo de entrega das 17 estações, que vão ligar o Capão Redondo à Chácara Klabin, integrando-se com a Linha 2-Verde, a previsão atual de conclusão é 2018. Nem mesmo o pátio de estacionamento Guido Caloi, que abrigaria a frota P, foi concluído.
A Linha 5-Lilás transportou 269 mil passageiros por dia, em média, em 2015. E o atendimento é feito por oito trens da frota F, de 2001. Embora o trecho seja curto, com sete estações e 9,6 quilômetros de extensão, não tendo condições de receber muitas composições, o principal problema é que os trens da frota F operam como o sistema ATO, incompatível com o sistema CBTC dos trens novos da frota P. A principal diferença é que o CBTC permite reduzir a distância entre os trens, agilizando a circulação.
Procurado, o Metrô não se manifestou.
Abaixo, os vídeos revelando as composições inoperantes pelas quais o governo Alckmin gastou R$ 630 milhões e ainda não há previsão de quando poderão atender à população.
Saiba mais:

Nenhum comentário:

Postar um comentário